Vitor Marques inicia mandato com mesmo espírito de entrega e apelo ao diálogo

7 de Novembro de 2025

O Salão Nobre dos Paços do Concelho foi palco da cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos autárquicos que irão dirigir os destinos do concelho durante o quadriénio 2025-2029. Vitor Marques tomou posse para mais quatro anos como presidente da Câmara, dando início ao seu segundo mandato. Apesar de ter sido a força mais votada nas eleições para a Câmara, o Vamos Mudar não irá presidir à mesa da Assembleia Municipal, cargo que é ocupado pelo social-democrata Fernando Costa. A cerimónia ficou marcada por várias homenagens ao presidente cessante da Assembleia Municipal, Lalanda Ribeiro, que se despede da vida política após 49 anos dedicados ao serviço público, em que foi evidente o carinho e respeito que lhe é dedicado pelos autarcas e comunidade local.

Numa cerimónia muito participada, o cabeça de lista do movimento independente Vamos Mudar, Vitor Marques, afirmou que começa este novo mandato com o mesmo espírito de entrega e missão, comprometendo-se a dar continuidade às políticas de desenvolvimento e progresso iniciadas há quatro anos. Sublinhou que o resultado eleitoral “não atribuiu maioria absoluta a nenhuma força política, tornando essencial o diálogo e a convergência entre todos para garantir uma governação estável e eficaz”. Reforçou ainda a sua disponibilidade e a da sua equipa para “trabalhar com dedicação à causa pública, promovendo consensos em prol dos interesses dos caldenses”.

No discurso de tomada de posse, o presidente da Câmara das Caldas anunciou que o eixo estruturante da ação do executivo continuará a ser a “modernização administrativa e a promoção de um ambiente favorável ao investimento privado, reforçando a competitividade económica e a prosperidade local”.

Na área da saúde, reafirmou o compromisso de defender a localização do Novo Hospital do Oeste, recordando que o Primeiro-Ministro Luís Montenegro anunciou em Caldas da Rainha a suspensão e reavaliação do processo. O autarca considerou que esta decisão “abre portas” a uma nova localização e apelou para que o Governo baseie a escolha no mérito dos argumentos apresentados pelos territórios e não em outros interesses. Garantiu ainda que está preparado para recorrer a todos os meios, incluindo pareceres técnicos especializados, para sustentar a posição das Caldas da Rainha nesta “justa luta”.

Reforçou ainda a importância do termalismo como marca identitária das Caldas e defendeu a execução urgente do grande plano para o setor, considerando-o essencial para aproveitar fundos comunitários e garantir o desenvolvimento do território.

No eixo da Qualidade de Vida e Coesão, prometeu continuar a apostar na mobilidade urbana, na reorganização do estacionamento e na criação de um novo Regulamento de Ocupação do Espaço Público. Anunciou também a construção da nova Loja do Cidadão e a continuidade dos projetos “Bairros Comerciais Digitais” e “Lojas com História”. Defendeu uma economia assente na sustentabilidade e na inovação, com incentivos às empresas que adotem práticas ambientalmente responsáveis. Realçou ainda a importância da agricultura e do empreendedorismo, com destaque para o programa “Caldas Empreende” e para a criação de um gabinete de apoio técnico ao investimento e ao acesso a fundos europeus e nacionais.

No turismo, o autarca destacou o lançamento do Plano de Ação da Marca Caldas da Rainha 25-30, assente nos programas estratégicos “Cuidar, Criar e Comunicar”, com o objetivo de afirmar o concelho como destino de excelência, em articulação com a cultura, as artes e a natureza.

Já no eixo do conhecimento, apontou como prioridades a reabilitação das escolas Raul Proença, D. João II, Santa Catarina e Bairro da Ponte e a criação de um novo modelo de refeitórios escolares. Pretende também atrair polos de ensino superior e investigação nas áreas da saúde, termalismo e desporto.

Concluiu o discurso com uma referência às preocupações mais sentidas pelos caldenses, que são a habitação e a segurança, reconhecendo que são matérias que dependem em larga medida do Estado Central, mas assegurando que o município fará tudo o que estiver ao seu alcance para melhorar as condições de vida no concelho.

Além de Vitor Marques, foram eleitos vereadores do Vamos Mudar Joaquim Beato, Conceição Rodrigues, pela Aliança Democrática – AD (PDS-CDS) Hugo Oliveira, Jorge Varela e Dora Mendes, e pelo Chega Luís Gomes.

Foi Lalanda Ribeiro quem iniciou a cerimónia, onde destacou a importância das duas grandes efemérides que o novo mandato irá celebrar: os 50 anos das primeiras eleições autárquicas e o centenário da elevação das Caldas a cidade.

Propôs ainda a realização de um congresso sobre o futuro das Caldas da Rainha, que reúna não só personalidades locais, mas também caldenses que vivem fora do concelho e que podem contribuir com a sua visão e experiência. Sugeriu igualmente que os autarcas eleitos em 1976 sejam homenageados nas comemorações dos 50 anos do poder local.

Lalanda Ribeiro despediu-se da função que exerceu com dedicação, garantindo que continuará atento à vida do concelho, mas agora fora da política ativa. Terminou sublinhando que o trabalho político deve sempre servir a população caldense.

 

Presidente abre portas à oposição

 

No final da cerimónia de tomada de posse, em declarações à imprensa, o presidente da Câmara das Caldas afirmou que “as portas estão abertas” à oposição e não descarta a possibilidade de atribuir pelouros. “Iniciamos agora formalmente um novo mandato, num contexto político semelhante ao de há quatro anos, e mantém-se o princípio de promover o diálogo entre as forças políticas, de modo a garantir a estabilidade e o entendimento em prol do concelho.”

Referiu já ter iniciado conversações com Hugo Oliveira, candidato da AD à presidência da Câmara das Caldas, que perdeu as eleições por uma diferença de cerca de 140 votos, e que na próxima semana reunirá com Luís Gomes, eleito pelo partido Chega, com o “objetivo de construir consensos e preparar em conjunto medidas e o futuro orçamento de 2026”. Destacou ainda que há pontos comuns entre os programas e que “o essencial será encontrar convergências, com inteligência e abertura, para servir os interesses dos caldenses”.

Questionado sobre a atribuição de pelouros aos vereadores, o presidente afirmou que “está tudo em aberto”, defendendo um diálogo franco e construtivo que permita alcançar as melhores condições para governar. Reafirmou ainda “a importância de ouvir todas as forças políticas, num momento em que o concelho deve aproveitar as oportunidades e financiamentos disponíveis”.

Por sua vez, Hugo Oliveira explicou ao JORNAL DAS CALDAS que, na manhã de dia 3, reuniu com Vitor Marques, que lhe apresentou a possibilidade de atribuir pelouros a um dos vereadores da AD. Hugo Oliveira disse que respondeu que teria de reunir com a comissão política, mas que essa hipótese está fora de questão, por entender que “quem ganha deve governar e quem perde deve fiscalizar e fazer uma oposição construtiva”.

 

Representantes dos partidos

 

Na sessão intervieram ainda os representantes de todos os partidos eleitos.

Hugo Oliveira começou por homenagear Lalanda Ribeiro, destacando “os muitos anos de dedicação às Caldas”, e lembrou José Viegas, “que hoje estaria aqui a tomar posse, mas que a vida não permitiu”.

“Dos 25.113 eleitores que votaram, 62% não quiseram Vítor Marques como presidente, mas 62% também não quiseram Hugo Oliveira. Isto deve fazer-nos refletir”, vincou.

Garantiu que a AD fará uma fiscalização ativa, mas colaborante, afirmando que o grupo estará “sempre disponível para construir e não para bloquear”, com o objetivo de “criar condições para que Caldas da Rainha cresça e ofereça melhor qualidade de vida aos caldenses”.

Entre as prioridades, destacou a suspensão da taxa de saneamento para quem não usufrui do serviço, o controlo da dívida municipal e o equilíbrio orçamental. Sublinhou ainda duas áreas que considera estratégicas e que exigem união, que são o termalismo e a luta pelo hospital nas Caldas.  Reafirmou que a AD continuará a defender que o Novo Hospital do Oeste deve ser construído em Caldas da Rainha/Óbidos.

Terminou com uma nota crítica ao desaparecimento do PS das estruturas autárquicas locais, considerando tratar-se de um “sinal de empobrecimento da democracia caldense”.

O representante do Chega, Miguel Mattos Chaves, sublinhou que a missão principal dos eleitos é “servir as pessoas do concelho e melhorar as suas condições de vida”, advertindo que, se isso não fosse cumprido, “estaríamos a trair a confiança dos eleitores”. Reforçou que, apesar de o partido não ter poder executivo, exercerá “o poder da palavra”, representando a voz de quem votou “numa mudança para melhor”.

Comprometeu-se a colaborar com todas as forças políticas em tudo o que “seja útil e benéfico para a população”, mas também a “rejeitar e denunciar o desperdício dos dinheiros públicos, os amiguismos, o nepotismo e as decisões sem utilidade para os caldenses”. Defendeu uma “gestão clara, séria e transparente” e prometeu propor medidas que constam do programa do Chega, com destaque para a redução da carga fiscal municipal. Concluiu dizendo que o partido irá “contribuir positivamente”.

Sofia Cardoso, em representação do CDS, começou por expressar a sua satisfação pelo “regresso ambicionado” do partido à Assembleia Municipal, após quatro anos de ausência, e deixou votos de “um excelente mandato” a todos os eleitos. Prestou também uma homenagem a Lalanda Ribeiro, elogiando a sua “entrega à causa pública e espírito conciliador”.

No seu discurso, defendeu uma visão estratégica e colaborativa para o futuro do concelho, apelando ao “desenvolvimento assente em paradigmas e não em caprichos políticos”. Apresentou cinco propostas-chave: criar um Compromisso de Desenvolvimento Sustentável de longo prazo, investir na digitalização dos serviços municipais, incentivar a fixação de população, valorizar as freguesias e adaptar a educação à realidade local. Destacou ainda a importância de atrair investimento, manter empresas tecnológicas como a Tekever nas Caldas e apostar em energias renováveis, justiça fiscal e planeamento estratégico. Terminou apelando a um mandato baseado no “diálogo, debate e convergência construtiva para um concelho mais desenvolvido e atrativo”.

António Curado, em representação do Vamos Mudar, assumiu o novo mandato na Assembleia Municipal com “espírito de missão e dedicação cívica”, destacando a importância do serviço público e da proximidade aos cidadãos. Reafirmou a sua defesa da melhoria dos cuidados hospitalares e da criação de um novo hospital do Oeste nas Caldas da Rainha, causa que considera essencial para toda a região. Sublinhou também a necessidade de continuar a apostar em áreas como o ordenamento do território, ambiente, economia, educação e cultura, garantindo a continuidade do progresso do concelho. Apesar de o movimento não ter vencido a eleição para a Assembleia, assegurou que o Vamos Mudar manterá uma postura ética, construtiva e de escrutínio democrático, comprometendo-se com o fortalecimento da participação cívica e da confiança entre eleitos e eleitores.

 

Eleitos para a Assembleia Municipal

 

Fernando Costa foi eleito presidente da Assembleia Municipal e os membros da AD são Raquel Marques, Manuel Isaac, Alice Gesteiro, Paulo Espírito Santo,  Madalena Mestre,  António Cipriano,  Tiago Félix e  Natércia Oliveira. Os deputados do Vamos Mudar são António Curado, José Luís Almeida, Mara Marques, João Paulo Bento, Luís Filipe, Inês Fouto, Luís Paulo Baptista, Eduardo Matos e Sandra Santos. Representam o Chega Miguel Mattos Chaves, José Oliveira e Laura Ornela.

Os presidentes das Juntas de Freguesia que também fazem parte da Assembleia Municipal são Pedro Brás – Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório (Vamos Mudar), Nuno Aleixo, Santo Onofre e Serra do Bouro (Vamos Mudar), Ana Rita Leal Carvalhal Benfeito (Vamos Mudar), João Lourenço, Tornada e Salir do Porto (AD), Paulo Sousa, A-dos-Francos (AD), Rui Henriques, Vidais (AD), Fernando Fialho, Santa Catarina (PSD), Filipe Pereira, Nadadouro (AD), Armando Monteiro, Landal (AD), Filipe Caetano, Alvorninha (AD), Pedro Costa, Foz do Arelho (AD) e Flávio Jacinto, Salir de Matos (AD).

 

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