Na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), um dos conceitos básicos é a teoria dos órgãos e vísceras (zàng fǔ 脏腑). Este conceito teórico por vezes leva a alguma confusão por parte do paciente, pois os nomes dos órgãos são os mesmos que damos no modelo teórico moderno.
Fígado, rim e coração são exemplos de órgãos que todos conhecemos, porém, existe uma diferença fulcral nas definições destes termos. Quando falamos com o nosso médico de família e ele nos diz que temos um problema no fígado, vêm à cabeça doenças como a cirrose hepática ou hepatite, pois a doença é diagnosticada no órgão em si, o que nunca são boas notícias.
Contudo, quando um especialista de MTC diz que temos um problema no fígado, ele está na verdade a dizer que o conjunto de funções metabólicas ao qual damos o nome “fígado” não está em equilíbrio. Na prática, isto pode indicar sintomas tão variados como dor de cabeça, alterações na visão, problemas digestivos, problemas na menstruação e até mesmo doenças de pele.
A noção de órgão na MTC é ampla o suficiente para abranger todos os aspetos da vida humana, muito bem representada pela teoria dos 5 movimentos (também conhecida como 5 fases ou 5 elementos), onde se categoriza cada órgão e víscera dentro de cada um deles, juntamente com outros elementos como emoções, sabores, movimentos, cores, sons, etc…
Existem, naturalmente, pontos de convergência entre o modelo teórico moderno e o tradicional chinês, mas na sua grande generalidade é necessária uma compreensão completa do sistema antes de dar um diagnóstico preciso. Não é plausível ser diagnosticado com um desequilíbrio do rim e ir a correr fazer uma ecografia para ver como estão os rins, e isto aplica-se também a todos os outros órgãos.
Assim, na próxima vez que algum técnico de MTC lhe disser que tem um problema no fígado, não entre em pânico! Siga os conselhos que lhe forem dados e com certeza em pouco tempo irá caminhar em direção a uma vida mais saudável e feliz.
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