André Villas-Boas, candidato à presidência do FC Porto, esteve num evento de campanha nas Caldas da Rainha, na passada quinta-feira, visitando a sede dos Dragões do Oeste e explanando as suas propostas eleitorais no auditório da Expoeste, estiveram mais de sete dezenas de pessoas para ouvi-lo e também para lhe fazer perguntas.

Antes de se dirigir aos adeptos do clube, André Villas-Boas falou com os jornalistas e afirmou não sentir pressão do atual presidente e também candidato, Pinto da Costa. Foi uma forma de tentar mostrar que não se deixa intimidar, apesar de com o aproximar do dia da eleição estar a subir o tom da campanha, sobretudo do lado do histórico líder, que tem dirigido críticas à candidatura de André Villas-Boas.

“Nenhuma pressão. Estamos com uma candidatura muito forte, uma onda crescente e temos bons indicadores relativamente a esse crescimento. É preciso que os sócios ditem esta mudança e o futuro está nas mãos deles”, vincou.

Foi um adepto quem lhe fez a pergunta para qual todos estavam interessados na resposta: Se Sérgio Conceição é o treinador com quem pretende contar.  

Villas-Boas fez notar que o técnico não se tem envolvido na campanha e como tal também não quer trazer o nome dele para o debate. “Identificamos no Sérgio Conceição o puro sentimento portista. Quando fala, e na forma como o faz, demonstra caráter, carisma e veracidade. O Sérgio disse que iria manter-se à parte do ato eleitoral. Tendo em conta isso, eu fiz exatamente a mesma coisa. Enquanto tratar do ato eleitoral da forma respeitosa como tem feito, essa para mim é uma máxima para com ele. A nossa época também o merece, não está a correr da forma como todos queremos. Sei que é a pergunta do milhão de dólares, mas o Sérgio merece esse respeito e os portistas também”, respondeu.

Ainda assim, não deixou de tecer considerações sobre o treinador e o seu contrato: “As épocas planeiam-se com mais tempo do que isto. No ano passado, em junho, a minha grande interrogação à direção do FC Porto foi perguntar porque é que o treinador ainda não tinha renovado contrato. Na minha ótica, um treinador tricampeão pelo FC Porto tem de renovar depois do jogo com o Inter, pela forma como a equipa é eliminada, para conforto da própria massa associativa e porque também fui treinador, sei que há momentos em que é preciso que a direção dê a mão, dê um sinal que acredita. Isso não aconteceu”.

O candidato também retorquiu à farpa de Pinto da Costa que havia dito que se Villas-Boas convidar Sérgio Conceição para se sentar com ele para falar da renovação vai ter de ficar de pé. “Tenho 46 anos, posso ficar de pé, não preciso de ficar sentado”, ironizou.

E apesar de ter salvaguardado que o FC Porto tem “um presidente histórico, que será sempre honrado”, neste contacto com os adeptos e apoiantes da sua candidatura, Villas-Boas disse que “é preciso olhar para o futuro do clube porque está cada vez mais em risco”, que o FC Porto “tem de se encontrar” e é com esse objetivo que apresenta a candidatura em “espírito de missão”, para inverter o cenário de “contratações falhadas e de falta de equipas competitivas”.

“O presidente está no seu direito de exprimir as opiniões que entender. Eu estou focado em construir a minha candidatura o mais forte e sólida possível e apresentar aos sócios uma opção credível”, declarou, destacando que tem recebido “muitas manifestações de apoio”.

A atual situação financeira do FC Porto foi outro dos aspetos focados. “Só agora é que o universo portista começa a descobrir determinadas coisas, porque elas eram desvalorizadas. O FC Porto tem 500 milhões de passivo. A nossa situação financeira é débil”, sublinhou, fazendo também notar que “o que tem faltado é planeamento”. “Contratámos muito e mal, e pagámos um preço muito elevado por três títulos que temos nos últimos dez anos. Infelizmente, são anos que marcam um caminhar para a ruína financeira do clube e é aqui que nós temos de pôr um travão imediatamente”, comentou.

“Reduzir as despesas do conselho de administração e os custos da estrutura do clube, e acabar com a gestão caótica”, são medidas a tomar.

O candidato quer que o clube também “lidere as causas do futebol português”, que assuma outro papel na formação de jogadores e os torne mais rentáveis, que o número de sócios não seja apenas relevante no norte do país e que haja uma profissionalização na relação com as casas do FC Porto espalhadas pelo território nacional.

Questionado sobre o contrato que vincula a construção da futura academia para o local apresentado pela lista de Pinto da Costa, na Maia, Villas-Boas disse que só depois de eleito e de tomar posse é que vai “olhar para os contratos que estão assinados e tomar uma decisão que seja a melhor para os interesses do FC Porto”.

“Iremos analisar as duas opções – uma é uma academia para a formação, outra é um centro de alto rendimento para as equipas profissionais – do ponto de vista de custo, execução de obra. Iremos olhar de forma cuidada para tomar uma decisão final. A única coisa que posso garantir é que os interesses do FC Porto serão salvaguardados”, salientou.

Por fim, anunciou que se for eleito apostará na criação do futsal masculino e do futebol feminino, para além de apostar no atletismo e no voleibol masculino.

As eleições estão marcadas para 27 de abril entre Pinto da Costa, Villas-Boas e Nuno Lobo.