A caldense Francisca Caiado Cardoso sagrou-se campeã do mundo de kickboxing na categoria low kick -60kg, juntando-se às 26 medalhas de ouro conquistadas por atletas portugueses no campeonato realizado na Turquia.
A jovem de 23 anos, com 56 quilos e 1,72 metros, integrou a seleção nacional que participou de 31 de outubro a 6 de novembro na prova mundial da ISKA – International Sport Kickboxing Association.
A comitiva portuguesa, composta por 83 atletas e 11 membros da equipa técnica, somou 71 medalhas (26 de ouro, 29 de prata e 16 de bronze).
Ao lugar mais alto do pódio subiu Francisca Cardoso, da Escola Kickboxing Fernando Paulo, que comentou: “O ouro vai para Portugal, é meu, do meu treinador, da minha equipa e de todos os que me ajudaram a chegar até aqui, mental coach, patrocinadores, amigos, família. Obrigada a todos pelo apoio, pela confiança, por tudo!”.
Com passagem pela Escola Superior de Desporto de Rio Maior (ESDRM), onde o seu treinador é docente, a atleta, declarou à página do estabelecimento de ensino no Facebook que “o ouro foi o resultado de muito trabalho, foco e dedicação. Estou muito feliz por esta conquista! É um orgulho representar a bandeira portuguesa!”.
O treinador, Fernando Paulo, referiu que “este título é fruto de muito trabalho num projeto de treino que conta já com dez anos. A formação na ESDRM foi essencial para suprir alguns dos conhecimentos em falta, nomeadamente planeamento e aplicação prática no terreno, necessários para um atleta profissional”.
A participação de Francisca Cardoso chegou a estar comprometida, como a atleta revelou várias semanas antes do evento, quando aproveitou para pedir ajuda financeira a quem quisesse prestar: “Infelizmente a federação [Federação Portuguesa de Kickboxing e Muaythai] não tem verbas disponíveis para comparticipar todas as viagens e os custos são muito elevados. Desta forma venho pedir que se quiserem e puderem dar o vosso contributo para eu poder ir representar Portugal me contactem”, apelou a atleta, que necessitava de dois mil euros, como o JORNAL DAS CALDAS divulgou.
Francisca Cardoso recebeu contributos e patrocínios e após ser recebida pelo presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha transmitiu o seu “enorme agradecimento” à autarquia por “todo o apoio dado na minha participação no Campeonato Mundial”.
De acordo com a federação, os atletas de kickboxing que iniciaram campanhas de crowdfunding (angariação de fundis) para participar no campeonato não integravam a “seleção A” de Portugal no evento, cujos seis elementos tinham “todas as despesas pagas”, como foram os casos de Gonçalo Noites (K1, -70kg), João Curva (K1, -54kg), Luís Santos (K1, -75kg), Matilde Melo (K1, -55kg), Matilde Rodrigues (K1, -57kg) e Tiago Melo (K1, -57kg).
Os restantes praticantes, sobre os quais havia informação técnica sobre a sua qualidade, podiam “acompanhar todo o trabalho da seleção, podendo representar Portugal desde que paguem as suas deslocações”, uma vez que, segundo o presidente da federação, Nuno Margaça, era “completamente impossível a federação pagar uma viagem a 25 ou 70 atletas, uma vez que não tem meios para isso”.
À agência Lusa o dirigente deu o exemplo de outras federações portuguesas a fazer o mesmo e expôs “muitos outros países” a viverem situações semelhantes, em que alguns desportistas são pagos pelas federações e outros participam nos maiores eventos porque “querem investir na sua performance desportiva e representar ou acompanhar todo o trabalho de uma seleção”.
A plataforma Gofundme revelou que, sem apoios oficiais, dezenas de atletas portugueses pediram ajuda para participar através do crowdfunding.
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