“Puxar e abanar a consciência para este tema”, foi o objetivo da iniciativa organizada por Filipe Pereira, hipnoterapeuta e alquimista da consciência com o apoio do Café Concerto do CCC e do JORNAL DAS CALDAS.
Ana Henriques, mãe e criadora da Parentalidade e Educação de Dentro para Fora (coach e mentora parental familiar e educacional) e Lurdes Pequicho, educadora de infância e coach infantil e juvenil, foram também oradoras do evento.
“Higienização da mente”
Filipe Pereira,que faz acompanhamento por hipnoterapia, iniciou a conversa salientando a necessidade que nós temos de “abrir o caminho e expandir a consciência”.
“A expansão da consciência é um conceito que se refere ao processo de aumentar a perceção e compreensão da realidade”, explicou, acrescentando que “esse processo pode envolver o entendimento sobre a nossa vida e a melhoria do bem-estar mental e emocional”.
“Há três anos eu tinha um problema e hoje esse problema já não tem a mesma dimensão, portanto, elevei a minha consciência sobre alguma coisa”, adiantou, propondo que “consigamos olhar para a educação e para aquilo que é o nosso papel na sociedade e na família e potenciar a nossa consciência”.
O orador destacou ainda o autocuidado e a higienização da mente. “É preciso saber o que nos faz vibrar e dessa forma cuidar emocionalmente de mim de forma a promover o meu bem-estar”, contou.
“Nós somos produto desta sociedade competitiva. Fomos para a escola e fomos formatados para a competição e acabamos por fazer a mesma coisa às crianças. Apropriamo-nos da consciência delas porque não têm as aplicações que precisam para a vida”, apontou.
Filipe Pereira considera que somos “hoje muito manipulados pela nossa opinião e se nós temos a tirar parte da consciência à criança porque a escola ou professor não deixa a criança ser aquilo que ela quer ser nós temos simplesmente a formar novos soldados para este tipo de sociedade e o soldado apenas tem a tarefa de cumprir”, afirmou.
O hipnoterapeuta disse que as “crianças estão completamente desassociadas” porque o “digital provoca um transe automático que é a baixa energia do consciente”.
Falou também da energia do medo e como essa emoção pode influenciar o comportamento e a energia de uma pessoa. “O medo pode influenciar decisões e comportamentos, muitas vezes levando a frustrações”, salientou.
“Cada um tem a sua forma de intervir na sociedade e é preciso cultivar a energia criativa às crianças de forma a impulsionar a capacidade de gerar ideias novas, inovadoras e originais”, referiu.
Este responsável salientou ainda que as crianças na escola não têm a “mesma forma de aprendizagem” e que “é importante não limitar o aluno, deixá-lo ser a ele próprio para se poder exprimir e mostrar aquilo que quer mostrar”. “Não podemos achar que a minha verdade é a verdade dele”, adiantou.
Filipe Pereira pediu à plateia para imaginar “o que as crianças sentem numa escola que não lhes pergunta o que eles querem”. “E se os pais de alguma forma também não perguntarem o que eles querem é claro que os miúdos andam desmotivados e desassociados”, referiu, considerando que é importante incutir a “participação”.
“Os professores podem dizer que o sistema é assim, mas só é assim se eles não fizerem diferente”, afirmou, acrescentando que “há docentes que fazem diferente e são recompensados por isso e há outros que vivem no medo”.
“Vibrar no medo afeta o corpo que fica denso e prejudica a capacidade de tomar decisões, inovar e viver plenamente”, declarou.
Manifestou também que não vê diferença entre as “orelhas de burro no passado e o quadro de honra do presente”.
“É preciso fazer diferente na escola”
Ana Henriques, que ajuda crianças e suas famílias e ainda profissionais de educação a criarem relações saudáveis e de conexão, declarou que demorou 45 anos para estar “confiante e conseguir exprimir a sua opinião”.
Antes de trabalhar nesta área contou que sofreu um burnout por “ter assumido coisas que não eram a minha verdade, mas era aquilo que sentia que tinha que ser”.
Referiu que na sua prática observa muito a comunicação dos pais e a dos professores e considera que “a comunicação que utilizamos para com as crianças é muitas vezes potenciadora de crenças limitadoras em vez de ser pela positiva”.
Revelou que há países nórdicos que ao contrário da nossa educação trazem “muitas afirmações positivas como tu és capaz, tu fazes a diferença, tu és espetacular e único e os miúdos precisam disto”.
Ana Henriques, que continua a dar aulas numa escola, apontou que “nós, adultos, temos que fazer a diferença na vida das crianças”. “A maior parte dos problemas e questões não é da criança, é do adulto”, relatou, defendendo a “oportunidade de fazer diferente e de deixar as crianças pensarem por si”. “Aqui entra a apropriação da consciência e controlo sobre os próprios pensamentos, emoções, crenças e comportamentos”, sustentou.
“Eu tenho que dizer às crianças que a opinião delas é boa e permitir que elas sejam quem elas querem ser”, referiu, adiantando que fazer isto numa sala de aula “dá muito trabalho”. “Percebo que os professores deveriam de ter metade dos alunos mas há um docente nas Caldas que está a fazer diferente e a ter resultados positivos considerando que os educadores têm que sair da caixa e fazer a diferença”.
A responsável disse que a educação hoje é “exatamente a mesma que na era industrial”. “Não é por se levar os telemóveis para fazer um exercício que estamos a evoluir”, apontou.
Segundo esta coachao fazer diferente, os educadores e docentes podem criar ambientes de aprendizagem mais dinâmicos, inclusivos e eficazes, capacitando os alunos a alcançar o seu potencial.
“As crianças têm falta de autoestima”
Lurdes Pequicho, que é educadora de infância na Associação Cultural e Recreativa Paradense, salientou que “fazer diferente traz medo”. “Existe uma preocupação com as possíveis consequências negativas de tentar algo novo”, contou. No entanto, referiu que fazer diferente pode “correr bem, o que obriga os outros professores ou educadores a fazer e a ter o mesmo trabalho, o que também é um problema”, salientou.
A também coach infantil e juvenil que ajuda famílias sustentou que, na maioria dos casos, as problemáticas das crianças estão relacionadas com “a falta de autoestima e de autocontrolo sobre o seu próprio comportamento”.
“Nós só conseguimos dar aquilo que temos. Se eu na minha infância não tive amor, não tive validação e reconhecimento dificilmente vou conseguir dar ao meu filho ou às minhas crianças esses valores e incentivos”, declarou.
Segundo a oradora, “se uma criança for emocionalmente motivada ela vai conseguir fazer tudo o que pretende porque acredita que é capaz de o fazer”.
Lurdes Pequicho vincou que é preciso “valorizar os que as crianças fazem bem”. “Só quando estamos bem é que conseguimos cuidar bem dos outros”, adiantou a coach, acrescentando que só “gente feliz é que pode cuidar de crianças felizes”. “As mulheres na nossa sociedade ainda estão muito sobrecarregadas e precisam de tempo para cuidar delas”, acrescentou.
Considerou ainda que “as crianças precisam de ser ouvidas e também saber que são amadas”.
A próxima conversa para Mudar o Mundo terá o tema do “Associativismo e Cooperação”. A data será anunciada.
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