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“Humanização na saúde é uma das pedras fundamentais do exercício da medicina”

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“Para conseguir uma melhor saúde temos que ter uma instituição que seja independente do poder político, disse, Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos, que esteve no passado dia 29 em Óbidos.
Álvaro Beleza, Emília Pinto, Carlos Cortes, António Curado, Raquel Varela e Ivo Duarte

“Para conseguir uma melhor saúde temos que ter uma instituição que seja independente do poder político, disse, Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos, que esteve no passado dia 29 em Óbidos.

“Se não tivermos uma Ordem dos Médicos forte, autónoma, independente e focada na defesa dos doentes e na qualidade dos cuidados de saúde”, Carlos Cortes teme que no futuro o “exercício da medicina fora dos grandes centros possa ser uma espécie de balão completamente vazio porque teremos uma medicina completamente desestruturada”.

Falou de alguns aspetos “absurdos”, como a possibilidade de prática da medicina sem necessidade de inscrição na Ordem dos Médicos. 

Carlos Cortes realçou a sua posição crítica perante a pessoa que vai defender a saúde em Portugal onde a “única condição é ela nada perceber de medicina”. “Como é que não médicos irão avaliar situações estritamente do foro técnico-científico?”, questiona o representante dos médicos.

O bastonário da Ordem dos Médicos foi o convidado para fazer a abertura do colóquio sobre “O exercício da Medicina fora dos grandes centros”, que decorreu no auditório municipal da Casa da Música de Óbidos, organizado pela Sub-Região Oeste da Ordem dos Médicos.

Para Carlos Cortes a “humanização na saúde é uma das pedras absolutamente fundamentais do exercício da medicina”. “A medicina evoluiu nestes anos com o impacto da ciência e da tecnologia, mas a humanização continua a ser sempre a mesma”, apontou, revelando que por isso é que é feliz a trabalhar no Centro Hospitalar do Médio Tejo, que pratica uma “medicina diferente daquela que eu encontrei noutros hospitais”.

O responsável disse que na campanha eleitoral para bastonário encontrou “médicos improváveis em todos os locais do país”. “São pessoas que pela sua própria iniciativa levam saúde aos locais mais desprotegidos do nosso país”, apontou, acrescentando que “é das coisas mais maravilhosas porque a condição geográfica das pessoas não pode ser discriminação negativa em relação aos cuidados de saúde”.

O responsável falou do papel dos médicos de família que são a “porta de entrada e estão na linha da frente do contacto permanente com as pessoas, famílias e com as comunidades”.

Com moderação do presidente da Sub-Região Oeste da Ordem dos Médicos, António Curado, o encontro contou com os testemunhos dos também médicos Emília Pinto (Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Óbidos) e Ivo Duarte (Unidade de Saúde Familiar Rainha Dª Leonor das Caldas da Rainha).

Emília Pinto revelou que novos desafios apareceram, como a obesidade, sedentarismo, as novas drogas, o uso abusivo de aparelhos eletrónicos e doenças mentais. Considera que “estamos num tempo preocupante onde a relação médico doente está cada vez mais ameaçada, a burocratização é cada vez maior, a falta de recursos humanos e de material são gritantes, e os sistemas informáticos apresentam constantes constrangimentos que interferem no curso normal de trabalho”.

Contudo, deposita a sua “esperança na nova geração de médicos, que com o entusiasmo da juventude saberá reinventar-se de molde a proporcionar uma saúde mais humanizada com qualidade”.

Já para o jovem médico Ivo Duarte, ser médico é “colocar o meu conhecimento ao serviço das pessoas nomeadamente diagnosticar e referenciar”. “Nada me adianta diagnosticar um problema e depois não ter as ferramentas terapêuticas para orientar devidamente a tempo e aqui entra o grande desafio do que é ser médico de família hoje e da necessidade de ter o novo hospital, porque precisamos de escala e condições de trabalho”, contou.

“Ser médico de família em consulta é criar relação com pessoas e orientar o melhor para a saúde e é isso que nos vai diferenciar da inteligência artificial”, concluiu.

A investigadora Raquel Varela começou por dizer que se interessou “muito por estudar o serviço médico à periferia” porque escreveu vários livros sobre a história dos cravos e “queria entender o que aconteceu ao serviço de saúde durante a revolução” e aí surgiu a obra “Uma Revolução na Saúde”. “Uma questão que me interessou muito era a paixão com que as pessoas falavam deste período em que trabalhavam em condições perto do miserável e o sofrimento que apresentam hoje com condições de trabalho melhores”, relatou, acrescentando que é este contraste que tinha que ser explicado cientificamente. “O que tinham no serviço médico à periferia quase sem condições era uma noção de ética do trabalho completamente mobilizadora”, manifestou.

“As pessoas apaixonaram-se pelo que fizeram e sentiram-se perfeitamente úteis e que o seu trabalho tinha reconhecimento”, salientou, revelando que hoje é o inverso disso “ao ponto do que vivemos uma crise de saúde mental no trabalho chamado “burnout”, o que representa uma desmotivação enorme”.    

Álvaro Beleza, médico e presidente da SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, diz que o SNS (Serviço Nacional de Saúde) tem “muitos problemas”, mas comparado com outros países europeus com um desenvolvimento económico que o nosso, Portugal tem um sistema de saúde muito melhor que alguns desses países europeus”.

No final houve um debate com várias questões dos profissionais e autarcas presentes.

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