“Bordado, Cerâmica, Cutelaria: diálogos nas Caldas da Rainha” foi o livro lançado no passado sábado no Centro de Artes das Caldas da Rainha. É uma obra que representa os ofícios predominantes do território caldense.
Resulta da exposição “Produção artesanal portuguesa: a atualidade do saber-fazer ancestral”, que fez parte do Programa Saber-Fazer, implementado pela Direção-Geral das Artes com o objetivo de salvaguardar e reconhecer o setor das artes e ofícios tradicionais através da criação de um repositório digital com informação sobre a produção artesanal nacional, de organização de laboratórios, oficinas e da realização de atividades pedagógicas que valorizem as técnicas tradicionais. O Programa conta com o financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
A obra reúne informação sobre o Laboratório de Intervenção Territorial que decorreu na cidade das Caldas da Rainha, acompanhado pela exposição itinerante.
“Numa profícua parceria com o Município de Caldas da Rainha foram sinalizadas três áreas de produção artesanal que marcam a região: o Bordado das Caldas da Rainha (ou Bordado Rainha D. Leonor), a Cerâmica e a Cutelaria artesanal. É em torno destas três atividades que é desenvolvido este lugar de encontros, desenhado com a participação de diferentes interlocutores de variadas áreas, tendo como preocupação dar voz aos profissionais detentores do conhecimento técnico, mas também a representantes da produção, distribuição e comercialização dos produtos que desenvolvem, nas atividades em destaque nesta mostra”, descreveu o Diretor-Geral das Artes, Américo Rodrigues, presente nesta cerimónia, a par da vereadora da Cultura da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Conceição Henriques.
O livro “Bordado, Cerâmica, Cutelaria: diálogos nas Caldas da Rainha” conta com textos de Ana Pires sobre o bordado das Caldas da Rainha, Margarida Araújo sobre a área da cerâmica e Carlos Norte sobre cutelaria, e ainda de Jorge Murteira, Ana Botas, Maria João Ferreira, Abílio Nascimento, Kathi Stertzig, Ana Marta Clemente, Américo Rodrigues e Conceição Henriques.
De acordo com Ana Pires, especialista em têxteis portugueses, “o bordado das Caldas da Rainha é um dos mais identificáveis bordados portugueses, extremamente original”.
A análise da historiadora Margarida Araújo sobre a cerâmica da região, sublinha que “podemos atestar que na história da cerâmica caldense existiram diversos processos de produção entre as olarias que forneciam as peças, sobretudo de cariz utilitário: talhas, bilhas, moringues, canjirões, garrafas, canecas, alguidares, potes, tabuleiros, meleiras, almotolias, diversas tipologias para múltiplas funções”.
Sobre a cutelaria, o mestre Carlos Norte identifica as Caldas da Rainha, nomeadamente Santa Catarina e a vizinha Benedita, como uma das zonas do país com tradição de forja, onde habitualmente se produzem ferramentas como machados, foices, enxadas e outras ferramentas de corte.
A exposição “Produção artesanal portuguesa: a atualidade do saber-fazer ancestral” foi inaugurada no dia 23 de março na cidade das Caldas da Rainha, a primeira que a acolheu em território nacional.
O objetivo desta exposição é demonstrar a produção artesanal tradicional como uma forte componente da identidade de uma cidade. Deste modo, foi realizado um laboratório de intervenção territorial onde se questionou e debateu sobre os ofícios predominantes do território caldense: o bordado, a cerâmica e a cutelaria.
Esteve presente entre maio e junho em Odemira, onde se realçou a construção de violas campaniças e produção de peças de fibras vegetais silvestres, com destaque para o esparto.
O próximo destino será Ponte de Sor, a partir do dia 7 de dezembro, onde se dará destaque à cortiça.
Américo Rodrigues espera que a exposição se mantenha em vigor em várias zonas do país, uma vez que dá um contribuído para a valorização das artes e ofícios que se fazem em Portugal.
Após a apresentação do livro foi realizada a celebração do São Martinho e São Castanhas pela CENTRA – Associação dos Amigos do Centro de Artes, onde se disponibilizou sopa do entulho e castanhas assadas a todos os presentes, com um forno comunitário construído pelo próprio grupo.
A sopa do entulho é feita com chouriça, couve, nabo, cenoura, batata, massa e carne de vaca.
Seguiu-se uma apresentação do Coro Social do Bairro, um grupo de cantares em português, com três canções e com a direção nesta apresentação do maestro Américo Afonso Granjo, terminando assim as festividades. Os próximos eventos da CENTRA serão o “Domar o Fogo”, em março, e uma feira de cutelaria no Centro Cultural e de Congressos no final do mês de junho.
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