No âmbito da Feira da Saúde, promovida pelo Município de Caldas da Rainha, no dia 10 de outubro, dirigido ao público seniores, o Olha-Te realizou uma sessão sobre “Intimidade e cancro”, dinamizada por Paula de Carvalho, médica psiquiatra, da Clínica OPIN.
A conversa debruçou-se sobre um tema que é considerado tabu. Falou-se das várias dimensões da intimidade, como físicas e emocionais, e de sexualidade, no sentido lato do termo e não no sentido restrito do corpo.
Foi abordado como é que a intimidade pode ter influência na qualidade de vida dos doentes oncológicos e dado o público sénior alargou-se o tema a esta realidade. A resposta foi: “Tem toda a influência”.
“Trouxemos este tema porque existe uma dificuldade em falar abertamente daquilo que se sente nestas alturas. Como é que a pessoa fica depois, quando, para lhe salvar a vida foi-lhe tirado um órgão, mesmo quando exteriormente o corpo se mantém o mesmo visualmente. A maioria das vezes existe a sensação de mutilação, seja ela interna ou externa. Estas situações deixam marcas físicas e emocionais”, afirmou Paula de Carvalho.
Durante a sessão houve partilha de ideias e foram contadas algumas histórias pessoais. Uma mulher que teve cancro da mama contou que não foi fácil lidar com a sua vida íntima, mas que é possível ultrapassar e encontrar o equilíbrio.
“Normalmente tratam-se os cancros pensando na parte física do problema e na parte mental separadamente e é muito difícil. Nós não estamos divididos”, referiu Paula de Carvalho.
No seu entender, “não há uma integração na intervenção terapêutica do doente oncológico. A pessoa perde a sua noção de todo e está ali despartilhada. Temos muitos preconceitos e aprendemos a esconder tudo aquilo que é desconfortável”.
“Possivelmente todos os técnicos de saúde deviam ter formação para poder falar e ouvir e depois orientar para aconselhar se for necessário, para encaminhar para alguém mais especializado”, sustentou.
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