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Raid Figueira da Foz-Lisboa trouxe clássicos às Caldas

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Verdadeiras máquinas do tempo efetuaram no passado fim de semana o percurso entre a Figueira da Foz e Lisboa, reeditando a primeira prova automobilística da Península Ibérica, realizada em 1902, que deu origem à fundação do Automóvel Club de Portugal (ACP). Caldas da Rainha foi ponto de paragem, para exposição, no sábado, tendo Óbidos sido palco do jantar de encerramento do primeiro dia.
Um dos carros participantes no Raid

Verdadeiras máquinas do tempo efetuaram no passado fim de semana o percurso entre a Figueira da Foz e Lisboa, reeditando a primeira prova automobilística da Península Ibérica, realizada em 1902, que deu origem à fundação do Automóvel Club de Portugal (ACP). Caldas da Rainha foi ponto de paragem, para exposição, no sábado, tendo Óbidos sido palco do jantar de encerramento do primeiro dia.

O ACP Clássicos recriou o momento histórico: O Raid Figueira da Foz – Lisboa é particularmente relevante pois marcou o início do automobilismo nacional e deu origem à fundação do ACP, em 1903, por iniciativa do Rei D. Carlos I.

O primeiro Raid Figueira da Foz-Lisboa, realizado a 27 de abril de 1902, foi organizado por um grupo de entusiastas formado por Carlos Calixto, Anselmo de Sousa, Eduardo Noronha e Henrique Anacoreta, e a prova pretendia “desenvolver o automobilismo em Portugal, dada a importância que este género de desporto tem adquirido ultimamente em todas as nações cultas”.

Agora, mais de um século depois, cerca de 30 automóveis fabricados até 1939 percorreram as estradas entre a Costa de Prata e a capital portuguesa, num evento dividido em dois dias. No sábado os concorrentes concentraram-se ao final da manhã na Figueira da Foz, tendo rumado à tarde para Óbidos, passando por Vieira de Leiria, São Pedro de Moel, Nazaré, São Martinho do Porto, Foz do Arelho e Caldas da Rainha, com exposição na Praça da Fruta. O Royal Óbidos Resort recebeu o jantar que encerrou a primeira etapa.

No domingo, máquinas e pilotos partiram de manhã em direção a Enxara do Bispo (concelho de Mafra), passando por Peniche, Lourinhã, Santa Cruz e Torres Vedras, com paragem para almoço na Quinta do Casal Novo. Depois do almoço, a última secção do Raid Figueira da Foz-Lisboa passou pela Malveira, com a chegada ao Palácio Pimenta, do século XVIII, onde está instalado o Museu de Lisboa, no Campo Grande. Aí a festa foi como em 1902, com os pilotos a serem laureados na tarja da chegada junto do público.

Além dos clássicos até 1939, sócios do ACP que tivessem automóveis fabricados entre 1940 e 1970 também podiam acompanhar as viaturas pré-Guerra.

Desde um Peugeot Bebé, o mais antigo, de 1914, passando por vários Ford A, de 1928, mas também Hotchkiss AM2 Coupé (1931), Rolls Royce Phantom II (1930), vários Buick, um Mercedes Benz 170 S (1937), ou um bem estimado Riley Sprite (1938), foi um desfile de modelos que atraiu muitos curiosos.

Para trás ficaram dois dias de “prova”, que dada a natureza “frágil” de muitas destas verdadeiras peças de museu, foi convertido num passeio comemorativo.

“Esta edição correu lindamente, com um bocado de mau tempo no início, mas no domingo esteve um dia excecional”, relatou o presidente do ACP, Carlos Barbosa. “Estiveram presentes carros muito bem conservados e andaram num ritmo muito interessante. Foi uma grande confraternização e isso deixou-nos muito satisfeitos pelo que vamos, obviamente, voltar a reeditar para o ano este Figueira da Foz – Lisboa e, quem sabe, até organizar um outro passeio dedicado a este tipo de carros”, prometeu.

Para Carlos Seruya, proprietário do veículo mais antigo presente nesta edição, o Raid já não traz grandes segredos: “É a sexta vez que participo nesta prova com o meu Peugeot Bebé. Consegui completar cinco dessas edições, isto numa altura em que fazer este Raid implicava sair às oito da manhã da Figueira e chegar ao Campo Grande às seis da tarde. Era uma estafa, mas eu também era mais novo”, recordou, entre risos. “Este Peugeot é de 1914, é uma licença Bugatti, o que torna este carro muito interessante pois foi feito pelo senhor Bugatti, mas depois vendeu a licença à Peugeot e com isso, dizem algumas versões, conseguiu dinheiro para construir a famosa fábrica de Molsheim, na Alsácia, que ainda existe”, contou.

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