Nesta tertúlia, num diálogo informal “abrimos espaço para o encontro desses dois mundos – o material e o etéreo”, onde se falará “lógica, consciência, energia, feminino, masculino e amor, como forças que transcendem fronteiras e aproximam o humano do essencial” descreve a sinopse do evento.

Mentora de vários eventos e instrutora de yoga, Joana Santos tem vindo a desenvolver um estilo muito próprio na sua relação com a espiritualidade e o modo de viver de cada um.

Um percurso entre o corpo, a mente e o espírito

Natural de A-dos-Negros, Joana Santos é instrutora de yoga e terapeuta, com um percurso que une espiritualidade, psicoterapia corporal e desenvolvimento pessoal.

Em 2010, iniciou-se, como paciente, na psicoterapia somática corporal em biossíntese, em Lisboa, onde aprendeu como o corpo acumula os traumas. Essa abordagem fez com que se apercebesse que com essa consciência do corpo e da respiração, “ao mesmo tempo que reestruturamos os nossos pensamentos”, consegue-se viver num estado mais equilibrado.

Por recomendação da sua terapeuta, Ana Cristina Moreira, começou a praticar yoga em 2011. Porém, com o desejo de compreender a filosofia e a essência desta prática ancestral, ao longo dos anos aprofundou os seus estudos em yoga, vedanta, ayurveda, psicoterapia corporal, bioenergética e consciência emocional, com vários professores e terapeutas nacionais e internacionais.

Como ela diz em tom de brincadeira, “por engano comecei a dar aulas de yoga, até porque tenho pavor de falar em público e mexer com o ser humano requer uma enorme responsabilidade”. As primeiras aulas que deu foi em 2017 no Espaço Ó, em Óbidos.

Desde então passou por diversos espaços e clínicas da região: Casa da Árvore, Clinica Opin – Clínica de Psiquiatria e Saúde Mental, Sr. Jacinto, Junta de Freguesia de A-dos-Negros entre outros. Atualmente divide as suas aulas entre a associação Olha-Te, nas Caldas, e a Clínica Espaço Energia, nas Gaeiras.

Ana Cristina Moreira, que Joana Santos considera ter sido a sua “guru”, acabaria por falecer com cancro e isso também a sensibilizou ainda mais para o trabalho que o Olha-Te faz com os doentes oncológicos. Com as suas aulas e iniciativas tem orientado pessoas com várias patologias, não somente oncológicas, mas também degenerativas, auto-imunes, ou outras limitações físicas e psicológicas.

As suas aulas transformam-se muitas vezes em espaços terapêuticos de partilha e escuta, onde a palavra e o movimento são uma porta para o auto-conhecimento.

Quando questionada sobre o tipo de yoga que ensina, refere que “há alunos que dizem que é ‘o yoga da Joana’”.

“Eu não ensino yoga de forma tradicional, mas uma junção de várias técnicas adquiridas e vivenciadas enquanto paciente, aluna e observadora atenta do ser humano. É uma junção de várias realidades aplicadas no momento e mediante as pessoas que tenho à frente de mim”, explicou ao JORNAL DAS CALDAS.

Quando fez a formação em yoga, entre 2016 e 2018, sempre sentiu que a abordagem era demasiado rígida. “Eu sei, em mim própria, o impacto que tem o yoga e não vou fazer nada que seja mais exigente do que aquilo que possa suportar – fisica, emocional e psicologicamente. Também não o faço aos meus alunos”, referiu a terapeuta. Até porque já sofreu muitas dores porque se esforçou demasiado, sem que tivesse um acompanhamento equilibrado. Na sua opinião, é assim que o yoga deve ser encarado.

“Há pessoas que vão correr, outras vão para o ginásio ou fazem surf, mas também há quem faça yoga, e é preciso saber do que precisamos em cada momento da nossa vida”, explicou. No caso do yoga, não existe regulamentação nem certificação oficial em Portugal, ao contrário do que acontece noutros países, e é necessário ter uma sensibilidade e conhecimento empírico de como abordar cada ser humano por forma integrada.

Para além das aulas regulares participa em eventos e festivais nacionais tais como retiros, Festival da Lagoa, Alcanena Walking Festival, Tradidanças, FÓLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos, open weekend physiogo, e Semana Europeia do Desporto promovida pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha.

De uma transformação pessoal à criação de espaços de equilíbrio

Antes de se dedicar integralmente ao yoga, Joana trabalhava na revista Forbes Portugal e Angola, em Lisboa. Em 2016, viveu um “burnout”, que levou a que ficasse vários meses sem trabalhar, o que acabou por se tornar um ponto de viragem na sua vida.

“Eu exijo muito de mim e acho que tenho uma energia inesgotável”, disse, o que acabou por fazer com que fosse longe demais. Depois de recuperar, deixou o mundo corporativo e passou a focar-se no yoga e num estilo de vida mais equilibrado.

“Para mim yoga é uma forma de estar na vida. Desde o que como diariamente à forma como interajo com os demais e com o mundo à minha volta”, adiantou.

Desde então, o yoga e as terapias integrativas tornaram-se o centro do seu trabalho e da sua forma de estar. Joana dedica-se hoje a guiar pessoas em processos de reconexão com o corpo e com a consciência, através de aulas e eventos multidicisplinares.

Projetos que unem bem-estar e comunidade

Em 2023 as tertúlias existenciais surgiram como forma de abordar diversos temas ligados ao auto-conhecimento. Promovidas mensalmente com uma temática e convidados, são uma extensão natural desta visão integrativa, ou seja, “espaços de reflexão e partilha sobre temas que atravessam a experiência humana, da espiritualidade à ciência, da arte à psicologia, do movimento à alimentação, à comunicação assim como a sexualidade”.

Como é habitual os seus alunos conversarem muito nas aulas e também gostar de conversar, escolheu esta forma de envolver mais pessoas. “A ideia é trazer assuntos que muitas vezes são difíceis de abordar e dar a conhecer quem nos pode ajudar”, manifestou Joana Santos.

Na passada sexta-feira, no âmbito do Fólio, em Óbidos, promoveu o evento “Fronteiras do SER”, uma experiência imersiva que combinou yoga nidra, som e canto, “onde os participantes foram guiados numa viagem sensorial pelo ser físico, emocional e energético”, explicou a dinamizadora.

O projeto de yoga nidra & som existe há dois anos com parcerias com os terapeutas Marta Francisco e Raphael Bruno, mas também os músicos Tiago da Neta, Monica Santarém, Paul Johnson e Joaquim António Silva (Quitó).

Além das aulas regulares, Joana Santos é mentora e organizadora de eventos de auto-conhecimento e sustentabilidade humana, como o projeto LEVE, que teve início com o evento LEVE.mente em junho (Equinócio de Verão) e a celebração do Dia Internacional do Yoga, no Convento de São Miguel das Gaeiras.

Em setembro, e seguindo a mesma linha realizou-se, no espaço do Olha-Te, o LEVE.za, inspirado pelo Equinócio de Outono. O próximo deverá acontecer em dezembro.