O primeiro evento de 2025 teve lugar na noite do passado domingo e juntou cerca de 20 pessoas. Foram menos do que as habituais, já chegaram a juntar-se cerca de 80 jovens, por causa das condições climatéricas, mas este movimento caldense tem vindo a crescer.
A Roda Cultural da Rainha foi criada em 2024 por Eduardo Clemente e Tiago Amaral. Apesar de ser recente, já estiveram presentes alguns dos atletas de freestyle que participaram no “Redbull Francamente” (o evento nacional em que é escolhido o melhor MC de improviso de hip-hop).
Às Caldas da Rainha já vieram competidores de vários lugares de Portugal, como Açores, Guimarães, Coimbra, Lisboa e Alentejo.
A primeira temporada que sucedeu no ano passado teve a temática do azulejo, que foi escolhido pela forte presença da cerâmica na cultura caldense.
A segunda temporada da Roda Cultural das Caldas tem como tema a Rota Bordaliana e as peças de Bordalo Pinheiro vão também inspirar algumas rimas. Os vencedores recebem um azulejo personalizado. “Eles são comprados e depois nós fazemos uma ‘tag’ neles”, ou seja, colocam a imagem da Roda, explicaram.
“A nossa ideia seria ter azulejos produzidos especialmente para os eventos, porém, ainda não conseguimos arranjar um patrocinador. Teremos mais destes azulejos nesta nova temporada, até porque se tornaram um dos símbolos mais icónicos da nossa Roda”, revelaram Eduardo Clemente e Tiago Amaral.
“Estes eventos costumam ter uma curta duração e são ótimos para quem busca entretenimento a um domingo à noite”, explicaram ao JORNAL DAS CALDAS.
Uma roda cultural “consiste numa batalha de rimas onde o público vota quem teve a melhor performance e este terá que passar pelas fases todas até à final para se declarar o vencedor da edição”.
Segundo os organizadores há o costume de apresentar alguns artistas no início do evento, como ilustradores ou artistas musicais, e a meio do evento é feita uma pausa para se apresentarem outros talentos, geralmente focados na área da dança.
Para a organização o ambiente dos eventos nas Caldas é acolhedor para quem nunca esteve presente numa roda de rimas.
“Este tipo de eventos é muito conhecido fora de Portugal, com maior incidência em países latinos, onde conseguem atrair um vasto número de pessoas. Aqui em Portugal os movimentos já estão a ganhar alguma tração, mas achamos que é apenas o início”, revelaram.
No Brasil este formato de batalha de rimas tem uma grande projeção e é encarado de uma forma séria. Existe uma lei, de 2018, que recebe o hip hop como Património Cultural Imaterial e protege as rodas das ações policiais, de modo a permitir livremente as manifestações culturais e a organização coletiva dos jovens.
Por exemplo, no Rio de Janeiro foi criada a Cartilha das Rodas Culturais, tendo em conta que estes encontros acabam por apresentar aos jovens “uma perspetiva de vida, pela sua capacidade de formação crítica, promoção de lazer e geração de renda”. Muitas delas acontecem nas favelas do Rio de Janeiro e tornaram-se uma forma de tirar muitos jovens do circuito do tráfico de droga, ao mesmo tempo que permitem a confrontação pacífica entre eles.
O movimento está agora a expandir-se em Portugal, numa abordagem mais cultural, existindo rodas a surgirem em vários locais. A programação da Roda das Caldas pode ser encontrada na página de Instagram: roda.cr.
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