O Juno são quatro mulheres artistas. Quatro energias diferentes que se juntaram para fazer arte num projeto com nome alusivo à deusa romana feminina.
Foi Larissa que motivou esta colaboração. “Abri um estúdio no Silos, e tanto a Mônica e a Angie vieram através desse estúdio e de querermos fazer algo em conjunto”, explicou a artista natural de Corinto, Brasil.
Larissa é formada em arquitetura, mas sentia que não tinha o lado artístico que gostava. Estudou gastronomia, que acredita ser também uma forma de arte, e costumava desenhar as tatuagens que as amigas posteriormente iam realizar. A tatuadora incentivou-a a comprar uma máquina e aprender aquela arte e Larissa assim o fez e nunca mais parou.
Mônica foi formada em fisioterapia acabando por mudar para a área do design gráfico. Quando veio para as Caldas da Rainha através do intercâmbio, seguiu para o mestrado em design de saúde e investiu na área da tatuagem. “Não havia muitas mulheres a tatuar nas Caldas da Rainha e em 2019 encontrei o Instagramda Larissa e mandei-lhe mensagem”, contou.
Angélica é italiana e sempre soube que a arte era a sua vida. Fez o liceu artístico em Itália e Academia de Belas Artes em Veneza e um curso de tatuagem artística. “Duas coisas distintas, mas que eu acredito que fazem sentido, não queria ter limites e cheguei às Caldas da Rainha no mestrado na ESAD.CR”, manifestou. Integrou a equipa do Juno há uma semana e sente que neste espaço pode ser quem efetivamente é: “Fazemos coisas diferentes, mas cada uma tem liberdade de expressão própria”.
Constança estudou música no Conservatório Nacional de Lisboa e licenciatura em escultura e mestrado em artes plásticas nas Caldas da Rainha. Durante o mestrado começou a fazer ilustrações que vendia nas feiras e de repente a ilustração, que nunca foi a sua área, começou a ter muito sucesso. “Pensei que poderia fazer carreira disto”. Faz ainda murais e street art e acredita que a arte é transversal entre meios e expressar-se em diversos gestos é muito importante. A tatuagem surgiu dessa vontade de se exprimir.
Inicialmente tinham um espaço no Caldas Shopping que não era o ideal em termos de dimensão. Então decidiram explorar outros locais: “Sentimos a nossa energia. A Constança já tinha um mural de arte, eu tinha um espaço para tatuagem e a Angélica e a Mônica já tatuam há algum tempo. Sentimos a sintonia entre as quatro e decidimos dar um passo maior”.
As quatro artistas procuraram o antigo proprietário da loja na Rua Francisco Sá Carneiro, 10, no Bairro Azul, e acharam o espaço ideal: “Eu passava aqui à frente todos os dias para ir para o estúdio antigo e achava o espaço maravilhoso. Um dia percebi que estava tudo a ser empacotado e liguei para toda a gente que conhecia para ser a primeira pessoa a falar com o proprietário”, relatou Larissa. O antigo proprietário da loja tinha acabado de voltar da Austrália e acreditava que o negócio das tatuagens se encontrava em expansão.
Constança gostaria de realçar que um dos fatores que distinguem o espaço Junoé que as quatro artistas não vêm exclusivamente da vertente da tatuagem: “Exploramos outras linguagens artísticas como ilustração, design e street art e de certa forma tentamos que este espaço seja uma galeria, diferente na própria cidade, um polo cultural nas Caldas da Rainha”.
Ao entrar no estúdio sente-se uma energia calma: “Não é pelo feminino em si, mas pela sensibilidade que queremos passar para os clientes. Eles vêm ao nosso espaço e sentem a diferença. É um sítio calmo e tranquilo, é essa a energia que queremos passar. Queremos que os clientes se sintam especiais e respeitados”, afirmou Mônica.
O espaço é tem um primeiro andar e um piso inferior com dimensões idênticas e o quarteto quer investir em concertos e workshops que unam a comunidade artística das Caldas e a própria cidade.
Ao entrar no Juno, além da zona de tatuagens, existe ainda uma parte de exposição de obras de arte e parcerias com marcas de cerâmica.
Este estúdio de tatuagens e concept store participou na iniciativa “Ode à Primavera”, onde as quatro tatuadoras criaram desenhos para tatuar alusivos ao tema, as andorinhas, por um preço “mais simpático”.
“Queremos que as pessoas sintam a sensibilidade de um trabalho que até há pouco tempo era considerado informal”, explicou Larissa.
O facto de serem quatro traz “uma energia maravilhosa, onde existe uma engrenagem de ideias,” mas “cada uma tem a sua agenda própria com compromissos por cumprir”, o que leva a que a parte da loja ainda se encontre em desenvolvimento.
O Juno tem parcerias que estão a ser desenvolvidas desde a sua abertura em final de dezembro do ano passado. Está aberta de segunda a sexta, das 14h00 às 18h00.
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