O 51.º Congresso da Academia Internacional de Cerâmica, que se realizou na passada semana em Alcobaça e Caldas da Rainha, terminou na noite de 20 de setembro com a passagem de testemunho à presidente da Câmara de Jingdezhen, Hu Xuemei, cidade chinesa onde se irá realizar a próxima edição do evento, em 2026.
O momento foi marcado com a entrega de um Galo de Barcelos à comitiva da localidade chinesa, que é conhecida como sendo a capital da porcelana.
Ao longo de cinco dias, Alcobaça e Caldas da Rainha foram palco daquele que é considerado como o mais relevante fórum de discussão na área, que pensa a cerâmica nas suas mais variadas formas, e que reuniu, no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, mais de 300 delegados.
No discurso de encerramento, no Centro de Artes, o presidente da Câmara das Caldas, Vitor Marques, agradeceu a presença da autarca chinesa e lembrou a ligação histórica entre Portugal e China, baseada também na cerâmica. O autarca deixou o desejo que esta passagem de testemunho signifique também uma relação de amizade entre as duas cidades.
O presidente da Câmara de Alcobaça, Hermínio Rodrigues, também agradeceu a presença de Hu Xuemei, destacando que a realização deste congresso foi fruto da união entre dois territórios (Alcobaça e Caldas) pela paixão pela cerâmica.
Hu Xuemei agradeceu a hospitalidade, deu os parabéns “pelo sucesso da realização deste congresso em Portugal” e elogiou os trabalhos de cerâmica que foram apresentados.
A vereadora da cultura da Câmara das Caldas, Conceição Henriques, destacou a importância da região receber este evento, que conta com a participação de ceramistas e especialistas de cerca de 50 países, de vários continentes.
Durante o congresso, foi o eleito o novo presidente da Academia Internacional de Cerâmica, Oriol Calvo Vergés, que é também o diretor do Museu de Cerâmica de Argentona (Barcelona).
O também diretor executivo da Associação Espanhola de Cidades Cerâmicas elogiou o trabalho realizado pelos portugueses e lembrou o processo de constituição da Associação Portuguesa de Cidades e Vilas de Cerâmica, do qual fazem parte Alcobaça e Caldas da Rainha, a partir do qual se candidataram para a organização deste evento.
“O trabalho realizado pela organização deste evento foi excecional, principalmente porque foi realizado em tempo recorde”, afirmou, explicando que estava prevista a realização do congresso na Coreia do Sul. Perante o anúncio dos organizadores daquele país de que não iriam avançar, em 2023, foi necessário recorrer a Portugal, para onde estava prevista acontecer uma edição do congresso em 2026.
“Portugal demonstrou como realmente sabe fazer, com uma grande capacidade organizativa”, salientou. “Todos os membros da Academia deram os parabéns pela forma como o congresso foi organizado”, concluiu.
Nesse dia, que terminou com um jantar volante no Centro de Artes, foi ainda inaugurada a sede da “Caldas, Cidade Criativa”, no espaço conhecido como “Casa Amarela”. O diretor do Centro de Artes, José Antunes, lembrou que a reabertura deste espaço “foi um projeto longo e com muitas dificuldades”. Há cerca de 15 anos que este projeto estava para ser concretizado.
Passará a ser a porta de entrada do Centro de Artes, onde irão estar também os serviços administrativos e com áreas expositivas.
A “Casa Amarela” tem agora exposta parte da “Coleção de Arte Popular de Victor Santos”, que tem cerca de três mil peças e foi adquirida pela autarquia, ao ator, em 2008.
A coleção integra um conjunto de temáticas variadas que abrangem a olaria, a barrística, a arte pastoril, a latoaria, a cestaria, os metais, os barcos tradicionais, as máscaras e ainda um pequeno núcleo com diversidades no campo da arte popular, que engloba desde bonecas de trapos e brinquedos cobertos com lãs e tecidos, a utensílios de madeira, objetos de palha, chinelos e meias, esculturas rústicas de pedra, molduras religiosas, entre outras.
Durante a realização do congresso houve várias exposições e mostras, algumas das quais vão continuar patentes, como é o caso da que apresenta trabalhos de membros portugueses da academia. Esta exposição está patente até 30 de novembro, na sala de exposições do CCC.
0 Comentários