A Associação Leader Oeste celebrou o seu 30º aniversário com uma série de atividades que visam dar visibilidade aos projetos cofinanciados que têm contribuído para o desenvolvimento da Região Oeste.
À semelhança do já ocorrido no Baixo Oeste, a Leader Oeste promoveu uma visita para os seus associados parceiros e jornalistas a projetos cofinanciados no Alto Oeste, que decorreu no passado dia 18.
Desde a sua criação, a Associação Leader Oeste tem desempenhado um papel fundamental no apoio a projetos de média e pequena dimensão na região. “Este apoio tem sido vital para o surgimento de novos produtos e serviços, contribuindo para o crescimento e fortalecimento da economia local, especialmente em áreas rurais”, disse José Coutinho, coordenador do GAL (Grupo de Ação Local) da Leader Oeste.
A filosofia da associação é clara: projetos de pequena escala também podem gerar um impacto significativo e duradouro no território, ainda que muitas vezes não tenham a visibilidade ou o reconhecimento de grandes inaugurações.
A Leader Oeste é responsável pelos DLBC (Desenvolvimento Local de Base Comunitária) Alto Oeste (Peniche, Bombarral, Óbidos, Caldas da Rainha, Alcobaça e Nazaré) e Baixo Oeste (Alenquer, Lourinhã, Torres Vedras, Cadaval, Sobral de Monte Agraço e Arruda dos Vinhos), gerido pelo GAL.
Ao longo dos seus 30 anos de existência foram analisados cerca de 1200 projetos e aprovadas 584 candidaturas de empresas recebidas no âmbito do PDR – Programa de Desenvolvimento Rural 2014/2020, que representaram na região cerca de 45 milhões de euros de apoio público. “Estes números são a prova de que o trabalho da associação tem sido essencial para o desenvolvimento económico da Região Oeste, particularmente para as pequenas empresas que, sem este apoio, dificilmente conseguiriam realizar os seus projetos”, referiu José Coutinho.
Durante a visita, foi sublinhado o “efeito formiguinha” que carateriza as intervenções apoiadas pela Leader Oeste. “Estamos a falar sobretudo de empresas de pequena dimensão que de outra forma têm muita dificuldade em fazer investimento”, salientou José Coutinho, acrescentando que estas ações, ao longo do tempo, transformam o tecido socioeconómico da região, promovendo o empreendedorismo e o desenvolvimento sustentável.
“Esta abordagem tem permitido que muitos projetos, que de outra forma não teriam condições de se desenvolver, encontrem o suporte necessário para crescer”, adiantou.
“Cada vez mais os fundos são difíceis de aceder porque há uma burocracia informática associada que requer conhecimento. Não basta ser um bom projeto para aceder, tem que ser bem instruído e muitas vezes essa instrução é que faz a diferença”, explicou o coordenador.
Contudo, a associação tem desempenhado um papel crucial no esclarecimento de dúvidas. “Não podemos fazer a candidatura porque somos nós que as analisamos”, esclareceu.
Segundo este responsável, estes apoios são particularmente importantes num contexto em que as “pequenas empresas enfrentam desafios específicos”. “Num mundo em que há divergência em todo o lado, em que há apoios encapotados como por exemplo a China e Índia com mão de obra barata, os Estados Unidos com incentivos fiscais por Estado, com uma redução muito grande de impostos, a Europa não pode ser a única boa aluna, tem que ter um instrumento de coesão”, apontou.
Para José Coutinho há uma necessidade imperativa de apoios. “Temos mão de obra cara e as maiores taxas de tributação do mundo. Qual é o instrumento que nos torna competitivos no mundo globalizado, em que temos todas as desvantagens”, questionou o coordenador, salientando que tem que “haver apoios deste género, senão as empresas não sobrevivem numa luta global”.
A Leader Oeste opera no âmbito do segundo pilar da Política Agrícola Comum (PAC), que se foca no investimento, ao contrário do primeiro pilar, que oferece subsídios e apoios diretos. Para o próximo período de programação, o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) prevê apoios para projetos semelhantes aos que têm sido cofinanciados até agora.
A nível financeiro, o apoio público máximo disponível para a região é de 5 milhões de euros, gerando um investimento total de aproximadamente 10 milhões de euros.
Embora este valor seja inferior ao que esteve disponível no quadro anterior, a Leader Oeste continua empenhada em maximizar o impacto dos fundos disponíveis, apoiando projetos que contribuam para a coesão e competitividade da região.
As comemorações dos 30 anos da Associação Leader Oeste são uma oportunidade para refletir sobre o impacto positivo que o seu trabalho tem tido na Região Oeste. Através do apoio a projetos de pequena dimensão, a associação tem contribuído para o desenvolvimento sustentável da região, promovendo a inovação, a coesão territorial e a valorização dos recursos locais.
Esta visita ao Alto Oeste é “mais uma prova de que o futuro da região passa por continuar a apoiar o empreendedorismo e a inovação, garantindo que os recursos disponíveis são utilizados de forma eficiente e estratégica para beneficiar o maior número possível de iniciativas”.
Gwiker
Uma das visitas foi à empresa IWPS Solutions, situada nas Caldas da Rainha, em São Gregório, dedicada essencialmente à secagem de frutos e hortícolas para produção de snacks, refeições leves e outros, comercializados sob a marca Gwiker.
A comitiva foi recebida por Diogo Maurício, um dos três sócios e diretor executivo da Gwiker, que foi fundada em 2014, começando com a produção de cogumelos shiitake.
Segundo o responsável, é uma empresa que assenta na alimentação saudável e sustentável. Tem um desidratador que é canalizado pelo ar quente gerado na fachada e no telhado do edifício para o interior da câmara de desidratação.
Atualmente tem produtos como snacks saudáveis, soluções de pequeno-almoço e refeições rápidas como barras energéticas, granolas e risotos com vegetais desidratados. Tem ainda fruta desidratada.
Além de produzir sob a sua marca, a Gwiker atua no mercado de private label, produzindo marcas próprias para o retalho nacional e internacional, e fornece matérias-primas para outras indústrias. Tem projetos na Noruega, na Suécia e na Arábia Saudita.
Apresentou a candidatura com o intuito de criar quatro postos de trabalho, num investimento de 88.582,65 euros e recebeu o apoio de 24.621,08 euros. Começou com três postos de trabalho e já atingiu os 11 colaboradores.
Flor do Vale
Houve uma paragem na Queijaria Flor do Vale, situada no Valado de Santa Quitéria, na freguesia de Alfeizerão. É uma empresa que se dedica ao fabrico de queijo utilizando leite de produção própria. O responsável, Jorge Silva, explicou a evolução e crescimento da empresa, recordando que iniciou com a sua esposa, Florbela Silva, com nove animais, onde produziam diariamente cerca de 100 litros de leite na vacaria. Com o passar dos anos foram aumentando o número de animais e, começaram a transformação de parte do leite em queijo, produzido de forma artesanal pela sua esposa.
Hoje tem um efetivo de cerca de 600 vacas. A gama de oferta é composta mais de 20 produtos, entre os queijos frescos, queijos amanteigados e o queijo de corte de fatia, bem como o leite do dia.
A Flor do Vale planeia, durante ainda este ano, começar a produzir requeijão.
A empresa fez três candidaturas de apoio. A primeira com um investimento de 86 544,09 euros e um apoio de 43.272,05 euros permitiu a aquisição de equipamentos e ferramentas para o fabrico de queijo.
Para a produção do novo produto (requeijão), com aquisição de uma estação de tratamento de águas residuais provenientes da queijaria e aproveitamento das mesmas para as regas, o investimento foi de 146.208,00 euros e o apoio de 61.670,53 euros.
O investimento de 196 279,00 euros e financiamento de 88 325,55 euros teve como objetivo a ampliação da Queijaria e Início da Venda de Leite do Dia
O beneficiário foi apoiado no âmbito do Proder com apoio de 24.985,15 euros para implementação de queijaria.
A empresa fez também uma candidatura para a renovação do Parque de Tratores Agrícolas num investimento de 41 691,60 euros e onde obteve o financiamento de 20 845,80 euros.
Vinhos Desviso
No Bombarral houve uma visita à Vinhos Desviso, que tem como atividade principal a produção de vinho biológico de uma gama média alta.
É um projeto familiar que surgiu da vontade de Marta e de Scott (ela portuguesa, ele norte-americano, casados há mais de 12 anos) de fazerem vinhos frescos e elegantes, com identidade própria e que contem também um pouco da sua história juntos.
Antes de começarem a Vinhos Desviso, o casal trabalhou em adegas nos EUA, mais propriamente em Walla Walla (estado de Washington), mas foram as experiências em vindimas em Portugal que despertaram a vontade de voltar, para trabalharem com castas portuguesas.
Depois da reconversão de um antigo armazém da família, a primeira vindima da Vinhos Desviso foi em 2022. A vindima é sempre manual, com seleção das melhores uvas. O trabalho em adega é feito com mínima intervenção.
O casal é proprietário de exploração agrícola, com oitoparcelas, totalizando 14,77ha, localizadas na freguesia do Carvalhal. A candidatura teve como intuito as primeiras plantações de vinha para a vinificação em adega própria e posterior venda de vinho para exportação, num investimento de 49.942,60 euros, tendo obtido o apoio de 24.971,30 euros.
Nelcarnes
Houve uma paragem na Benedita à Nelcarnes, reconhecida pela produção das carnes nacionais e pela qualidade e comercialização de carnes cuidadosamente selecionadas. A candidatura teve como intuito equipar a sala de desmancha de carnes para o exercício desta atividade e a criação de dois postos de trabalho para auxiliares de cortadores de carne. O investimento foi de 156.573,89 euros e contou com um cofinanciamento de 70.458,25 euros.
Cooperativa Agrícola de Alcobaça
A iniciativa contou ainda com uma visita à Cooperativa Agrícola de Alcobaça, que fez um investimento de 128.435,13 euros e obteve o apoio de 77.061,08 euros na oferta ao turismo sediada num espaço de exposição e promoção de produtos agrícolas locais, permitindo a concentração dos produtos agrícolas emblemáticos e de alta qualidade produzidos no concelho e na região.
Entreflores
A Entreflores, produção e comércio de plantas, fez um investimento de 106.830,58 euros e obteve o apoio de 53.415,31 euros, para a recuperação de quatro casas para agroturismo associado a enoturismo e o seu apetrechamento. Associado a esta empresa está a marca de vinhos Quinta dos Capuchos.
Museu da Rádio
Foi feita uma visita ao Museu da Rádio e das Máquinas Falantes, em Alcobaça, com mais de cinco mil peças que retratam a história da tecnologia do som, das telecomunicações e da radiodifusão. Um projeto do Município em que a candidatura à Leader Oeste teve como intuito obras de recuperação e adaptação do edifício para instalação do Museu, num investimento de 181.734,93 euros e o apoio de 145.387,94 euros.
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