A ideia da exposição surgiu depois de Maria José Cabral conhecer as pinturas de Guga. Surpreendida pela qualidade do trabalho do jovem artista, a curadora fez-lhe o convite.

Em declarações ao JORNAL DAS CALDAS, a responsável pela agenda cultural disse que a Galeria tem apoiado jovens artistas emergentes e o trabalho de Guga já lhe “tinha saltado à vista várias vezes, nomeadamente no Instagram, que atualmente é uma loja e uma porta aberta para muitos artistas”.

A curadora destacou que a exposição “vale muito a pena ser vista ao vivo porque as obras ganham outra dimensão”. “O que me atraiu no trabalho do Guga foram todos os detalhes e mensagens que ele tenta passar nas suas pinturas, que exigem uma observação mais próxima e atenta”, adiantou a artista plástica. 

Segundo Maria José Cabral. as peças estão disponíveis também para “compra e muitas têm um Código QR que nos leva a viajar sobre o desenvolvimento de cada peça”. O espetador pode aceder e remete para vídeos sobre as inspirações do artista para cada obra.

As pinturas patentes nesta exposição pretendem ser uma reflexão daquilo que vai na mente do artista. “As obras são representadas através de uma mistura de dois estilos, figurativo, e abstrato, juntamente com palavras e números. Este é o retrato do meu cérebro enquanto penso”, explicou Guga Morgado.

Cada obra tem o seu próprio tema, e cada uma representa uma linha de pensamento, em imagens, palavras e números, que surgiram ao artista, ao desenvolver cada uma delas.

Nestas obras existem várias referências a filmes, músicas, livros, história, ciência, diferentes culturas, questões morais, história da arte, problemas sociais e ambientais, entre outros.

No fundo, o jovem artista representa, nestas obras, de uma maneira “mais disfarçada, ou mais direta, o que o rodeia”. “Deixo assim para o espetador explorar e interpretar as mesmas, da maneira que bem entender. Tudo na minha vida influencia o meu trabalho, tal como as relações que vou construindo, os filmes que vejo, as músicas que ouço, os livros que leio, as viagens que faço, o que testemunho na rua durante o meu dia-a-dia, tudo. E isso é algo que se pode verificar nas minhas obras”, contou.

O jovem artista, que frequenta o 2º ano do curso de pintura no ArCo – Centro de Arte e Comunicação Visual, realçou o facto de ser a sua primeira exposição em Lisboa. “É outro mundo que estou a explorar e espero que seja a primeira de muitas”, referiu. Desde criança que Gustavo Morgado se interessa pelas artes e é seu sonho fazer uma carreira de artista.

A maior parte das obras expostas na exposição faz parte de duas séries de dez quadros cada. Apenas “Noite de Fados” e “Churchless” são trabalhos independentes. Os quadros restantes pertencem à série “Badassery” e à série “Puberty”.

Segundo informação exposta na exposição, dentro destas duas séries, pode-se ”verificar na primeira, a admiração do artista por aqueles que são considerados os “maus da fita e os “durões” do mundo”. Já na segunda, “Pubert”, é “uma série que visa retratar temas mais sérios, maduros, provocadores e sombrios, em contraste com estas figuras que representam para todos a infantilidade, a inocência e a felicidade, que acabam quase por disfarçar os temas abordados”.

Daí vem o nome da série, “puberdade”, pois é o que acontece quando se passa pela puberdade, em que “somos metade criança, metade adulto, sendo essa fusão o que as obras representam”.

O artista

Guga Morgado fez a sua escolaridade nas Caldas da Rainha, escolhendo a área de Artes Visuais e História e Cultura das Artes no secundário. Prosseguiu os estudos na universidade, licenciando-se em Marketing e Publicidade na IADE-Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia. Acabada a licenciatura, decidiu prosseguir a sua verdadeira paixão, a pintura, e matriculou-se na escola ArCo, onde é aluno do segundo ano dos cursos de Desenho e de Pintura.

Desde pequeno que o desenho foi a sua melhor forma de expressão, o que o levou a estudar arte.

Guga Morgado começou cedo a ser incentivado pela sua família, principalmente pela mãe, a consumir arte nas suas várias vertentes.

Exposições

O jovem caldense já expôs a solo da série “Puberty”, no Museu José Malhoa, nas Caldas da Rainha, em 2021.

Numa exposição conjunta, expôs quadros da série “Badassery”, no jardim do Museu do Hospital e das Caldas, durante o evento Caldas Late Night em 2022.

Fez também uma exposição conjunta, em que exibiu 94 pequenos quadros a óleo que constituíam a mostra “A Mesma Diferença”, no jardim do Museu do Hospital e das Caldas, durante o evento Caldas Late Night em 2023.

Esteve noutra exposição conjunta de várias telas no Toca da Onça – Bistro em 2023 e tem uma pintura de mural exposta no Clube de Padel das Caldas, em homenagem à cidade das Caldas da Rainha.

A exposição na Galeria Campo Pequeno pode ser visitada de segunda a sexta-feira das 10h00 às 19h00 e ao fim de semana das 11h00 às 20h00.