A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) assinalou 10 anos de trabalho para proteger as Berlengas. Através do seu trabalho a SPEA procura “contribuir para a gestão sustentável das Berlengas, para conservar os seus habitats, as suas plantas únicas e as suas aves marinhas”, referiu em comunicado.
O LIFE Berlengas, de 2014 a 2019 juntou SPEA, Câmara Municipal de Peniche, Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e a Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar. O projeto foi cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia e pelo Fundo Ambiental.
O objetivo do projeto visava “compreender as principais ameaças que afetam os valores naturais das Berlengas, em terra e no mar, e definir estratégias para as minimizar e erradicar”, relatou a SPEA.
Com a ajuda de cerca de 300 voluntários, a equipa do LIFE Berlengas foi colhendo frutos e conseguiu limpar a erva invasora chorão numa área equivalente a mais de três campos de futebol. Conta que desta forma abriu-se espaço para plantas exclusivas daquele arquipélago e para as aves marinhas fazerem os seus ninhos.
Devido a estes projetos para manutenção do arquipélago “aves como a cagarra e o roque-de-castro podem agora criar a próxima geração em segurança, já que graças aos esforços de conservação a ilha da Berlenga está atualmente livre de predadores introduzidos”, clarificou a SPEA.
Para além disso, a equipa LIFE Berlengas instalou mais de 150 ninhos artificiais e como consequência dessa ação “o pequeno roque-de-castro começou a reproduzir-se na ilha em 2019, pela primeira vez desde que há registos. Desde então, tem-no feito todos os anos”.
O projeto LIFE Berlengas terminou em 2019 mas as ações de conservação continuaram e o objetivo passou por “melhorar a experiência para os visitantes e encontrar um equilíbrio entre a afluência turística e os ecossistemas naturais da ilha”, contou a SPEA.
Para alcançar aquilo que pretendiam impuseram limites máximos de visitantes por dia, “o que além de evitar a sobrecarga ecológica também proporciona uma visita mais tranquila”, elucidou a organização. As equipas LIFE Berlengas melhoraram ainda os trilhos pedestres e instalaram novos painéis interpretativos, “que trazem uma nova dimensão à experiência de visitação”, completou.
“A Berlenga é prova-viva do sucesso, um exemplo a seguir nos próximos tempos quando tiver de se implementar a Lei de Restauro da Natureza a nível europeu e nacional”, afirmou Joana Andrade, coordenadora do departamento de conservação marinha da SPEA e do projeto LIFE Berlengas.
A responsável por lançar o mote para os trabalhos de conservação da ilha, frisou que “quem visita as Berlengas hoje pode desfrutar da natureza e tranquilidade deste espaço, sem multidões. E as pessoas já não vêm só no verão: podem vir na primavera para se deslumbrar com o tapete colorido das flores nativas, ou no outono para ver aves marinha, o que é bom para quem vive do turismo, que deixa de estar dependente de um par de meses de época alta”.
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