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Naufrágio deixou pescadores desaparecidos

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O mestre de uma embarcação que saiu do porto de pesca da Nazaré para a faina na passada quinta-feira e que naufragou na manhã do dia seguinte a várias milhas da costa, junto à praia do Pedrógão, em Leiria, esteve mais de oito horas agarrado a uma bóia até conseguir chegar até terra e ser salvo, pouco depois das 18 horas de sexta-feira. Os outros três tripulantes estão desaparecidos.
Alguns dos recursos empenhados nas buscas

O mestre de uma embarcação que saiu do porto de pesca da Nazaré para a faina na passada quinta-feira e que naufragou na manhã do dia seguinte a várias milhas da costa, junto à praia do Pedrógão, em Leiria, esteve mais de oito horas agarrado a uma bóia até conseguir chegar até terra e ser salvo, pouco depois das 18 horas de sexta-feira. Os outros três tripulantes estão desaparecidos.

A embarcação Letícia Clara, matriculada no porto da Figueira da Foz, sofreu um golpe de mar e virou, atirando os quatro tripulantes – um português, um marroquino e dois indonésios, com idades entre 27 e 42 anos, para a água. O mestre, Rui Camaço, de 42 anos, de Vila do Conde, o único português a bordo, agarrou-se a uma bóia de pesca da própria embarcação e foi nela que nadou até terra, ao longo de mais de oito horas. Os seus gritos a pedir ajuda foram ouvidos por elementos da Polícia Marítima que andavam nas buscas no areal.

“Foi auxiliado por dois agentes da Polícia Marítima do Comando Local da Figueira da Foz que estavam no local a fazer buscas por terra e que conseguiram retirá-lo do mar e prestar os primeiros cuidados, com o auxílio dos bombeiros, que entretanto chegaram”, relatou Cervaens Costa, comandante da capitania da Figueira da Foz.

Foi assistido e levado para o hospital de Leiria. Apresentava alguma desorientação mas estava consciente. Recuperar os níveis normais da temperatura do corpo foi a principal preocupação, não necessitando de maiores cuidados. “A indicação que temos é que efetivamente terá passado bastantes horas no mar, teremos que ver depois, em concreto, quantas terão sido, daí o estado de hipotermia em que se encontrava, mas felizmente ainda fomos a tempo”, manifestou.

Mas o armador do barco, Nelson Morgado, de Vila do Conde, criticou a resposta dos meios da Nazaré. “Só saíram às quatro e tal da tarde, quando a minha chamada a pedir ajuda foi antes das duas horas. O tempo de resposta foi muito tardio”, lamentou.

Igor Branco, presidente da Associação dos Pescadores e Armadores do Centro Litoral, acrescentou que “a comunidade piscatória da Nazaré viu que a embarcação salva-vidas estava pronta para sair mas faltava a ordem de autorização”. “É sempre uma incógnita mas poderíamos ter salvo mais vidas”, sustentou.

Contudo, às três da tarde, o comandante da capitania da Nazaré, Lopes Figueiredo, dizia desconhecer o caso, assegurando que só depois é que a situação lhe foi transmitida.

Alerta após impossibilidade de contacto

Há igualmente divergências sobre a hora de saída do porto da Nazaré, mas certo é que às oito da manhã de sexta-feira o armador tinha conseguido falar com o mestre. Foi o último contacto e na altura já o barco vinha carregado com 200 quilos de polvo e o objetivo era regressar à Nazaré, até porque o mar estava revolto, como contou o mestre ao armador.

Às 9h45 já estava incontactável. “Tentei ligar mas o telefone estava desligado. Deduzi que tivesse desviado um bocado a rota para fora, derivado do perigo de mar, e não tivesse rede. Só que passadas três horas continuava na mesma”, adiantou Nelson Morgado.

Pediu então aos tripulantes dos arrastões que estavam no mar para contactarem via rádio e não conseguiram resposta.

“A minha preocupação ainda foi maior e decidi ligar para o porto da Nazaré e pedi para o mais rápido possível colocarem meios de salvamento. Liguei para a Figueira da Foz e pedi a um amigo da Nazaré que conhece quem anda de mota de água, que são rápidos, para que saíssem para ver se encontravam alguma coisa”, contou.

Segundo o armador, tanto o mestre como os camaradas eram homens “com experiência” no mar e a embarcação, com 13,80 metros de comprimento, construída em madeira e com mais de duas dezenas de anos, “estava bem conservada e tinha sido vistoriada há três meses, tendo todos os meios de salvação ativos”. Normalmente opera entre três a cinco milhas da costa a sul da Figueira da Foz e a norte de Leiria.

Buscas no mar, em terra e via aérea

Meios marítimos, terrestres e aéreos foram mobilizados para serem encontrados os outros três tripulantes. O aparecimento do mestre permitiu reduzir as buscas a uma área mais restrita, apesar de ainda extensa. A norte da Praia do Pedrógão apareceram também vários utensílios e materiais da embarcação, como redes, cabos, lanternas, luzes fluorescentes e tábuas.

Um helicóptero EH-101 Merlin e um avião C-295, da Força Aérea Portuguesa, a corveta João Roby, da Marinha, um semirrígido da Estação Salva-Vidas da Nazaré, a embarcação com capacidade oceânica Patrão Macatrão, da Estação Salva-Vidas da Figueira da Foz, meios de todo o terreno dos bombeiros voluntários de Leiria e de Vieira de Leiria, e equipas da Polícia Marítima com um drone e da GNR, participaram nas operações até domingo.

O Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo (MRCC) de Lisboa fez a gestão dos meios envolvidos, desmobilizados ao princípio da tarde de domingo devido ao vento e à ondulação, mantendo-se apenas as buscas terrestres mais para norte da Praia do Pedrógão.

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