Um atraso de tempo

25 de Outubro de 2025

Na madrugada do último domingo de outubro chega o ritual que anuncia o inverno. Ainda não está tempo para ir buscar os lençóis de flanela, começar a beber chocolate quente, e, por favor, não coloque já as luzes de Natal. Chegou a hora de recuar uma hora no tempo.

Recuar uma hora no tempo pode até parecer poético. Como se na madrugada de domingo se pudesse arrepender de algo que fez e voltar a uma hora em que ainda não tinha enviado um áudio ao seu patrão a sugerir onde é que ele podia enfiar o relatório do último trimestre.

Mas recuar no tempo serve apenas para desregular o nosso ritmo circadiano — a função no nosso corpo que nos diz quando é hora de dormir. Algo que o cérebro da minha filha parece ainda não ter desenvolvido.

Quando as pessoas dizem que antigamente é que era bom, costumo discordar. Mas quando penso que houve um tempo em que as pessoas não eram escravas do tempo, apetecia-me recuar bem mais do que uma hora.

É por isso que o primeiro-ministro espanhol propôs recentemente à União Europeia acabar com esta estupidez. Parece que estas mudanças afetam mesmo a saúde das pessoas. Ainda para mais, em Espanha o fuso horário só foi ajustado para estarem na mesma hora que o Hitler. É preciso acabar com este crime nazi que pôs os espanhóis a jantar às 22h.

Por cá essa medida também já foi testada, mas com um erro crasso. Tentámos, nos anos 90, estar no mesmo horário do resto da Europa. Ora, é claro que isso não resultou. O português está habituado a estar bem atrasado em relação ao resto. É óbvio que isso causou um mal-estar na população.

A minha sugestão é aproveitar esta altura e atrasar os relógios não uma hora, mas uns cinco anos. Assim temos desculpa para ficar para trás na produtividade. Só agora é que estamos a enfrentar uma pandemia.

A maior questão é que horário escolher. Ficar com este horário de inverno ou adotar o de verão? E por isso acho que podemos fazer algo ainda melhor. Porque não deixar cada cidadão escolher em que horário quer viver em vez de obrigarmos toda a gente a andar ao mesmo ritmo?

Assim deixamos de nos chatear com aquele amigo que chega sempre atrasado, é aceitar que ele está no fuso

horário de Bogotá. Ou respeitar quando a nossa avó começa a abrir os presentes de Natal às 21h30.

Talvez seja uma ideia demasiado avançada para este tempo. É melhor adiantar o relógio.

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