Foi numa cerimónia recheada de emoção, ternura e algum humor que decorreu a apresentação do novo livro “Alegações Finais”, do caldense Carlos Querido, juiz desembargador jubilado. A apresentação aconteceu no dia 11 de novembro, no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha (CCC).
Carlos Querido dirigiu-se às dezenas de pessoas que encheram o foyer do CCC, entre amigos, colegas de profissão, advogados, autarcas e fiéis seguidores do trabalho do autor, que vieram das Caldas, Cadaval, Coimbra, Oeiras, Torres Vedras, Peniche e Lourinhã.
“Estão aqui muitos amigos e advogados com quem eu tive muito gosto em trabalhar e também pessoas da minha cidade e freguesia (Salir de Matos) e isso move-me profundamente”, começou por dizer o autor, que foi precisamente nos agradecimentos que baseou o seu discurso. “Nunca fui de chorar, mas aos 60 anos as coisas mudaram, aos 65 agravaram-se e agora choro por tudo e nada”, admitiu Carlos Querido, tentando manter a sua “serenidade” enquanto fazia os agradecimentos.
Começou por destacar a sua esposa, Maria Céu Santos, a quem dedicou o livro. “Vamos fazer 40 anos de casados, uma cumplicidade fortíssima e companheira de sempre”, salientou.
Entre outros reconhecimentos fez referência a João Paulo Cotrim, “meu amigo e irmão, que editou cinco dos meus livros e depois morreu. Fiquei desemparado porque “Alegações Finais” foi falado com ele e éramos para ter trocado impressões e eu fiquei a falar sozinho e se ele tivesse vivido talvez o livro seria diferente, mas nessa solidão e deserto depois surgiu as Edições Almedina (coleção Casa do Juiz/Letras)”.
O autor destacou ainda o “brilhante momento musical a cargo da banda “Audiência Prévia”, composta por juízes, que, confesso, me comoveu”.
“Quando iniciei como juiz havia a ideia que éramos todos cinzentões”, comentou Carlos Querido, adiantando que fica muito feliz que os colegas jovens “têm mais ousadia e sobretudo interagem mais com o meio social e com as pessoas”. Considera notável que as novas gerações de juízes pratiquem outras atividades, como “pintura, fotografia e música”.
Sem querendo falar muito do livro, referiu que gosta muito de escrever, mas o problema é quando termina “fica sempre a sensação de que podia ter feito melhor”.
Para o autor, este livro é um “muro de silêncio e de gelo que por vezes se ergue num casal e eles não conseguem superar”.
“Esta narrativa é basicamente sobre um homem e uma mulher que são prisioneiros desse amor que os separa”, concluiu.
“Livro que não se consegue parar de ler”
Para falar do livro nesta sessão de apresentação, Carlos Querido convidou a antiga procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, que deu a sua perspetiva como “leitora” sobre a obra. Sem contar “toda a história para que o suspense continue e os leitores tenham vontade de ler”, disse que é um “romance com uma história que se lê com gosto e que tem ritmo”. “É aquele tipo de livro que não se consegue parar de ler e que, no fim, provoca uma sensação gratificante”, salientou.
“Durante toda a história há imensas referências a músicas”, adiantou, referindo que é o próprio narrador a contar a história e há partes em que são as próprias personagens a falar sobre si e sobre os outros
Considera que este livro podia ser um guião para um filme. “Dado ao seu ritmo podia ser uma boa adaptação para o cinema”, afirmou. “A história é sobre encontros e desencontros e sobretudo de um casal que se encontra na sua juventude e depois é a vida deles enquanto casal”, adiantou.
Bruno Santos, com nome artístico Mantraste, ilustrou a capa do livro. É a primeira vez que uma pessoa que não é juiz faz a capa de um livro da Casa Juiz/Letras, mas “tinha que ser, uma vez que o Mantraste é uma das personagens do livro, autor de dois quadros adquiridos pela protagonista feminina”.
O ilustrador começou por dizer que quem lê o livro percebe que Carlos Querido é um “educador de homens”. “Um papel essencial nos dias de hoje e só uma pessoa como ele o podia fazer”, relatou.
Comparou a criação de uma capa de um livro com um “arroto”, ou seja, “tem que chamar a atenção”. Disse que representa um casal “sentado no sofá lado a lado como se estivesse próximo, mas nessa proximidade há uma distância”. “O que eu fiz foi cortar a imagem, separando a perna”, contou.
O livro será também apresentado no Porto, no Tribunal da Relação, no dia 16 de novembro, para além de outras apresentações em Coimbra e em Lisboa.
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