O Primeiro-Ministro fez na passada segunda-feira uma deslocação a Peniche para ver três projetos que envolvem investimentos de milhões de euros. Participou na abertura do Pavilhão Multiusos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários, conheceu os planos do Polo de Peniche do Hub Azul da Associação Smart Ocean e esteve na inauguração da nova unidade de transformação de pescado fresco da Omni Fish.
Acompanhado pelas secretárias de Estado do Mar, Lídia Bulcão, e das Pescas, Cláudia Monteiro de Aguiar, e pelo secretário de Estado da Administração Interna, Telmo Correia, na inauguração do pavilhão multiusos dos bombeiros Luís Montenegro disse que o Governo está “muito empenhado em assegurar o apoio às famílias dos bombeiros que perderam a vida”, tendo “em marcha com muita rapidez os processos para termos uma compensação que nunca será a devida”.
Por outro lado, “menos de um mês depois dos incêndios já estamos a pagar as compensações para que as pessoas possam levantar-se e projetar o futuro», afirmou o Primeiro-Ministro, acrescentando que o Estado tem “em marcha, já no terreno, as ajudas à reconstrução da vida das pessoas que foram afetadas”: as que perderam a casa ou o trabalho, seja na agricultura, na floresta, nos serviços, na indústria.
Em resposta ao presidente da Câmara de Peniche, que elencou um conjunto de situações que precisam de resolução, ao nível da saúde, educação e habitação, Luís Montenegro referiu a disponibilidade do Governo para acompanhar as autarquias na resolução dos problemas das pessoas, apontando que construção do Hospital do Oeste está incluída nos investimentos para avançar e sublinhando o facto de a região de Leiria ser “uma das primeiras que vai experimentar as Unidades de Saúde Familiar modelo C”.
O discurso no púlpito foi aproveitado pelo Primeiro-Ministro para deixar um recado implícito ao presidente do Chega. André Ventura acusou Luís Montenegro de faltar a um acordo apalavrado para viabilizar o Orçamento de Estado. O governante respondeu que nos últimos dias foram levantadas “questões menores”, que visam “distrair a opinião pública”, mas que “não interessam a ninguém a não ser aos próprios” autores, e mesmo assim “o tempo dirá que é no seu próprio prejuízo e na sua própria descredibilização”.
Garantiu que “o Governo mantém-se firme em responder aos reais problemas das pessoas”.
O novo pavilhão dos bombeiros representa um investimento de 2,8 milhões de euros que vai estar ao serviço da comunidade para a realização de eventos públicos, privados e atividades do Município, constituindo uma fonte de receita. Um protocolo estabelece que a autarquia pague seis mil euros por mês à associação.
Com cinco mil metros quadrados de área coberta, o pavilhão foi construído junto ao quartel dos bombeiros Dispõe de uma nave central ampla de cerca de quatro mil metros quadrados, um auditório com cerca de 80 lugares sentados e, no primeiro piso, galerias para exposições. A associação recorreu a um empréstimo bancário de 2,4 milhões de euros a trinta anos.
Economia azul
O Primeiro-Ministro visitou também o polo de investigação de Peniche do Instituto Politécnico de Leiria, onde foi apresentado o projeto do Parque de Ciência e Tecnologia.
A Associação Smart Ocean, entidade gestora do Polo de Peniche do Hub Azul, celebrou em julho o auto de consignação da empreitada do edifício Smart Ocean Open Labs, dando início à construção de uma infraestrutura física que servirá de suporte ao empreendedorismo, inovação e desenvolvimento tecnológico da economia azul. Num investimento total superior a seis milhões de euros, financiado pela Comissão Europeia, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a obra está prevista terminar em dezembro de 2025.
A ser edificado no Porto de Pesca, perto do edifício Cetemares, do Instituto Politécnico de Leiria, que alberga a unidade de investigação MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, o Polo de Peniche do Hub Azul consolidará o ecossistema de inovação e conhecimento para a economia azul existente na região Oeste, e proporcionará um contexto de atratividade de empreendedores e de investimento, bem como a criação de emprego qualificado.
O Smart Ocean Open Labs terá uma área de implantação de 1.495 metros quadrados, correspondendo a uma área bruta de construção de 3.097 metros quadrados, distribuída por dois pisos acima do nível do solo. O edifício disponibilizará um espaço de 1.230 metros quadrados para acolhimento empresarial, correspondente a módulos startup (970 metros quadrados) e a escritórios (260 metros quadrados). Os módulos startup serão especificamente definidos para o acolhimento de empresas da área da aquacultura, biotecnologia e inovação alimentar. As divisões entre as diferentes salas poderão ser modulares, possibilitando uma adaptação dos espaços às necessidades das empresas interessadas.
Os espaços de acolhimento empresarial serão complementados com espaços de apoio I&D+i (180 metros quadrados), dotados de equipamentos científico-tecnológicos, para utilização por parte de empresas que fiquem sediadas no Smart Ocean Open Labs.
“Não há uma birra fiscal”
Na inauguração da nova unidade de transformação de pescado fresco da Omni Fish, Luís Montenegro explicou que as intenções do Governo para o Orçamento de Estado não são “uma birra “e que irá dialogar com os partidos para concretizá-las.
“A política fiscal é um instrumento de política económica”, disse, acrescentando que o plano do Governo é “que se pague menos impostos sobre o rendimento do trabalho e em particular do trabalho dos jovens, que se tribute menos o rendimento das empresas para que possam pagar melhores salários e ter meios para alavancar investimentos”. E, apesar de saber que terá de fazer “uma aproximação com os outros partidos do Parlamento para podermos executar este plano, já que não tenho maioria absoluta”, vincou que “o plano é este”.
“Para haver sucesso, para haver crescimento, para haver riqueza têm que colaborar todos, têm que colaborar os poderes públicos, têm que ter sentido responsabilidade, têm que saber perspetivar o futuro, têm que aprovar orçamentos do Estado e têm de prosseguir políticas amigas das empresas e amigas dos trabalhadores”, afirmou.
A nova unidade da Omni Fish vai preparar e transformar em filete o pescado fresco e representa um investimento entre oito e nove milhões de euros. Com financiamento no âmbito do programa comunitário Mar 2030.
Com a nova fábrica, a empresa vai criar cerca de sessenta novos postos de trabalho, a juntar aos atuais cem.
Luís Montenegro disse que esta empresa é um exemplo, pois junta a exploração e a preservação dos recursos naturais marinhos com a criação de condições para um meio ambiente mais sustentável, a comercialização, a investigação e a indústria, com o emprego que cria, e o contributo que dá para a economia.
Nesta visita a Peniche o Primeiro-Ministro nunca respondeu a perguntas da comunicação social. “Já falei tanto hoje”, disse, quando foi questionado pelos jornalistas no final da deslocação.
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