Estamos no final de agosto e o verão na região Oeste parece ainda não ter chegado plenamente.
Apesar da época balnear ter começado em junho, a instabilidade climatérica em julho e agosto afastou as multidões dos areais das praias do Oeste. Quase no final da época balnear, que termina a 15 de setembro, o JORNAL DAS CALDAS, passou por algumas praias mais movimentadas desta região: Baleal, Foz do Arelho, São Martinho do Porto e Nazaré, onde falou com nadadores salvadores, concessionários e banhistas. Não tivesse sido as nuvens, nevoeiro, vento e agitação marítima nas praias desta região em junho, julho e agosto o balanço desta época balnear teria sido mais positivo. “Foram menos os que se aventuraram, e o mau tempo surpreendeu e desiludiu muitos turistas”.
“Tem sido um ano atípico, não me lembro de um verão que tenha sido tão mau”, disse, o nadador salvador da praia da Foz do Arelho, Tiago Pessa revelando que “tivemos nesta época balnear 5 ou 6 dias de calor a sério, onde se aproveitou a sério a praia”.
Segundo Tiago Pessa a pergunta até agora mais frequente que tive este ano, por parte dos banhistas, que não conhecem o Oeste, é, “este tempo é sempre assim?”. “Muitos turistas que vieram cá pela primeira vez ficaram desiludidos”, contou.
Quanto ao mar diz que tem estado “muito agreste” e que as “bandeiras foram oscilando”. “Temos conseguido encontrar um local mais seguro para que as pessoas possam entrar na água, porque ter pessoas na praia e não colocar uma bandeira amarela é aborrecido para os banhistas”, disse, Tiago Pessa.
O nadador salvador refere que tem havido este ano “mais vento, muitos dias seguidos de nevoeiro onde o sol quase não abre. No entanto há quem aproveite com um corta-vento”.
No entanto, Tiago Pessa revela que do lado da lagoa tem havido afluência porque é mais “abrigado”. “Mesmo que não haja sol, a praia do lado da lagoa é melhor para quem tem crianças, principalmente na zona onde temos o novo posto de nadadores salvadores têm havido mais banhistas”, referiu.
Carina Henriques, natural de Rio Maior, que detém a concessão (Ala Norte) na praia da Foz do Arelho, do lado do mar, disse que o verão vai chegar mais tarde à Foz, mas que o negócio, mesmo com dias instáveis em termos de temperatura, foi “positivo”.
A responsável referiu que, apesar de o tempo não ter estado em junho, julho e agosto favorável para a praia, “não se refletiu muito na Ala Norte, porque temos os clientes habituais, e as pessoas que não se deslocaram para o areal, vinham tomar café, petiscar, ou beber qualquer coisa”.
Considera que o verão no Oeste “ainda vai chegar com dias quentes”.
O presidente da Junta de Freguesia da Foz do Arelho, Fernando Sousa, também notou que este ano houve menos afluência à praia. “Nos poucos dias de sol e pouco vento a praia enche” revelou, acrescentando que significa que as pessoas continuam na zona Oeste.
O autarca alega que também há muitas pessoas nomeadamente de Santarém, Coimbra e Alentejo, e de alguns países europeus que procuram o Oeste, por ser mais fresco e fugir às temperaturas muito quentes”. “A Região Litoral do Oeste já é conhecida por ter no verão o tempo mais ameno e pode-se aproveitar essa realidade para criar uma marca associada a um território com inúmeros valores diferenciadores, nomeadamente para quem queira fugir a altas temperaturas onde os termómetros ultrapassaram os 40 graus”, sublinhou.
O verão ainda não chegou a São Martinho do Porto
Carolina Agostinho, responsável pela empresa Gaivotas São Martinho do Porto disse que se nota que os banhistas estão desiludidos com o mau tempo na praia. “Temos tido bastante nevoeiro. Normalmente de manhã há nevoeiro e depois fica bom a seguir ao almoço, mas este ano houve dias que o sol nem abriu. Hoje é o segundo dia de sol no espaço de uma semana”, relatou.
“Tivemos três dias muito bons em junho, em julho e agosto foi um pouco melhor, mas nada como nos anos anteriores”, referiu, revelando, mesmo com o tempo instável as pessoas tem vindo para a praia.
“Quem vem de férias uma semana, quer aproveitar a praia ao máximo, e este verão não está a ser fácil”, relatou.
“Nós temos um grande insuflável na baía e temos uma oferta de venda de bolas de berlim, alugamos gaivotas, motas de água e caiaques, mas nota-se um decréscimo em relação aos passados anos, e acho que é devido ao tempo porque quando o sol abre a praia enche”, adiantou.
Alega que também há quem gosta da zona por ser “mais fresca e já conhecem o tempo imprevisível do Oeste”.
“O verão ainda não chegou ao Oeste” salientou, a Nadador-salvador da praia de São Martinho do Porto, Andreia Poim. Está há dois anos a trabalhar a vigiar a praia de São Martinho, mas costuma ser nadadora da praia da Foz do Arelho.
Alice Fernandes que aluga casas e apartamentos na zona de São Martinho, e também na Nazaré, revelou que em junho, devido ao mau tempo, houve muitos cancelamentos. Em julho e agosto as pessoas vieram porque já não podiam mudar as férias, mas não aproveitaram a praia como estavam à espera. “Este ano o tempo tem estado terrível muito pior que os anos anteriores. Nota-se que há menos pessoas a passear à noite na marginal de São Martinho”, contou.
Elogiou a animação noturna “VerãoSão” que houve em São Martinho, que animou os jovens que estavam de férias, e continua a ser uma atratividade. Apesar de ser à noite, trouxe mais dinâmica à localidade e promoveu a zona, uma vez que o tempo não esteve bom durante o dia”.
Alice Fernandes revelou ainda que há muitas famílias de Santarém que alugam casa em São Martinho “para fugir às altas temperaturas”.
“As estações já não são o que eram”
“As estações já não são o que eram há uns anos. O verão parece tardar em chegar”, disseram ao JORNAL DAS CALDAS, os nadadores salvadores da praia da Nazaré, Lucas Cardoso e Daniel Tsykal.
“Os pescadores dizem que as estações já não estão definidas. No verão havia muitos dias com o céu azul e sol e o mar mais calmo, agora está muito inconsistente. Já não temos primavera nem outono. Houve no inverno bons dias de praia. Houve um dia em março que a praia esteve cheia”, disse, Lucas Cardoso que é natural da Nazaré.
“Este ano tem sido péssimo muitos banhistas dizem que não vão voltar para o ano e tentam ir para outras praias à procura de sol, mas na zona Oeste quando há nevoeiro numa praia as outras estão iguais”, contaram.
Quanto ao mar, Lucas Cardoso diz que este ano tem havido “vários dias sucessivos com a bandeira vermelha e os turistas querem ir para a água e nós aconselhamos a irem para São Martinho ou para a praia da Vitória”.
“Houve menos pessoas durante o dia na praia, devido ao meu tempo, mas também temos muitos franceses que devido aos Jogos Olímpicos não vieram este ano”, adiantou, Daniel Tsykal.
“Eu preciso de praia e sol para estar bem”, disse ao JORNAL DAS CALDAS Susana Gonçalves, que se encontrava na praia da Nazaré com um grande corta-vento. “Estou a viver no Canadá, e de dois em dois anos, venho passar férias à Nazaré, e este ano ainda não consegui ter um bom dia de praia. Estou desiludida porque os dias estão muito tímidos e o nevoeiro tem sito constante”, contou.
O JORNAL DAS CALDAS esteve também na praia do Baleal, em Peniche, a opinião tanto de visitantes como dos trabalhadores do comércio local é que o tempo está pior relativamente a anos anteriores.
Num dia sem sol e com humidade, Mark Ministro, responsável da parte administrativa e financeira do Bar Tribo da Praia, referiu, “este ano notamos que o tempo está menos favorável, temos tido mais dias de nevoeiro, como tivemos hoje”.
Mark Ministro afirmou que há menos turistas e que isso se nota no bar, “somos influenciados pelo microclima que temos e que isso se reflete no negócio, sem dúvida”.
Jonatas Silva, trabalhador do Danau, outro bar localizado no Baleal, deu o seu ponto de vista, “acho mais fraco do que o ano passado”. Justificou com as condições meteorológicas, “o tempo não tem ajudado nada só tivemos uma semana ou duas de calor”.
Maria João, proprietária do restaurante Prainha partilha a opinião e diz que “houve uma quebra”.
Nadador-salvador há 9 anos, André Santos, diz que o tempo não “foi o melhor”. “Temos tido muito nevoeiro e muito limo” e por isso, “tivemos menos pessoas”.
De Lisboa Tiago Alves juntamente com sua esposa e filhos terminaram mais um dia de praia, com nevoeiro, em Peniche. Confessa que vem ter com amigos e por isso o clima não interfere com a decisão. No entanto revela que preferem o “calor porque com muito vento é desagradável e temos que sair da praia com as crianças”.
Residente em Peniche, João Duarte, habituado ao clima de verão da zona Oeste confessou que o tempo o afastou do areal, “gosto muito de praia, mas as condições têm piorado”. Considera que isso também se reflete nos turistas na cidade “é natural que as pessoas no verão procurem calor, e com este tempo acabem por sair ou mesmo não vir”.
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