O documento vai ser enviado à nova ministra da Saúde, à direção executiva do SNS, ao Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Oeste (ULSO), à Comissão de Saúde da Assembleia da República e ao Conselho Intermunicipal da Comunidade Intermunicipal do Oeste.
Na moção, os deputados do Partido Socialista, Jaime Neto, Pedro Seixas e Vânia Almeida, salientam que a valência não pode deixar de funcionar neste hospital. “Mulheres e homens necessitam desta especialidade em pleno funcionamento e num território de proximidade”, lê-se no documento.
Segundo a moção, “esta unidade hospitalar investiu em recursos técnicos e humanos passando a ter uma equipa multidisciplinar neste Hospital, constituída por médicos especialistas em cirurgia da mama, uma equipa médica de oncologia da mama, imagiologistas e anatomopatologistas. Tem ainda técnicos de medicina física e reabilitação, enfermeiros especialistas e uma equipa de psicologia oncológica”. “Por isso os membros da Assembleia Municipal questionam o porquê deixar de ter esta valência hospitalar com 40 anos de experiência acumulada?”, manifestam.
“Quando é diagnosticado cancro da mama a um utente deste Hospital, é estudado pela equipa multidisciplinar, é determinado o que é que o utente tem de fazer e faz-se o planeamento dos passos seguintes da terapia”, adianta o documento.
O grupo municipal do PS quer que o município se junte aos protestos da “população local e regional e aos protestos do pessoal técnico do Hospital, não deixando sair e encerrar esta especialidade”.
“Esta é uma patologia com um nome muito forte e de grande impacto, que interfere com o sistema psicológico de qualquer utente. Quanto mais próximo este estiver dos seus familiares melhor, quanto mais próximo estiver do médico que faz ou fez o diagnóstico melhor”, vinca a moção.
O documento alega ainda que não “podemos olhar só para o universo dos utentes caldenses, e fazer contas só a estes utentes, temos uma grande área de afluência e influência territorial, com 235 231 habitantes pertencentes à ULSO”. “Não podemos deixar fechar este serviço/especialidades oncológicas quando se investe em equipamentos e meios humanos, com uma experiência acumulada de 40 anos de existência”, concluiu a moção.
O deputado do PSD, Paulo Espírito Santo, criticou o facto de mais uma vez “assistirmos ao encerramento de um serviço e parece que foi propositado”, com a justificação da restrição do tratamento cirúrgico do cancro da mama a instituições que realizem pelo menos 100 cirurgias por ano. “O serviço começou há pouco tempo com uma equipa de profissionais de excelência que lutou para que as cirurgias se realizassem nas Caldas da Rainha”, salientou, acrescentando que o serviço estava a “funcionar muito bem”. Lamentou que “de repente, por uma decisão de gabinete, se tenha encerrado o serviço”, mas tem esperança que “esta situação possa ser revertida”.
António Curado, deputado do Vamos Mudar, disse que “é mais uma vez um revés”. “Dada a minha responsabilidade também como presidente do conselho sub-regional do Oeste da Ordem dos Médicos fiz contactos com o bastonário e com o Conselho Regional de Lisboa e choca-me ter havido esta despromoção dos nossos cuidados de saúde”, manifestou.
O médico revelou que é possível que se “consigam os números porque o serviço tem capacidade para dar resposta a toda a população da ULSO, que são cerca de 235 mil habitantes”.
Recordou que já se “faz cirurgia da mama há mais de 30 anos no Hospital das Caldas da Rainha e foi organizada de outra forma recentemente, inclusive com a contratação de um cirurgião plástico e com aquisição de equipamento inovador da oncologia nacional”. “Esperamos que esta situação seja revertida porque com toda a população da ULSO é estimado que o número de cirurgias aumente para cerca de 165”, indicou.
Revelou ainda que no hospital das Caldas já se fez “cirurgia do esófago e do pâncreas”.
Jaime Neto, do PS, acrescentou que é uma “desqualificação não só do nosso hospital, como do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), como da própria cidade, daí a apresentação da moção de rejeição para reverter a situação”.
Nuno Santos, presidente da União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro, contestou a medida, que “vai prejudicar os utentes e o próprio hospital”.
O presidente da Câmara referiu que o tema da saúde está presente em quais todas as sessões da Assembleia Municipal por “maus motivos”. Vitor Marques contesta a decisão e garante que no passado ano fizeram-se no hospital mais de 50 cirurgias com uma capacidade de fazer 150 por ano, sem ser preciso mais médicos e meios”. Lembrou o “esforço da administração do CHO de dotar o serviço de equipamentos novos e contrataram um cirurgião plástico”. “Existe um conjunto significativo de internos porque veem nesta valência as competências para a sua formação e o mais certo no tempo muito rápido é os internos deixarem de ter interesse”, salientou o autarca.
“Não faz sentido estar a deslocar os doentes para a cirurgia e depois que venham recorrer ao serviço”, adiantou, revelando que já falaram com a diretora do serviço, Ágata Ferreira, e com a administração da ULSO, que também querem ver a questão revertida.
“Não vamos baixar os braços com o fim das cirurgias ao cancro da mama nas Caldas e com este novo Governo vamos ter a possibilidade de trazer a questão do novo hospital à ordem do dia e de poder apresentar as nossas razões de que equipamento seja construído nas Caldas”, acrescentou Vitor Marques.
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