O membro do Comité Central do PCP, Bernardino Soares, participou, no dia 15, numa audição pública sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS), na sede da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório.
Com o tema “Defender o SNS – Melhorar os cuidados de saúde na Região Oeste”, a sessão realizou-se na sequência de uma reunião dos responsáveis do partido com a administração da Unidade Local de Saúde do Oeste (ULSO).
Bernardino Soares salientou que, de acordo com as informações da ULSO, “44% dos utentes nesta região não tem médico de família”. São mais de 100 mil pessoas afetadas porque não são acompanhadas por um médico. Quem tem doenças crónicas, por exemplo, vê agravar o seu estado de saúde.
Por outro lado, acabam por ter de recorrer mais às urgências dos hospitais e depois ainda são sinalizadas como falsas urgências. “Para quem não tem onde ir, não são falsas urgências, são casos verdadeiros”, comentou o dirigente.
Em relação aos hospitais, Bernardino Soares referiu que na ULSO há uma grande lista de espera para as consultas de especialidades, como ortopedia, oftalmologia e ginecologia. Para as cirurgias as listas de espera são menores.
De acordo com as informações que obtiveram na reunião com a administração da ULSO, nos serviços de urgência dos hospitais dependem muito de médicos contratados através de empresas privadas. “Muitas vezes esses médicos falham, apesar de se terem comprometido a irem trabalhar para um determinado turno”, disse o comunista.
O PCP defende a construção urgente do novo hospital do Oeste, com mais valências e mais camas. “Estas unidades que existem não têm condições para assegurar os cuidados necessários”, salientou. Só num edifício novo será possível instalar uma unidade de cuidados intensivos e equipamentos de ressonância magnética, apontou.
Segundo Bernardino Soares, as referências no Orçamento de Estado ao novo hospital do Oeste são muito vagas e não garantem nada. “No quadro financeiro, onde estão os investimentos principais do Estado, aparecem alguns hospitais e não está o hospital do Oeste”, referiu. “Mais uma vez, a sua construção vai ser adiada”, considera.
O dirigente salientou também que as atuais unidades devem manter-se em funcionamento, mesmo depois de construído o novo hospital, de forma a garantir a proximidade dos cuidados de saúde.
Os comunistas defendem ainda o alargamento da rede de cuidados de saúde primários no distrito de Leiria, “com mais centros de saúde, mais médicos, mais enfermeiros e restantes profissionais”.
Pretendem também o reforço da capacidade de resposta dos hospitais hoje existentes em Pombal, Leiria, Alcobaça, Caldas da Rainha e Peniche.
O PCP considera que a medida de fundo indispensável para dar resposta nos cuidados de saúde à população é a garantia de um SNS forte, de forma a “garantir um acesso universal, gratuito e de qualidade”, como está escrito na Constituição Portuguesa.
O político salientou que o SNS foi uma das grandes conquistas do 25 de Abril e continua a ser essencial para os portugueses.
A principal solução apresentada para a falta de médicos passa “por recuperar para o serviço público aqueles que foram saindo e interromper este ciclo de saídas no final da formação de muitos jovens médicos para os grupos económicos”.
Por isso, exigem a “valorização das carreiras, salários justos e melhores condições de trabalho”, não só para os médicos, mas também para enfermeiros, técnicos superiores de saúde e outros grupos profissionais.
Os sucessivos governos são acusados por Bernardino Soares de terem degradado as carreiras destes profissionais, “empurrando-os” para os hospitais privados e assim “prejudicando deliberadamente o SNS”. Ao mesmo tempo “têm sido transferidos milhões de euros do Orçamento de Estado para o setor privado da saúde”.
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