O município das Caldas da Rainha decidiu este ano transformar o habitual almoço para emigrantes num lanche, no dia 7, e o número de participantes foi ainda menor do que no ano passado, que já ficara bastante aquém de edições anteriores.

Em 2022, quando as Tasquinhas voltaram a realizar-se após a pandemia da Covid-19, não se realizaram as celebrações do Dia do Emigrante, o que causou algum mal-estar entre a comunidade.

“Sentimo-nos menosprezados, era algo que se realizava há muitos anos”, comentou em 2023 o presidente da Associação Regional Caldense (ARC), Jorge Ventura.

Este ano o dirigente também não concordou com a alteração de almoço para lanche, mas aceitou a desafio da Câmara das Caldas. Contudo, acha que a divulgação “foi feita muito em cima da hora”, o que poderá ter afastado alguns dos potenciais participantes.

Para o presidente da Câmara, Vitor Marques, é normal que o número de participantes esteja a ser reduzido, uma vez que a emigração de portugueses é feita de uma forma diferente e com mais proximidade a Portugal durante todo ano, não só em agosto como acontecia anteriormente.

No entanto, “não queremos deixar de dar um carinho, que eles merecem, por tudo aquilo que contribuíram sempre para a comunidade e por levarem mais longe o nome das Caldas”.

O presidente da ARC acha que é essencial que não se perca este dia dedicado aos emigrantes pela forma como isso mantém uma ligação da comunidade às Caldas da Rainha.

De acordo com Jorge Ventura, deixou de ser normal os portugueses emigrarem para os Estados Unidos, mas a comunidade que já existia é forte e tem muitos laços entre si. “Com a abertura das fronteiras, é normal que as pessoas se sintam mais confortáveis em emigrarem pela Europa”, fez notar

Por outro lado, há lusodescendentes que já estão na quinta geração e acabam por não terem ligação a Portugal, por não criarem raízes enquanto são crianças. “Os mais novos quando vêm para cá passar férias, queixam-se de que não conhecem ninguém aqui”, referiu.

No lanche participaram portugueses emigrados em vários países, desde o Canadá à Holanda, mas principalmente na Suíça e França. João Henriques, natural da Mata do Porto Mouro, emigrou para a Holanda em 1972 e, depois de se reformar, voltou para Portugal. “Este é o meu país e tenho aqui a minha família toda”, explicou. Até os filhos que teve na Holanda quiseram viver em Portugal, onde acabaram por nascer os seus netos.

Natural do Bombarral, mas com famílias de emigrantes oriundas das Caldas, Maria de Jesus está emigrada na Suíça há 40 anos e tem vindo sempre ao convívio nas Caldas. “Ser lanche ou almoço é indiferente, é sempre bom ter esta festa”, comentou.

A seguir ao lanche, com animação musical de Cátia Sofia, foi feita uma homenagem aos emigrantes, junto ao monumento instalado na rotunda junto à antiga EDP.

À noite, com a atuação da cantora caldense Rebeca, o ambiente foi bastante mais festivo, com as Tasquinhas a registarem o seu melhor dia até aí.