Com atividade iniciada em 2016, a associação que funcionava na Rua Vítor Lopes, no Bairro da Ponte, foi obrigada a sair do espaço. “A proprietária do estabelecimento precisou do espaço para outro assunto e nós tivemos que sair”, contou a presidente da Ajudouro, Natália Pocariço. A renda de 200 euros que pagavam mensalmente também “era complicado suportar porque somos uma associação sem fins lucrativos e os artigos e alimentação que recebemos é para dar a quem mais precisa”, adiantou.

Como não conseguiram sede na cidade das Caldas, a presidente da associação está a utilizar um espaço que tem no exterior da sua habitação na freguesia de A-dos-Francos para guardar a roupa, brinquedos, entre outros artigos que tem para oferecer.

No entanto, diz que a freguesia é longe da cidade e que é difícil as pessoas deslocarem-se para ir buscar os artigos e também é muito distante para as voluntárias da associação.  

Todas as sextas-feiras à noite, vão à Refood das Caldas Rainha buscar as sobras que eles têm dos restaurantes, cafés e supermercados, como sopa, pão e bolos, bem como produtos não perecíveis obtidos através de doações particulares e de associações a famílias carenciadas. “Nós fazemos a entrega a partir das 22h00, logo a seguir a irmos buscar os alimentos à Refood. Por vezes o pão chega às pessoas quentinho”, relatou a responsável.

A Ajudouro também fornece roupas, brinquedos, mobiliário, eletrodomésticos, louça, panelas e carrinhos de bebés doados.

Ao Jornal das Caldas Natália Pocariço declarou que há mais gente com carências alimentares e de outros bens como eletrodomésticos, mobília e roupa nas Caldas da Rainha. “Temos muitos imigrantes a pedir roupa e calçado mais quente e portugueses que antes viviam no limiar da pobreza, o que agora com a inflação acabou por piorar bastante. Existe muita fome envergonhada e há cada vez mais pessoas a necessitar de auxílio”, referiu, acrescentando que “muitas pessoas ligam para o meu número pessoal porque não querem que ninguém saiba que estão com dificuldades”.

A responsável contou que tem um casal que foi viver recentemente para A-dos-Francos porque conseguiu alugar uma casa mais barata. “A senhora conseguiu emprego, mas até receber ordenado e uma vez que teve que pagar dois meses de renda pediu ajuda até se conseguir estabilizar”, acrescentou. 

Neste momento está a ajudar 15 famílias com alimentos e recentemente foi contactada para ajudar mais uma que reside na Foz do Arelho.

Natália Pocariço trabalhou 10 anos como tripulante de ambulância de transporte. Mas antes disso trabalhava no posto de combustível do seu pai, que fechou quando tinha 25 anos.

Desde de pequena que gosta de ajudar as pessoas. Foi ao colaborar com uma instituição de solidariedade social com sede na Lourinhã que decidiu fundar uma associação nas Caldas da Rainha.

A Associação Ajudouro tem uma direção composta por nove elementos e tem vários voluntários que ajudam a fazer a entrega dos alimentos, entre outras funções.

A 12 de dezembro a associação reuniu com Câmara Municipal das Caldas, a quem solicitou um espaço. “Disseram que neste momento não tinham nada disponível”, lamentou, referindo que participa em algumas feiras de velharias, onde o dinheiro que faz reverte a favor da associação.

Enquanto não tiver um espaço na cidade das Caldas apela a quem tiver possibilidade para entregar artigos ou outros bens em A-dos-Francos que contacte o telemóvel 911044140.