Era o sonho da aniversariante chegar a esta idade e poder festejar com a família, amigos e a população da aldeia. Outro desejo era ter um bolo de aniversário que se destacasse e também pediu para convidarem o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
De modo a cumprir a sua vontade, a festa de aniversário foi organizada pela família, que sabia os seus desejos, e a celebração superou todas as expectativas.
O bolo de aniversário, com mais de um metro de comprimento, foi confecionado pelo Atelier do Doce, que tem a sua sede no Casal Amaro, uma povoação junto ao Casal Pardo. O único desejo que não foi cumprido foi a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de ter sido convidado.
A aniversariante subiu ao palco acompanhada pelos seus dois filhos, José e Mabilde Machado. No palco fez barulho a bater tampas de tachos. “Ela tinha um ritual onde à meia noite de 31 de dezembro passava com os filhos na rua onde reside a bater tampas de panelas, uma tradição para atrair boa sorte e felicidade para o novo ano. Ela passava na rua a fazer barulho para que as pessoas fossem celebrar para o exterior com ela”, recordou um dos convidados, residente no Casal Pardo.
Antes de cantarem os parabéns, Maria Evangelina Bernardino disse ao microfone para todos ouvirem que estava a gostar muito da festa. “Não esperava que fosse assim, esperava que fosse pior. Estou bem, estou bem disposta e gostei de ver esta gente toda”, disse. Se cá vieram é porque gostam de mim. Estou rodeada de amigos”, adiantou, salientando que se dá bem “com toda a gente”. “Gostam de mim e eu gosto deles”, concluiu.
Os parabéns foram cantados ao som do Grupo de Concertinas de Óbidos, que surpreendeu a aniversariante.
Maria Evangelina Bernardino nasceu a 15 de junho de 1924 nos Casais do Norte, em Alfeizerão. Vive no Casal Pardo com a sua filha Mabilde Machado.
Autónoma no dia a dia, ainda faz o seu pequeno almoço e a sua higiene pessoal. Veste-se e despe-se sozinha e come pela própria mão. Quando lhe apetece vai para a cama sozinha. Todos os dias faz uma caminhada de cerca de 800 metros com a sua filha. Dobra a roupa, porque “foi sempre muito arrumada e meticulosa”, contou a Mabilde Machado.
A centenária é a mais velha de três irmãos que já faleceram. “Os pais eram agricultores e ela trabalhou na agricultura, embora diga muitas vezes que tinha muita pena porque os irmãos estudaram e ela, como era rapariga, tinha de ajudar na lida da casa e na agricultura e que a caneta dela era uma foice para apanhar as ervas. Ainda hoje diz isso com uma certa tristeza”, relatou a filha.
Casou com José Machado, que era natural do Casal Pardo, localidade onde ficaram a viver. Foi doméstica e ajudava o marido no tratamento dos animais e na agricultura.
Teve dois filhos, José Machado, que tem 74 anos, e Mabilde Machado, de 65 anos. Tem duas netas e três bisnetos. Ficou viúva em 2001. “Desde os 80 anos, depois de enviuvar, fizemos questão de comemorar sempre o aniversário dela. Fazíamos uma festa mais particular na casa dela, convidávamos os familiares mais diretos”, contou Catarina Machado, neta.
A festa do centenário iniciou com um almoço mais reservado para a família e a partir das 16h00 foi aberto o salão do Casal Pardo para toda a comunidade que quisesse celebrar com a aniversariante. Segundo a filha, “convidei as pessoas todas da aldeia pessoalmente, para se sentirem mais convidadas. Mas há sempre o receio de esquecer alguém, então colocámos o convite nas redes sociais e no comércio da aldeia”.
Na coletividade do Casal do Pardo todos estavam muito satisfeitos por comemorar os cem anos de Maria Evangelina Bernardino, que recebeu “muito carinho e calor humano”.
0 Comentários