Filho de um italiano, mas de nacionalidade inglesa, Marco Penge, de 25 anos, venceu neste domingo o seu primeiro título do Challenge Tour, a 61.ª edição do Open de Portugal at Royal Óbidos, e passou a integrar provisoriamente o top-20 que no final da época apurar-se-á para o DP World Tour, a primeira divisão europeia.
Marco Penge foi 2.º classificado nas três primeiras voltas do torneio – na quinta-feira atrás do português Tomás Bessa, na sexta-feira a perseguir o espanhol Manuel Elvira e no sábado nos calcanhares do seu compatriota Andrew Wilson –, mas acabou por vencer à vontade, com quatro pancadas de vantagem sobre o norte-americano Julian Suri (72+67+66+71) e o italiano Lorenzo Scalize (72+67+68+69).
Triunfou com 272 pancadas, 16 abaixo do par do Royal Óbidos Spa & Golf Resort, após voltas de 65, 68, 69 e 70.
Do total de 250 mil euros em prémios monetários que estavam em jogo, garantiu 40 mil, enquanto os dois vice-campeões levaram para casa 22.500 euros cada um.
Como o próprio Marco Penge sublinha, “há cinco semanas era o 84.º no ranking e estava preocupado em manter o meu cartão para o Challenge Tour”. Agora, é um rival do português Ricardo Melo Gouveia, na luta pelo top-20 do Challenge Tour.
Ricardo Melo Gouveia chegou ao mais importante torneio de golfe português no 21.º posto desse ranking e sabia que uma segunda vitória este ano, depois do título conquistado no Abu Dhabi, iria garantir-lhe praticamente a subida de divisão. No entanto, acabou por fechar a prova no 60.º lugar, com 290 pancadas e desceu um degrau para a 22.ª posição no ranking. Mantém, contudo, bem vivas as suas aspirações de subir de divisão.
Não foi, no entanto, o melhor português, como acontecera aquando da sua última visita a Royal Óbidos (4.º classificado em 2021). Desta feita, esse estatuto foi partilhado por Ricardo Santos e Tomás Bessa, integrados no grupo dos 47.os classificados, com 287 pancadas.
Tomás Bessa, profissional da Cigala, fez a melhor volta do torneio (-9) e teve de lidar com a pressão máxima decorrente da situação inédita de liderar um torneio do Challenge Tour, de ter feito a melhor volta de um português em Royal Óbidos e de ter igualado o recorde do campo desenhado por Seve Ballesteros.
Críticas aos apoios
Miguel Franco de Sousa, presidente da Federação Portuguesa de Golfe, admitiu que o Open chegou a estar “em perigo depois de sabermos dos cortes do Instituto Português do Desporto e Juventude e do Turismo de Portugal, a 90 dias da realização do evento”.
“Tive uma reunião com a administração do Royal Óbidos e disse que iria assumir as consequências das perdas que vamos ter com este evento. Vamos perder umas dezenas de milhares de euros, mas é um investimento que deve ser feito. Não podemos deixar os nossos atletas profissionais sem apoios, nem podemos deixar de ter eventos que promovam Portugal, em geral, e Óbidos, em particular, enquanto destinos turísticos. A Federação Portuguesa de Golfe está ao lado da indústria do golfe e vamos continuar a apoiar este evento”, declarou.
Em declarações à Lusa, Miguel Franco de Sousa foi contundente nas críticas aos apoios à única prova nacional pontuável para o Challenge Tour: “Temos parceiros muito importantes na realização deste evento, nomeadamente o Royal Óbidos, que é o principal patrocinador, mas, infelizmente, houve uma redução nos apoios por parte de entidades públicas, seja da Secretaria de Estado do Turismo, através do Turismo de Portugal, seja através do Instituto Português do Desporto e Juventude, por via da Secretaria de Estado do Desporto, seja também por parte da Câmara Municipal de Óbidos, que parece que tem que entender que este é um evento muito importante para a promoção da região enquanto um destino de golfe de qualidade”.
“Perguntamos se o golfe é um produto turístico importante para o país ou se é uma coisa meramente acessória? Se olharmos para toda a atividade económica que funciona à volta do golfe, em que traz residentes estrangeiros a viver em Portugal, que compram imobiliário de qualidade, de preços elevados, que potenciam o setor turístico e a economia do turismo, é de facto de estranhar esta visão redutora que existe e os critérios para apoios aos eventos. Acredito que é provavelmente a modalidade desportiva que maior peso económico tem no nosso turismo”, frisou.
Câmara reage
Em comunicado, a Câmara Municipal de Óbidos reagiu às declarações do presidente da Federação Portuguesa de Golfe, esclarecendo que “o executivo municipal considera o golfe como estratégico para o território e, por esse motivo, foi triplicado o montante de apoio às várias provas que decorrem nos magníficos campos de Óbidos”.
“Existe, por parte deste executivo, uma clara perceção da importância desta prova ao nível desportivo e económico no panorama nacional. Para esta mesma prova foi majorado o apoio em mais de 33% face ao ano anterior, pelo que se evidencia a falta de verdade e a colocação em causa do bom nome da Câmara Municipal de Óbidos”, vincou.
Segundo a autarquia, “havendo alguém a não cumprir com o acordado, não é a Câmara Municipal de Óbidos, que funciona sob regras de orçamentação e cabimentação de valores e não pode tomar decisões relativamente a verbas de apoio a provas em cima dos acontecimentos”.
“O apoio para 2023 foi reforçado dentro das possibilidades vislumbradas pelo executivo municipal. Os apoios ao golfe, em Óbidos, têm custado ao atual executivo municipal fortes críticas por parte da oposição, mas, apesar disso, e reconhecendo o potencial desportivo e económico trazido para a região, esses apoios têm sido aumentados. Este executivo municipal não pode aceitar qualquer imputação de responsabilidade relativamente a quebras nos apoios quando em nada falhou relativamente àquilo a que se comprometeu e quando sempre se posicionou como parceiro na organização deste magnífico evento”, afirmou a Câmara.
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