O que me surpreendeu este ano foi o número de caras novas nos cartazes das autárquicas por todo o país. E não estou a falar de quando passa por um cartaz e vê que o seu mecânico agora está na política e por isso é que ainda não reparou a suspensão. Falo de jovens.
Algo que me dá alguma esperança para o futuro, mas que, ao mesmo tempo, também me faz sentir velho. É que eu sempre associei os políticos a pessoas de mais idade sem grande energia para levar o país para a frente. Mas agora há uma nova geração na política.
A última vez que este sentimento da idade a passar me tinha assoberbado foi quando comecei a ver jogadores de futebol com a minha idade. Por um lado via com entusiasmo o Bruno Fernandes ou o Bernardo Silva a estrearem-se pela seleção. Por outro, era a confirmação de que a vida me ia levar por outro caminho. Um caminho onde hoje estou a escrever esta crónica e não a preparar a qualificação para o Mundial de 2026.
É difícil para mim levar alguns destes candidatos a sério. É que eu lembro-me de ver o Carlos no 6.º ano a mostrar o rabo pela janela na aula de Ciências. E hoje está a fazer campanha pelo respeito no seu município. Ou o Vítor que na festa do caloiro andou a espalhar pela cidade tudo o que tinha ingerido naquela noite e hoje exige ruas limpas.
Mas esquecendo o passado, o que mais admiro é a coragem de avançar para um cargo autárquico e governar uma cidade inteira. Eu com a mesma idade nem me sinto capaz de governar a minha própria vida.
É preciso valorizar a atitude destes jovens, independentemente da cor partidária. Enquanto muitos já desistiram de Portugal — e com razão — estes continuam a acreditar que a mudança é possível. Nem que seja uma rotunda de cada vez.
Dario Martinho










