O arguido começou a ser julgado no Juízo Central Criminal de Leiria no dia 16 de outubro, e desmentiu ter sido o autor do crime, referindo ser “pura mentira”.
Segundo a agência Lusa, num depoimento confuso admitiu ter estado com a vítima três dias antes do homem aparecer morto, revelando que tinha uma relação íntima com o falecido, mas o testemunho de uma prima negou esta versão.
De acordo com o relato da familiar, o idoso disse-lhe que tinha “tanto medo” do arguido, que ela “qualquer dia” iria encontrá-lo “morto”.
O inspetor da Polícia Judiciária de Leiria responsável pela investigação adiantou que foram encontradas “luvas com sangue da vítima” escondidas no meio de ervas, que vieram a revelar também o ADN do arguido.
Tentando justificar os vestígios do seu ADN encontrados na casa da vítima, o arguido disse que tinha utilizado umas luvas latex para ajudar a arrumar a lenha e que mexeu numas calças da vítima para as virar e ajudar a secá-las.
“Ele dava-me dinheiro sempre que eu ia lá, mas nunca lhe pedi nada. Eu era incapaz de lhe fazer mal”, disse ao coletivo de juízes, frisando que não agrediu ninguém.
Nas alegações finais, a procuradora da República considerou que o “ADN não mente” e nenhum facto credível foi apresentado que indique o contrário da acusação.
A vítima estava estendida no pátio da sua casa, na Rua Professor Adelino Rodrigues da Costa. Tinha as mãos e os pés amarrados com cordas, cordéis e arames, a boca amordaçada e sacos de plástico na cabeça envoltos em fita isoladora para o sufocar. Apresentava ainda marcas de agressão em várias partes do corpo, com recurso a um objeto não apurado.
Apesar da vítima ser uma pessoa humilde, com uma reforma de cerca de 300 euros mensais, ganhando ainda algum dinheiro com venda de ovos e galinhas, a agressão terá acontecido para roubá-lo.
O arguido, que chegou a viver nas proximidades da vítima, foi residir para a zona de Lisboa após o homicídio e foi detido a 12 de fevereiro deste ano no restaurante onde trabalhava, em Cascais, pelo Departamento de Investigação Criminal de Leiria da Polícia Judiciária.
A identificação do suspeito foi possível “em resultado dos exames no local e das perícias efetuadas pelo Laboratório de Polícia Científica da Polícia Judiciária”, mas cruzou-se com “uma coincidência”, uma vez que o suspeito “era já procurado pelas autoridades de França pela prática de um crime de roubo agravado, ocorrido em 2016”, tendo existido cooperação internacional, com a colaboração do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses e das autoridades francesas.










