Caldas da Rainha, cidade criativa ou cidade com criativos foi o mote para a décima segunda tertúlia, do ciclo de 12 sessões comemorativas dos 120 anos da ACCCRO – Associação Empresarial das Caldas da Rainha e Oeste.
Foi a última deste ano e teve lugar no domingo dia 10 de dezembro, no espaço Toca7, na Cova da Onça.
A adesão das Caldas da Rainha a Cidade Criativa do Artesanato e Artes Populares da UNESCO foi salientado como um modelo dinamizador para o desenvolvimento da atividade turística assim como cooperar para a sua sustentabilidade.
As principais conclusões dos trabalhos foi que há uma necessidade de trabalhar em rede entre os criativos e também com o Município para capitalizar as suas potencialidades e capacitar a atração do público. As entidades destacaram o papel fundamental da Escola Superior de Artes e Design (ESAD.CR).
Os criativos presentes pediram ao Município e à ACCCRO que definem um plano estratégico e uma linha orientadora para as Caldas da Rainha. Solicitaram ainda que simplifiquem e não dificultem a organização dos seus eventos.
Foi salientado ainda a necessidade de haver uma boa comunicação uma vez que um destino atrai turistas pela “qualidade do produto e pela forma eficaz como é divulgado”.
No início da tertúlia, Luís Gomes, presidente da direção da ACCCRO fez um balanço positivo das 12 tertúlias onde nasceu “discussão e ideias e propostas”.
O ator e diretor técnico do Centro Cultural e Congressos das Caldas da Rainha, José Ramalho que que moderou a tertúlia concluiu a sessão dizendo que “todos somos criativos e o que importa aqui é não confundir quem tem competências de saber fazer de forma a não banalizar a criatividade”. “Não há criativos sem financiamento, patrocínios ou parcerias, mas tudo aquilo que entrar na criatividade e que gere mais valia para uma cidade deve ser acarinhado e devemos ter um olhar acutilante sobre aquilo que tem potencial”. Referiu ainda que a cidade do “futuro é de arte contemporânea”.
“Mais criativos teríamos se tivéssemos habitação”
A vereadora Conceição Henriques referiu que Caldas da Rainha é uma cidade criativa reconhecida pela UNESCO e não tem dúvidas que “assenta numa comunidade criativa alargada”. “Temos 365 dias de criatividade nas Caldas onde a maioria nasce nas ruas de iniciativa privada”, afirmou, acrescentando que “muitos mais criativos mudariam para esta cidade se houvesse habitação”.
Recordou que o Município está a criar habitação jovem onde uma percentagem é para criativos.
Nicola Henriques, fundador e gestor de operações no SILOS Contentor Criativo revelou que temos um “potencial de jovens criativos no nosso território que precisam de ser acompanhados e acarinhados porque o sistema de ensino não os prepara a lidar com as questões financeiras e garantir estabilidade”. Exemplificou com o facto de alguns alunos da ESAD.CR que lhe pedem para fazer exposições nos Silos “mostrarem preocupação como vão pagar para imprimir os cartazes”.
Considera que nenhuma cidade pode “perder os seus criativos”, mas tem que “haver algum apoio nesta área”.
“80% dos professores da ESAD.CR vivem em Lisboa”
Já o diretor da ESAD.CR, José Santos disse que o desafio que se coloca a cada cidade criativa é “saber o que os jovens precisam para se fixarem no território”.
Apontou ainda que 80% dos professores da ESAD.CR “vivem em Lisboa e se vivessem nas Caldas a escola iria beneficiar”.
Eneida L. Tavares e Samuel Reis da Associação Design Ofícios e Cultura têm grandes dúvidas que o selo da cidade criativa seja “visto para quem esteja fora desta bolha”. Alegam que as gerações mais novas não acompanham.
O ceramista Carlos Enxuto, chamou a atenção para a sustentabilidade onde não há um local para deixar “os resíduos cerâmicos”.
Falou da falta de “comunicação transmitida às pessoas certas” e defende que tem que ser as “estruturas locais a trabalha com um único sentido”.
Mário Branquinho, diretor Geral do CCC disse que Caldas da Rainha tem um enorme potencial, mas que “tem que haver um plano estratégico, um fio condutor e uma boa comunicação”.
Referiu ainda que o CCC está a preparar caminho na “criação na área do teatro, com a circulação de espetáculos que façam paragem nas Caldas e com grandes congressos em parceria com o município”.
Paulo Tuna, artista na Cutelaria Artesanal The Bladesmith diz que as “coisas acontecem quando as pessoas se unem e quando as entidades não atrapalham quem quer fazer”. Considera que o novo criativo tem que ser apoiado para poder “iniciar o seu trabalho”.
Claúdia Henriques, empresária Loja Sr. Jacinto disse que a cidade precisa de uma estratégia a nível da “criatividade e há que definir um caminho que passa por uma boa comunicação”.
“As pessoas têm que ser mais tolerantes e perceber se querem uma cidade com vida”, salientou.
Destacou as 12 tertúlias esperando que “as propostas e ideias não fiquem no papel”.
Sara Pedreira, diretora pedagógica do Conservatório considera que as famílias têm que perceber que “a música e a arte é algo sério que pode ter futuro”. “Tivemos alunos que hoje são os nossos professores”, apontou.
Mariana Calaça Baptista da direção ART & TUR – International Tourism Film Festival também defende que temos que “comunicar o território”.
Considera ainda que é fundamental os criativos “terem reconhecimento e sentido de pertença na comunidade”.
José Elói, responsável pelo restaurante Maratona considera que “criatividade são as pessoas”. Diz que olha para o Maratona como “um projeto e não um negócio”.
A vereadora, Conceição Henriques falou ainda da herança que receberam no que concerne à degradação da maioria dos equipamentos que integram o Centro de Artes. Referiu ainda o estado do Museu da Cerâmica que “reflete bem os anos de más decisões relativamente à cultura”.
Diz que não vale a pena acrescentar “mais edificado a uma cidade quando tem um conjunto de infraestruturas a precisarem de intervenção”.
A autarca revelou que o “estão a finalizar um regulamento de apoios financeiros para que os artistas saibam como podem ser apoiados”.
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