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Feira de 15 agosto continua com visitantes, mas não se vende como antigamente

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A Feira anual do 15 de agosto das Caldas da Rainha considerada como uma das mais antigas e tradicionais da região, continua a ser procurada pelos moradores locais, visitantes de outras regiões, emigrantes e turistas, mas os feirantes dizem que as vendas já não são o que foram.
A Feira anual do 15 de agosto das Caldas considerada como uma das mais antigas

A Feira anual do 15 de agosto das Caldas da Rainha considerada como uma das mais antigas e tradicionais da região, continua a ser procurada pelos moradores locais, visitantes de outras regiões, emigrantes e turistas, mas os feirantes dizem que as vendas já não são o que foram.

A Feira que decorreu este ano nos dias 14 e 15 contou com a presença de 55 vendedores.

Apesar de algumas queixas dos vendedores a feira continua a ser para a maioria um marco importante na vida das Caldas da Rainha, mesmo que diferente do que era no passado.

“Manter a tradição viva enquanto se adapta às novas realidades é sempre um desafio”, disse, o presidente da Câmara das Caldas, Vitor Marques, revelando que “em 2025 gostava que a Feira fosse para outro local na zona dos Texugos”, revelando que o processo na CCDR está quase concretizado “para nos permitir fazer as intervenções naquele espaço”.

“Longe vão os tempos em que as pessoas esperaram por esta feira para comprar roupa e calçado mais barato que nas lojas. As várias lojas grandes do chinês que existem nas Caldas estragam o nosso negócio”, disse Emília Rodrigues natural de Turquel, Alcobaça e vendedora na Feira de 15 de agosto há cerca de 50 anos. 

A feirante alertou que a “ideia de que ir às lojas dos chineses sai mais barato, nem sempre é verdade”. Antigamente não havia tanta oferta”, adiantou.

“Já teve dias melhores. Muita gente, mas o negócio cada vez pior”, salientou, Emília Rodrigues, que vende batas e roupa interior para mulheres e homens. A Feira 15 de agosto com os emigrantes, “é melhor, mas nada como há uns anos”. O motivo? “É as dificuldades financeiras das pessoas. Eu tinha clientes de Lisboa e de Sintra que já não vêm porque com o aumento dos preços dos combustíveis já não compensa”, garantiu. “Nós cada vez temos os preços mais baixos e cada vez ganhamos menos”, só para manter o negócio que passa de geração em geração.

Emília Rodrigues de 71 anos de idade é mãe de oito filhos e todos vendem nas feiras, mas em diferentes ramos. “A minha filha mais velha vende fruta e o meu filho mais novo tem um divertimento e vende farturas e nesta altura está na Feira de São Mateus em Viseu”, contou.  

A vendedora diz que vende às segundas-feiras no mercado semanal das Caldas e paga 7 euros, e para participar na Feira de 15 de agosto paga 120 euros. “As condições não são mais, são iguais à feira semanal”, apontou revelando que no passado havia “mais divertimentos e atrações, ou seja, a feira era muito mais bonita e atrativa”. “Os feirantes estão a desistir porque é muito caro para o tipo de feira que é”, sublinhou, adiantando que há noite há falta de iluminação.

Pediu aos políticos locais para serem “mais humanos e sensíveis para quem trabalha neste ramo”.  “Não temos fins de semana nem horário. É um trabalho duro, mas temos que trabalhar”, referiu.

A vender queijos, ovos caseiros, enchidos, azeite mel e outros produtos alimentares, Luísa Pereira da Serra de Montemuro do concelho de Mafra já faz esta feira há vários anos. “Tem estado a correr bem, vamos sempre vendendo algo. É preciso trabalhar para não ir para o desemprego e o Governo a pagar”, disse. Revela que “a feira era muito diferente, agora está mais calma, não se vende como antigamente”.

“Para o próximo ano penso que era bom haver mais estacionamento e iluminação e também melhorias ao nível do piso, para evitar o pó que se levanta, especialmente em dias de vento”, apontou.

Para Sara Serralheiro de 42 anos de idade que é natural de Alvorninha, esta é uma tradição que cumpre há cerca de 25 anos, mas assume que as vendas já tiveram melhores dias. Vende roupa interior, toalhas de praia e pijamas. “Comecei a vender na feira quando me juntei ao meu marido há cerca de 25 anos. Recordo-me que só tínhamos esta banca e vinha com o meu marido, a minha mãe e uma colega dela e com uma banca mais pequena não conseguíamos parar para comer ou de ir à casa de banho com tanta gente. Agora tivemos aqui quase três horas e os três (filho e marido) sentados. Está muito diferente”.

Sara Serralheiro considera que os municípios deveriam ter mais comunicação entre eles dando o exemplo dos “carrocéis que têm muito tempo de montagem e no passado ano tiveram que ir embora mais cedo porque coincidiu com a Feira de São Bernardo de Alcobaça e esta feira ficou vazia”. No entanto alega que gosta do ramo, nomeadamente a “interação com o público e vende também em Alfeizerão e Peniche”.

Zélia Reis de 58 anos de idade vende na feira 15 de agosto há 20 anos e diz que continua a ter “muitas pessoas”. “No dia 14 tivemos muita afluência e hoje dia 15 a feira também tem muita gente”, revelou. “Para mim é uma feira muito boa porque não tenho concorrência e sou daqui perto e tenho os meus clientes certos. Vendo panos de cozinha com bordados da nossa marca “Os Bordados da Reis” na Usseira, em Óbidos. Tenho toalhas de mesa, edredons, lençóis entre outros artigos de qualidade”.

No entanto diz que gostava é de ter mais “condições para trabalhar como mais iluminação à noite e melhoramentos no piso com alcatrão porque as pessoas com carrinhos de bebés têm dificuldades”. Referiu ainda “a necessidade de o recinto ter melhores casas de banho”.

Alice Serafim que vive no Bombarral, é cliente habitual da Feira de 15 de agosto.

Alice recorda que antigamente, os “feirantes não gostavam que andássemos a mexer em tudo, hoje, dizem-nos para ver, experimentar”.

“Antes, tínhamos que levar dinheiro para a feira. Hoje, já há muitas bancas que têm multibanco ou podemos pagar com MB WAY”, adiantou.

Alice Serafim gosta de comprar na feira, mas considera que que antes as “pessoas compravam mais”. “Vê-se estrangeiros, mas compram pouca coisa porque muitos vão embora de avião e não têm espaço para levar coisas.  Os portugueses ainda compram, ainda vão comprando alguma coisita”.

José Miguel de 82 anos de idade natural das Caldas da Rainha recorda que há mais de 60 anos o 15 de agosto era “uma data muito importante para a cidade”.

“Vinham para a Feira, comerciantes de gado, de utensílios, roupas e muitas outras coisas, circos, carrosséis, poços da morte. Era um polo de atracão para muita gente”, contou ao JORNAL DAS CALDAS.

Segundo José Miguel a cidade enchia-se de vida. Esta era a feira que todos aguardavam durante todo o ano. Existia a feira de S. João, mas não tinha a importância da do 15 de agosto. Na altura, a feira era na Mata, mas começava logo junto ao chafariz das cinco bicas. Com feirantes de pequenas alfaias agrícolas, utensílios em vime, oleiros, bancas de gaitas de beiços, de canivetes, jogos dos copos e também com os mais variados oportunistas que se aproveitavam para tentar enganar o incauto na rua principal, que subia até ao campo de futebol”.

“As ruas da mata enchiam-se de inúmeros visitantes para esta feira. No recinto desportivo, apinhavam-se dois carrosséis, dois circos, dois poços da morte, quiosques de jogos, (latas, argolas, tiros de precisão)”, lembrou.

“As vendedoras de doces, de farturas, de vinhos e petiscos, confortavam o estômago dos visitantes. As crianças que queriam ir ao circo e não tinham meios económicos, serviam-se dos mais variados expedientes, como ir buscar baldes de água para darem aos animais. Em troca, era-lhes permitido espreitar pela lona das traseiras”, relatou, acrescentando que “havia também a venda de gado, mas, somente no dia 15 de agosto, enquanto a feira se prolongava por mais dias.

José Miguel recordou ainda que na rua onde hoje se encontra o “pavilhão, vendia-se também de tudo, especialmente nas camionetas carregadas com cobertores, lençóis, atoalhados, cutelarias, entre outros artigos. As vozes estridentes dos vendedores competiam entre si, ampliadas por um sistema de som. “O barulho era infernal”, disse, referindo que são “tempos que só os mais idosos recordam com saudade”.

Considera que ainda se podem ver “alguns desses apontamentos, nas poucas feiras resistentes, mas sobretudo no mercado de Santana”.

Feira 15 de agosto contou com 55 vendedores

A edição deste ano da feira do 15 de agosto, que decorreu nos dias 14 e 15 de agosto, contou com a presença de 55 vendedores, distribuídos pelas seguintes e habituais temáticas: diversões 4 vendedores (3 carroceis, 1 pista de carrinhos de choque) artesanato 1 vendedor, charcutaria 1 vendedor, restauração 3 vendedores (mais 1 que no ano de 2023) farturas, 4 vendedores, roupa 26 vendedores, tecidos 2 vendedores, calçado 8 vendedores, ferragens 1 vendedor e bijuterias 5 vendedores.

Em declarações ao JORNAL DAS CALDAS o presidente da Autarquia, Vitor Marques disse que “fizeram um esforço este ano nos divertimentos que atraem mais pessoas”. 

Quanto aos vendedores Vítor Marques, disse que este ano pelo facto de o 15 de agosto ser uma quinta-feira fez com que “houvesse mais feirantes disponíveis porque não tiveram envolvidos noutros eventos do género”. 

O autarca referiu que no final da feira, questionando alguns vendedores sobre os 2 dias de feira, constatou que a “noite do dia 14 teve uma enorme afluência de público, superando a noite de 15 de agosto”. “Apesar do vento sentido na noite de 14, o público encheu o recinto procurando aproveitar a grande variedade de produtos apresentados”, contou.

15 Agsoto 2
Sara Serralheiro com o seu filho vende na Feira de 15 de agosto há cerca de 25 anos
15 Agsoto 3
Emília Rodrigues natural de Turquel, Alcobaça e vendedora na Feira de 15 de agosto há cerca de 50 anos. 
15 Agosto 4
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