“Aleppo / Estrela Vermelha” é o nome da exposição de pinturas de José Maria Bustorff que foi inaugurada no passado sábado na sala de exposições do Centro Cultural e de Congressos (CCC) das Caldas da Rainha.
Os quadros apresentados, de grande formato, são povoados de uma paisagem humana que tanto retrata as gentes e o seu modo de vida, ora sugere, em composições com elementos diversos, narrativas acerca da realidade social e política.
O título da exposição alude à batalha de Alepo (Síria) e à Cooperativa Agrícola Estrela Vermelha, onde esteve como trabalhador rural nos anos 80.
“A exposição fala-nos deste mundo através da pintura”, referiu Fernando Mora Ramos, do Teatro da Rainha, que organizou esta exposição inédita. “A pintura figurativa de Bustorff é sensível à realidade sem impor leituras panfletárias”, referiu ainda a propósito desta mostra.
Segundo Fernando Mora Ramos, a organização desta exposição é uma forma de lembrar o 25 de Abril “numa necessária reinvenção, contra os novembros que se instalam”.
Natural da Alemanha, José Maria Bustorff (nome artístico de Jochen Bustorff) veio a Portugal pela primeira vez na década de 70 como bolseiro do Serviço Alemão de Intercâmbio Académico, com o intuito de estudar a arte popular portuguesa.
Ao longo da sua vida manteve também uma forte ligação a África, por onde viajou enquanto desenhava, escrevia e fotografava. É essa a influência que pode ser vista em muito dos quadros que apresenta agora no CCC, onde estão também algumas esculturas e máscaras africanas.
Em 1983, escreveu e publicou o livro “Diário No Alentejo”, após a sua experiência como trabalhador rural na Cooperativa Agrícola Estrela Vermelha. Dois anos antes tinha pintado a tela “Estrela Vermelha – Matadouro Ambulante”, o quadro mais antigo que está patente nesta exposição, sendo o mais recente de novembro de 2023.
José Maria Bustorff foi amigo de José Afonso e foi na casa deste que começou a pintar, transitando do desenho documental para a pintura figurativa.
Só a partir de 1985 é que se dedicou inteiramente à pintura, expondo em várias cidades europeias.
Em 1995 acabou por se fixar em Portugal, habitando atualmente em Pombal e continuando a pintar com base naquilo que vai vendo do mundo.
A exposição pode ser visitada até 30 de março, de terça a domingo, das 14h30 às 19h30.
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