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Associação Escolha criada para apoiar as mulheres na interrupção voluntária da gravidez

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A Associação Escolha teve início em maio deste ano e pretende acompanhar mulheres no processo de interrupção voluntária da gravidez (IVG). Patrícia Cardoso, cara da associação, que fundou, depois de uma recusa no hospital das Caldas da Rainha.
Patrícia Cardoso com a t-shirt da Associação Escolha

A Associação Escolha teve início em maio deste ano e pretende acompanhar mulheres no processo de interrupção voluntária da gravidez (IVG). Patrícia Cardoso, cara da associação, que fundou, depois de uma recusa no hospital das Caldas da Rainha.

Em 2020, Patrícia Cardoso contactou o Hospital das Caldas da Rainha para proceder a uma IVG e revelou que lhe foi dito que “aqui não fazemos”.

Atravessava-se a altura da Covid-19 e, por isso, encontrava-se em confinamento na Foz do Arelho, local onde os pais têm uma casa. “O hospital público mais perto era o das Caldas da Rainha”, contou. No entanto, ao contactar por telemóvel, uma que vez não se deslocou lá devido à pandemia, foi-lhe logo negada a IVG. “Liguei no dia seguinte a fazer o teste e foi aí que disseram que não faziam e quem referenciam tinha que ir ao centro de saúde e depois ir para Lisboa”, relatou.

O alegado motivo para rejeitarem o procedimento foi a objeção de consciência. Confessou que até então nunca tinha ouvido falar sobre isso, no entanto, é da opinião que “mesmo assim a objeção de consciência é pessoal, não é das instituições. Portanto, a instituição deveria ser obrigada a garantir o serviço”.

Para além de lhe estarem a impedir de exercer o seu direito, sendo a IVG um procedimento legal em Portugal desde 2007, considera ainda que foi atendida com arrogância. “Uma senhora muito antipática, muito indisponível para ajudar uma pessoa que está pela primeira vez a passar por essa situação”, manifestou.

Durante todo o processo referiu que procurou ajuda. “Na altura tentei falar com a Associação de Planeamento Familiar e vi que não havia nenhum controlo deste tipo de negação de serviço”, acrescentou. “Sabiam que se fazia, mas não sabiam em que hospitais, não sabiam o que é que se passava, ninguém falava sobre isto”, sublinhou.

Após todo o processo para resolver o seu direito, a solução que encontrou para conseguir proceder à IVG foi no privado, em Lisboa. “Eu fiz na Clínica dos Arcos, tranquilamente”, indicou.

Patrícia Cardoso disse que ao passar pela experiência pessoal conseguiu perceber o que se passava ao longo de todo o país e não só com ela. “O serviço público foi-me negado. Abriu-me a noção para um panorama nacional em que o serviço público, que está na lei, é negado a várias mulheres todos os dias, em vários hospitais”, declarou. 

Com a sua situação já resolvida, Patrícia Cardoso, que é jornalista, começou a escrever e a pesquisar sobre o assunto e “começaram a surgir testemunhos sobre a mesma situação e piores, porque eu podia pagar para o privado mas muita gente não pode”.

Com toda esta situação foi começando a surgir a ideia da Escolha. “Esta foi a altura certa para criar a associação”, esclareceu.

A associação procura “acompanhar todo o processo”, desde “uma rapariga ou mulher que vai fazer uma IVG e não sabe o que fazer, porque está perdida”, isto porque “a informação que existe é realmente institucional e chata, e é inexistente a ajuda oferecida, não há um número claro e sobretudo um apoio”. A forma com que procuram fazer esse acompanhamento é “uma coisa mais informal do que estas pessoas dos hospitais que conseguem ser muito grossas”.

A fundadora da associação fez notar que o processo de ajuda tem um antes, um durante e um depois.  “Interagimos aqui de forma muito ampla. O antes para a pessoa saber o que é que tem que fazer na IVG para evitar bater com a cara na porta, como eu bati e como tantas outras. O durante para acompanhar o processo é uma relação muito próxima e muito informal, para a mulher se sentir acompanhada. Depois do processo, também passam-se anos e a mulher não consegue sair desse momento e sente uma culpa qualquer da sociedade, e ajudamos para que ela resolva isso para poder seguir em frente”, descreveu.

Quanto a projetos futuros, “a Escolha quer que isto se discuta a um nível escolar, o nosso objetivo no próximo ano letivo é conseguir levar estas discussões para a escola”.

Pretende também alterações na legislação, pois “há uma total ignorância da lei do que têm que fazer”. Alertou ainda que “depois das dez semanas pode-se ser presa se fizer um aborto”. “As mulheres podem só descobrir a gravidez às seis semanas e torna-se uma luta horrível contra o tempo”, sustentou. A alteração que a Escolha pretende é que seja possível a IVG até às doze semanas, como nos restantes países da Europa.

Com dois meses e pouco de existência da Associação Escolha, Patrícia Cardoso revelou que, em média, todas as semanas têm alguém que a procura. O que se vê são “mulheres que se sentem muito desapoiadas na sociedade” e que veem na associação uma ajuda.

“O que mais me dizem é que sentem aliviadas de ter um apoio, aliviadas de falar sobre isso”, isto porque “a IVG ainda tem um tabu tão grande”.

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