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“Casa da Rainha” deu nova vida a duas pessoas em situação de vulnerabilidade social

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Inaugurada em maio de 2021, a Casa de Transição de Apoio aos Sem-Abrigo tem albergado dois homens, que estavam em situação de elevada vulnerabilidade social e que aqui encontraram uma estabilidade que lhes “devolveu” a vida.

Inaugurada em maio de 2021, a Casa de Transição de Apoio aos Sem-Abrigo tem albergado dois homens, que estavam em situação de elevada vulnerabilidade social e que aqui encontraram uma estabilidade que lhes “devolveu” a vida.

Alberto Barbosa, de 69 anos, e Valter Periquito, de 47 anos, são os dois moradores desta casa, que lhes permitiu poder encarar o futuro com bons olhos. Um já está reformado e o outro trabalha no município das Caldas.

O projeto Casa da Rainha, desenvolvido pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha e pela associação Viagem de Volta, consiste num espaço habitacional que, além de alojamento, garante um acompanhamento regular com os técnicos sociais, até à sua desejável autonomia

Este foi um projecto-piloto nas Caldas da Rainha, totalmente suportado pelos dois parceiros.

A autarquia disponibilizou uma habitação composta por dois quartos, sala, cozinha e WC. O protocolo assinado previa ainda que o município comparticipasse com 900 euros mensais os custos de acompanhamento dos novos habitantes da casa de transição. Tem sido a Viagem de Volta a assegurar que nada falte aos dois ocupantes.

Os ocupantes, ao integrarem o programa, comprometeram-se a cumprir as regras existentes, nomeadamente de convivência, sendo responsáveis pela manutenção e limpeza da casa. Não é permitido também o consumo de álcool ou de drogas.

Nesta casa, os dois homens encontraram as condições adequadas de conforto, higiene e segurança, assim como de acompanhamento individualizado, ao nível da autonomização e treino de competências pessoais e sociais.

Tendo em conta a situação do mercado de arrendamento nas Caldas da Rainha e a situação destas pessoas, optou-se por os manter nesta casa de transição durantes estes anos. Apesar de já terem a sua situação estabilizada, não têm ainda condições para terem casa própria. Desta forma, evita-se que se crie de novo um problema social com estas pessoas.

Como parceiro desta iniciativa, foi escolhida a associação Viagem de Volta, com sede nas Caldas da Rainha, que desenvolve a sua atividade há vários anos na área dos comportamentos aditivos, através da resposta de comunidade terapêutica e que, segundo uma nota de imprensa da autarquia em 2021, “tem vindo a constituir-se como parceira fundamental no trabalho que se desenvolve no âmbito do levantamento e caracterização desta população”.

Segundo Sara Silva, diretora técnica da associação, das duas pessoas que “inauguraram” o espaço, só se mantém Alberto Barbosa. O outro indivíduo optou por sair passado alguns meses, depois de ter tido uma recaída no consumo de álcool, e acabou por falecer passado algum tempo.

Ao fim destes anos, o acompanhamento no local passou a ser mais espaçado, mas os utentes têm contado sempre com os técnicos para os problemas que surgem.

Uma casa que os salvou

Valter Periquito entrou na Casa da Rainha na noite de Natal de 2021. Na altura, com 44 anos, morava numa casa em Tornada, onde já não tinha eletricidade ou gás, por não ter dinheiro para pagar. “A melhor sensação foi a de saber que podia tomar um banho de água quente, o que já não fazia há seis meses”, contou.

“Tinha perdido a casa dos meus pais. Tive de a vender para pagar dívidas que tinha contraído por causa do meu vício no álcool”, assume. Valter Periquito sabe que o alcoolismo é uma doença sem cura e que isso lhe destruiu a vida, mas deixou de beber há 49 meses. “A 29 de setembro vai fazer cinco anos que não toco numa gota de álcool”, tudo graças a um amigo meu.

Nascido em Frankfurt, na Alemanha, veio em criança para os Infantes (Caldas da Rainha), de onde era natural a sua mãe.

Começou a beber aos 15 anos, quando ainda era estudante na escola secundária Rafael Bordalo Pinheiro. Ao longo da vida foi tendo sempre problemas com o álcool, mas a “machada final” foi a morte do seu pai “que era o meu melhor amigo”. Depois de ter perdido também toda a família mais próxima, acabou por cair numa espécie de abismo. “O vício veio ao de cima e descambou”, disse ao JORNAL DAS CALDAS.

Ainda por cima, tinha-se despedido de um emprego estável que tinha em Lisboa para cuidar do seu pai e do seu avô.

Só a sua ida para a Casa da Rainha lhe deu um destino e acabou por conseguir trabalho na Câmara Municipal das Caldas da Rainha. Agora faz questão de agradecer a todos os que ajudaram neste processo.

Também muito grato pelo apoio está Alberto Barbosa

Antes de entrar nesta casa, Alberto Barbosa estava a pernoitar numa tenda, num lugar escondido junto ao supermercado Continente. Estava sem receber qualquer apoio social, mas com a ajuda dos técnicos conseguiu ter uma reforma.

Natural da Guarda, veio morar para as Caldas da Rainha ainda criança. Ao longo da sua vida teve vários empregos, inclusive na cerâmica, mas quando a sua mãe adoeceu decidiu-se dedicar-se a total inteiro em apoiá-la. Depois do falecimento da mãe, já não conseguiu encontrar trabalho e passado algum tempo acabou por ter de ir viver para a rua.

Durante cerca de quatro anos, tentou manter-se a viver na tenda, escondido. O único rendimento que conseguia era durante a apanha da fruta. “O que ganhava nessa altura tinha de durar o resto do ano”, contou. Ia também buscar alimentos à Refood Caldas.

Poder ir viver para uma casa foi uma grande felicidade e acabou por ser a sua salvação, uma vez que há um ano teve um problema de saúde, que se não tivesse sido detetado a tempo poderia causar a sua morte. Atualmente faz hemodiálise, tendo descoberto que só tem um rim e que esse tinha deixado de funcionar. “Se não fossem eles a obrigarem a ir ao hospital nunca tinha ido e já não estaria cá”, salientou.

Os dois homens partilham a casa e também uma amizade. Ambos elogiaram a companhia um do outro.

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