A uruguaia Agustina Reyes, da equipa portuguesa Matos Mobility – Optiria Women Team, venceu a segunda etapa da Volta a Portugal Feminina Cofidis, disputada entre Torres Vedras e Caldas da Rainha, na passada sexta-feira, batendo ao sprint a russa Valeria Valgonen (Massi-Tactic Uci Women’s Team), que acabaria por ser vencedora da prova, realizada ao longo de cinco dias.
Os 100,4 quilómetros que ligaram o Museu de Ciclismo Joaquim Agostinho, em Torres Vedras, ao Museu de Ciclismo, nas Caldas da Rainha, tiveram duas contagens de montanha, que provocaram uma seleção mais fina de valores, com a segunda das subidas a fazer alguma mossa.
A 29 quilómetros da chegada, um grupo de doze corredoras, entre as quais algumas das maiores candidatas ao triunfo final na Volta, deixou o pelotão para trás.
O grupo chegou a dispor de 40 segundos de vantagem, mas a perseguição, tendo em vista uma chegada ao sprint, deu frutos. E foi mesmo em pelotão – ainda que reduzido – que se disputou a vitória.
Apesar de ter sofrido uma queda durante a viagem, Valeria Valgonen entrou na frente na luta pelo triunfo na etapa, mas não teve capacidade para superar a melhor ponta final da uruguaia Agustina Reyes. A russa ficou com o segundo posto e a polaca Alicja Ulatowska (Soltec Team Costa Cálida) fechou o pódio da jornada, diante de Ana Caramelo, colega de equipa da vencedora, que foi quarta e melhor portuguesa nas Caldas.
“Foi um sprint muito duro. Na reta da meta pude entrar nas primeiras posições para disputar a vitória, numa etapa muito dura, porque se acelerou muito na subida. Felizmente estive à altura”, explicou Agustina Reyes.
A jornada foi ainda mais complicada para a dona da camisola amarela, vítima de queda durante o percurso. “Foi muito difícil, porque fiquei com o corpo todo dorido. Apesar disso consegui discutir o sprint e consegui mais alguns segundos de bonificação”, disse Valeria Valgonen, antes de subir ao pódio.
“Estou muito feliz, mas sinto-me morta. Tinha muito más sensações antes da etapa, mas as minhas colegas trabalharam tanto para mim durante a corrida que queria dar-lhes esta vitória. Estou muito feliz por tê-lo conseguido e espero que este triunfo seja importante para a minha carreira”, afirmou a vencedora da corrida e também da Camisola Vermelha Cofidis, dos pontos.
Valeria Valgonen selou a conquista da Volta a Portugal Feminina Cofidis com 20 segundos de vantagem sobre a colega de equipa Miryam Nuñez. A terceira, a 40 segundos, foi Marina Garau, da UCI Cantabria Deporte-Río Miera Women´s Cycling Team.
A vencedora sucede, no palmarés da Volta a Portugal Feminina, a Raquel Queirós, vencedora em 2021, e a Nathalie Eklund, primeira classificada em 2022.
Ana Caramelo (Matos Mobility – Optiria Women Team) foi a melhor portuguesa na classificação geral, fechando a prova na sexta posição, a 1 minuto e 12 segundos da vencedora. Beatriz Roxo (UCI Cantabria Deporte-Río Miera Women´s Cycling Team) foi a outra portuguesa no top 10, colocando-se no décimo lugar, a 1 minuto e 28 segundos da primeira. Destaque ainda para a júnior Marta Carvalho (Extremosul/Hotel Alísios/CA Terras do Arade), 14.ª da geral absoluta e vencedora da Camisola Branca Médis, da juventude.
“Esta camisola é muito importante para mim, porque mostra que estou no bom caminho e o trabalho está a dar resultados. Senti-me bem ao longo destes dias, melhor até do que estava à espera antes da Volta”, confessou Marta Carvalho.
Miryam Nuñez, vencedora do prólogo e da terceira etapa, também subiu ao pódio para receber a Camisola Azul IPDJ, símbolo de melhor trepadora da competição. A equipa espanhola Massi-Tactic venceu a classificação coletiva, seguida da UCI Cantabria Deporte-Río Miera Women´s Cycling Team, também de Espanha, a 41 segundos, e a Matos Mobility – Optiria Women Team, a 1 minuto e 55 segundos.
A terceira edição da Volta a Portugal Feminina Cofidis, evento âncora do ciclismo feminino em Portugal, decorreu entre 13 e 17 de setembro, com um pelotão de cerca de cem ciclistas de quinze equipas de Portugal e Espanha (terminaram 64 corredoras de 12 formações)
A prova teve início em Lisboa, a 13 de setembro, com um prólogo de 5,3 quilómetros. A primeira etapa foi no dia 14 entre Loures e Vila Franca de Xira, num total de 85 quilómetros.
A segunda tirada, no dia 15, ligou Torres Vedras e Caldas da Rainha. A terceira etapa foi a mais longa, num total de 111,3 quilómetros, entre Aveiro e Águeda. A quarta e derradeira tirada foi de 84,4 quilómetros, entre Murtosa e Gondomar, local onde ficou definida a vencedora da Volta.
Esta foi a maior edição já realizada, com cinco dias, numa aposta da Federação Portuguesa de Ciclismo em aumentar a dimensão territorial da prova, com passagem por municípios ligados à história da competição e da modalidade.
Loures e Vila Franca de Xira mantêm a presença no percurso desde a primeira edição e Torres Vedras e Caldas da Rainha são dois municípios com forte tradição no ciclismo, onde nasceram campeões como Joaquim Agostinho e João Almeida, entre outros, e onde se pode encontrar o Museu Joaquim Agostinho e o Museu do Ciclismo. Aveiro e Águeda, para além da tradição, e do elevado índice de utilização da bicicleta no quotidiano, têm na indústria da bicicleta uma das forças da sua economia. O mesmo é válido para Murtosa, o concelho de Portugal com maior percentagem de utilização da bicicleta como meio de transporte, e para Gondomar, cidade onde vai terminar a prova, que faz parte de uma região de grande paixão pelo desporto e, em particular, pelo ciclismo.
“O movimento pelo desporto feminino tem vindo a crescer em todo o Mundo e em todas as modalidades. Em boa hora começámos com a Volta a Portugal Feminina, em 2021. Nestes anos, praticamente duplicámos a nossa atividade no ciclismo feminino”, manifestou Delmino Pereira.
“A Volta a Portugal Feminina vai fazer crescer as equipas e desafiar patrocinadores e novos organizadores”, acrescentou o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo.
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