Como em qualquer tópico polémico, existem os otimistas e os pessimistas. Para os pessimistas, a IA vai ganhar um poder tal, que vai acabar com a humanidade. Para os otimistas, a IA vai permitir que tenhamos mais tempo livre.
Não sei se concorda comigo, mas quando uma pessoa tem demasiado tempo livre, normalmente não vem aí coisa boa. Uma das ameaças principais é o número de profissões que podem ser substituídas. Significa que no futuro das empresas só existe um chefe e vários robôs. Ora, quando algo correr mal, o chefe fica exposto à sua incompetência. E toda a gente sabe que a parte preferida dos chefes é poder pôr as culpas em alguém.
O chefe pode até despedir um robô, mas esquece-se de que a máquina tem acesso imediato a todas as leis e pode muito bem arranjar forma de ter direito a uma indemnização. Vamos ver robôs mais ricos que o Mourinho.
Também já existem relacionamentos em que pessoas são trocadas por IA. É óbvio que isso não tem futuro.
A IA está sempre a elogiar-nos e toda a gente sabe que quando um parceiro nos começa a elogiar demasiado é porque nos anda a trair. Não vai tardar até que estas pessoas que têm relações com IA comecem a desconfiar que o seu robô anda metido com a Bimby.
E será que quero uma relação em que a outra parte não sabe mostrar emoções, que está sempre a alucinar e que é toda artificial? Já me bastou a minha ex-namorada.
O que me causa mais confusão é que a IA não abranda na sua evolução, mas o mais básico fica para trás. As empresas investem milhões para que a sua IA crie relatórios sofisticados, programe outras aplicações ou até faça vídeos só com texto. Mas onde está o robô que apanha os brinquedos do chão e me traz um copo de água para eu não ter de me levantar do sofá? Devia ter sido a prioridade.
Quando olho para o estado do mundo vejo que avançámos tanto até chegar à inteligência artificial que parece que deixámos a nossa inteligência para trás. Esquecemos que o valor real está nas pessoas. Mas estou a ser demasiado humanista, talvez precise de ir beber um café com um robô.










