A apresentação do livro, intitulado “88”, foi orientada por Maria Helena da Bernarda, mentora do projeto “Nós nos outros”, no qual divulga histórias de desconhecidos com quem se cruza na rua.
Habituada a fazer entrevistas, Maria Helena da Bernarda aproveitou essa experiência para apresentar um vídeo com vários testemunhos de fotógrafos, especialistas em fotografia e também alguns transeuntes desconhecidos para falar sobre o livro de Vasco Trancoso.
Entre os depoimentos, estavam vídeos enviados por dois conceituados fotógrafos internacionais: Paul Russell (que escreveu o posfácio de 88) e David Gibson (autor de um ensaio publicado no livro anterior).
Da parte dos seus colegas fotógrafos Vasco Trancoso recebeu os mais rasgados elogios, que o colocam no patamar da fotografia de rua em Portugal e também internacionalmente. Os depoimentos das pessoas apanhadas na rua transmitem as várias sensações que as imagens provocam.
Uma das caraterísticas salientadas foi a sua opção pela cor, em detrimento do preto e branco que muitas vezes é mais utilizado neste género de fotografias. Na opinião do autor, a fotografia contemporânea tem de apostar no colorido.
O título da obra refere-se às 88 imagens que contém, dando continuidade ao livro publicado em 2020 (com o nome de 99).
A maioria das fotografias foi realizada entre Caldas da Rainha, Foz do Arelho e Óbidos. Apenas 25 foram feitas noutros locais (Lisboa e sul do país).
Com 184 páginas, o livro tem sombra do autor em cada imagem como fio condutor ao longo da sequência. “Um modo de estar, simbolicamente, atrás da câmara e à sua frente, participando também na composição”, explica sinopse.
A apresentação do livro coube também ao fotógrafo Valter Vinagre, que revelou ter sido Vasco Trancoso quem mais o despertou para um género diferente de fotografia. Na década de 70, Valter Vinagre foi assistente do antigo médico num projeto fotográfico dedicado às termas e essa experiência valorizou o seu trabalho futuro. “Obrigado, Vasco. Soltaste-me”, afirmou Valter Vinagre.
Vasco Trancoso aproveitou a presença da vereadora da Cultura, Conceição Henriques, para lançar o repto para que a Câmara crie um departamento de fotografia “que permita dinamizar, viver e preservar a fotografia de autores contemporâneos”.
“A arte com maior impacto neste século é a fotografia”, salientou o antigo médico. Conceição Henriques disse ter tomado “muito boa nota do repto que nos lançou”, acrescentando que esta é uma boa ideia e acredita que pode ser possível de concretizar.
Quanto ao livro, a vereadora comentou como se tornou óbvio nos depoimentos do vídeo apresentado de que estas fotografias suscitam sensações entre os que as veem.








