A Associação Social e Cultural Paradense (ASCP) inaugurou no dia 19 de setembro a sua nova resposta social, o CAFAP – Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental, que visa tornar funcionais famílias em risco. Promover a “reunificação” e a “preservação” familiar é o principal objetivo do centro, único no sul do distrito.
O CAFAP Paradense começou a funcionar em maio deste ano e é desenvolvido através de acordo de cooperação com o Centro Distrital da Segurança Social de Leiria.
A sede de atendimento às crianças, jovens e famílias é no 1.º andar do Hospital Termal nas Caldas da Rainha, no âmbito de um protocolo com a Câmara Municipal, que cedeu o espaço.
O centro é uma resposta social que presta um serviço de apoio especializado às famílias com crianças e jovens, vocacionado para a prevenção e reparação de risco psicossocial, mediante o desenvolvimento de competências parentais, pessoais e sociais das famílias.
Segundo Vanessa Sobreiro, diretora técnica da ASCP, com sede no Chão da Parada, estão a intervir em duas modalidades. A preservação familiar visa prevenir a retirada da criança ou jovem do seu meio natural de vida e a reunificação familiar propõe o regresso da criança ou jovem ao seu meio familiar, designadamente nos casos de acolhimento em instituição ou em família de acolhimento, através de uma intervenção focalizada e intensiva que pode decorrer em espaço domiciliário e/ou comunitário.
“Uma das modalidades que é o ponto de encontro familiar, que estimula a manutenção ou o restabelecimento dos vínculos familiares, não nos candidatámos e é a particularidade que nos falta para completar a resposta social”, referiu a diretora técnica, revelando que têm já 30 famílias em preservação e 6 em reunificação.
“O objetivo é crescer, porque temos capacidade para apoiar 40 famílias em cada modalidade”, contou Vanessa Sobreiro.
Atualmente o CAFAP Paradense tem uma equipa composta por três técnicas cem por cento afetas ao projeto. Vanessa Sobreiro dá apoio a nível de direção técnica e há uma educadora de infância, uma assistente social que tem formação em mediação familiar na área de intervenção sistémica e uma psicóloga.
Será contratado um técnico superior em outras áreas e um agente de educação familiar. “O corpo técnico irá crescer consoante o aumento dos processos”, revelou a diretora técnica da ASCP.
Quanto a quem pode sinalizar as pessoas para esta resposta social, pode ser através da própria família, escolas, técnicos da segurança social, Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, tribunais e equipas de apoio e ainda instituições que desenvolvam trabalho com crianças e jovens.
“O objetivo é dotar as famílias de ferramentas para poderem ser melhores cuidadoras. Promovemos competências de cuidado parental e para prevenir dinâmicas de perigo que conduzam à necessidade de retirada da criança do seu contexto natural de vida”, adiantou.
A diretora explicou que primeiro a família é sinalizada e depois a equipa multidisciplinar faz uma avaliação de diagnóstico e elabora um plano integrado de apoio. “A primeira intervenção com a família é sempre a nível do atendimento, que é feito na sala do Hospital Termal. Depois é que passamos para as visitas ao domicílio, onde fazemos a intervenção a nível de aconselhamento escolar, na rotina da criança. Ensinamos a cozinhar, ou seja, dotamos de ferramentas para que possam melhorar os aspetos que estão em falha e que acabam por conduzir à negligência da criança ou jovem”, acrescentou.
A responsável revelou que “é muito importante ajudar a resolver situações de conflito parental para que as crianças e jovens não sejam retiradas à família”.
A resposta é cem por cento financiada pelo Instituto da Segurança Social. As famílias não pagam qualquer intervenção e os custos prendem-se com o pagamento aos recursos humanos e viatura para deslocações ao domicílio.
O protocolo foi assinado com o Centro Distrital da Segurança Social de Leiria, “assumindo um papel de grande importância no apoio aos Tribunais, Comissões de Proteção de Crianças e Jovens, Câmaras Municipais, Agrupamentos de Escolas e Saúde, uma vez que é a única resposta deste género mais a sul do distrito”, disse o diretor do Centro Distrital da Segurança Social de Leiria, João Paulo Pedrosa, na sessão de inauguração.
Nova resposta para famílias em risco
O responsável recordou que a primeira resposta CAFAP foi na Marinha Grande e durante muitos anos só havia esta resposta e a necessidade de trabalhar com as famílias com problemas. “Felizmente a Associação Paradense viu aprovada a sua candidatura e houve também a criação de CAFAP em Leiria”, referiu.
“Ensinar a ser mãe e pai é decisivo e o projeto CAFAP representa uma nova resposta social para famílias em risco”, salientou João Paulo Pedrosa.
O diretor disse ainda que a sala no Hospital Termal é o local ideal porque “a Segurança Social tem aqui no edifício alguns serviços, como a equipa que trabalha com os tribunais na área familiar (Serviço de Apoio a Tribunais)”.
O presidente do Município das Caldas, Vitor Marques, destacou o facto da “região passar a ser dotada desta resposta ao nível do apoio familiar e aconselhamento parental” revelando que uma das apostas do executivo “foi a área social do desenvolvimento humano, que tem sido bastante trabalhada e bem-sucedida”. O autarca salientou as dificuldades com a imigração, que precisa de respostas.
O presidente da direção da ASCP, Joaquim Fragata, agradeceu às entidades que “acreditaram na nossa associação para esta nova resposta que estamos a abraçar com muito empenho”.
O presidente da União das Freguesias de Tornada e Salir do Porto, João Lourenço, classificou o novo projeto “muito importante para o distrito devido à grande carência”, mostrando-se disponível para ajudar no que for necessário.
A diretora técnica da ASCP revelou que foram contemplados no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) com o alargamento da capacidade de creche para mais duas salas (31 vagas) para o ano de 2026, uma para crianças entre os 12 a 24 meses e outra dos 24 a 36 meses.
0 Comentários