A Junta de Freguesia do Nadadouro acolheu na passada quarta-feira a primeira reunião presencial de discussão sobre modelos participativos associados à cogestão da Lagoa de Óbidos, no âmbito do projeto Co-Pesca Lagoa de Óbidos.
Na sessão, pescadores, mariscadores, autarcas, administração, investigadores, empresas e sociedade civil refletiram sobre as principais preocupações do ponto da sustentabilidade ambiental e económica da Lagoa, realizando um diagnóstico que servirá de base para o início de um processo participativo que pretende capacitar a comunidade e avaliar a possibilidade do lançamento das bases para a implementação de um comité de cogestão na Lagoa de Óbidos.
A Lagoa de Óbidos tem um grande impacto e importância na comunidade em seu redor, que dela depende direta e indiretamente pelo seu relevo ambiental, cultural, turístico e económico, constituindo-se como um elo identitário. No entanto, a falta de fiscalização, a pesca ilegal, o aumento das espécies invasoras e as dificuldades na articulação dos órgãos responsáveis pela gestão da lagoa, entre outros problemas, têm levado a uma grande dificuldade na gestão de conflitos e no avanço de políticas e boas práticas que protejam esta área-chave do ponto de vista da conservação da natureza, garantindo o bem-estar social e económico da comunidade que dela depende.
As pescarias em torno da Lagoa de Óbidos foram, em processos de análise prévias, identificadas como tendo grande potencial e viabilidade de implementação de processos de cogestão de recursos marinhos e sua replicação para outros eixos do território nacional.
“A Lagoa de Óbidos é descrita como sendo a maior lagoa e única sobrevivente da zona Oeste e as atividades agrícolas tradicionais têm vindo a ser substituídas ou reforçadas pela pesca e marisqueio. Ao longo deste processo e no diálogo com a comunidade da Lagoa de Óbidos, temos percebido que esta não se sente totalmente envolvida na tomada de decisão, considerando que muitas vezes se encontra na base dos processos, sem qualquer poder ou participação. A cogestão poderá contrariar este modelo e envolver todos nas decisões que afetam quem vive na e da lagoa”, considera Matilde Almodovar, técnica de oceanos e pescas da ANP|WWF, organização não-governamental, e gestora do projeto.
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