“O executivo camarário de Caldas da Rainha, após acurada análise do histórico de realização do evento World Press Cartoon (WPC) nesta cidade, decidiu pela sua interrupção em 2023”, anunciou, o presidente da câmara em comunicado.
“Sem prejuízo do valor substantivo dos trabalhos de âmbito internacional que dão origem ao concurso e exposição – que reconhecemos – uma análise detalhada dos encargos e dos benefícios da sua realização em Caldas da Rainha, à luz do panorama geral dos investimentos camarários na área da cultura, não deixaram margem para outra decisão que não a da sua interrupção”, lê-se na nota enviada ao JORNAL DAS CALDAS.
Segundo o autarca entre “2017 e 2021, o valor despendido neste evento ascendeu a 1.164.000 Euros (um milhão, cento e sessenta e quatro mil euros), que resultam da multiplicação dos seguintes custos anuais: 180.000 Euros ao promotor + 41.400 de IVA + 11.400 Euros valor médio de custos associados”.
Em 2022, o atual executivo, tendo já dúvidas sobre a viabilidade do evento, optou por “não inviabilizar no imediato a sua realização, tendo, contudo, reduzido o valor pago ao promotor para 120.000 Euros (147.600 Euros c/ IVA), reduzido de forma substancial o valor dos encargos associados e encetado um processo de avaliação sobre o real interesse na sua continuidade”.
Refira-se que a exposição é de acesso livre ao público pelo que o financiamento acima referido é inteiramente suportado pelo orçamento camarário. O comunicado diz ainda que o valor “despendido não incluía a aquisição dos desenhos exibidos durante a exposição, mas apenas a entrega de diversos exemplares do catálogo ao município”.
“O argumento da valorização territorial através da publicidade associada à realização do WPC em Caldas da Rainha não se comprovou pela avaliação camarária, dado que o número de visitantes nunca ascendeu a mais de 4.539 (em 2019), e teve um mínimo de 1572 (em 2018), sendo que a maioria foram visitantes das escolas locais e contavam para esta contabilização todos os espectadores do Grande Auditório do CCC, independentemente de serem visitantes dirigidos especificamente à exposição, ou de serem espectadores do Grande Auditório durante a permanência da mesma”, adianta, o documento.
Também a visualização da Gala de entrega dos prémios, via youtube, de acordo com os dados apurados,” terá abrangido escasso número de espectadores, como é o caso do ano de 2021, com apenas 69 visualizações”.
Por outro lado, “a realização do evento constituiu-se sempre como um facto regular, mas isolado, não se repercutindo transversalmente no programa cultural da cidade”, refere, Vitor Marques.
Depois do executivo da autarquia ter analisado a racionalidade da manutenção deste evento à luz dos demais investimentos da autarquia na área da cultura, apurou que se trata, de “longe, do evento mais dispendioso deste município, mesmo quando comparado com apoios prestados ao abrigo de contratos-programa com projetos estruturantes, como é o caso do Teatro da Rainha e do CCC – Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha , ou com os encargos com grandes equipamentos culturais da autarquia, como seja o caso do Centro de Artes”.
Ainda no plano da racionalidade do investimento, o comunicado diz que se verifica que o “valor global despendido neste evento teria permitido a reabilitação integral do Museu António Duarte (encerrado há anos por não deter condições mínimas de abertura ao público), ou a reabilitação que urge realizar na Biblioteca Municipal, apenas para referir dois exemplos”.
Cientes de que o ambiente cultural de Caldas da Rainha tem uma estreita e longa relação com o humor e com a caricatura enquanto forma de expressão artística e de intervenção social e política, está o executivo camarário a “estruturar para o ano de 2023 um evento inovador, de projeção nacional, ancorado na realidade local, que assente numa transversalidade de linguagens humorísticas e interventivas e que represente uma clara mais-valia para o programa cultural da cidade, e cujo encargo financeiro esteja ajustado à dimensão orçamental do pelouro da cultura deste Município”.
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