Foram mais uma vez os ceboleiros de Alvorninha que venderam toneladas dos seus produtos na Feira Nacional da Cebola, que decorreu de 31 de agosto a 3 de setembro em Rio Maior.
Os agricultores, cujo o número tem vindo a reduzir nos últimos anos, venderam a sua produção na zona envolvente ao Pavilhão Multiusos de Rio Maior, acompanhados pela exposição dos produtos do setor agroalimentar de Rio Maior.
As tradicionais tranças de cebolas continuam a ser uma imagem presente na FRIMOR, demonstrando o empenho dos ceboleiros em manter a qualidade e diferenciação do seu produto.
Este ano a colheita foi mais pequena, devido às condições climatéricas, e foi em pouco tempo que os ceboleiros venderam a produção que levaram.
Alguns tiveram que reforçaram a sua oferta inicial, indo buscar mais cebolas para serem vendidas até ao final da feira.
Do Casal da Achada veio Albino Tomás que se dedica à produção de cebola há 76 anos. Agora com 87 anos de idade, o agricultor começou por ajudar os seus pais, com quem também passou a ir às feiras de Rio Maior. “Já sou muito conhecido e as pessoas sabem que o que eu vendo é de qualidade”, contou. Em toda a região de Rio Maior e Santarém são muitos os seus clientes, que como ficam satisfeitos voltam todos os anos.
“Das Caldas tenho pouco clientes. Preferem ir ao supermercado comprar um quilo ou dois. Aqui eu vendo às arrobas e já pouco sobra”, adiantou.
A produção é que tem vindo a diminuir. Chegou a produzir 20 toneladas num ano, mas agora não encontra pessoas suficientes para trabalhar e teve de reduzir a área cultivada. Em 2023 produziu três toneladas, das quais cerca de metade vendeu para os Açores e o resto em Rio Maior. “Já fico despachado para este ano”, comentou.
Carlos Leal, do lugar de Chãos, também começou por ir com os seus pais cultivar e manteve sempre a esta atividade, embora tenha sido funcionário da Câmara das Caldas durante 44 anos. Depois de se reformar, optou por dedicar-se inteiramente à produção de cebolas.
O agricultor recorda quando era necessário que os vendedores criassem o seu próprio espaço de venda e as condições não eram as melhores. Agora a autarquia instala os stands onde fazem as vendas. “Isto agora parece uma suite, comparado com o que tínhamos antes”, comentou.
Embora a produção deste ano tenha sido bastante menor (menos 50% do que no ano anterior), garante que a cebola é de boa qualidade. No total, produziu cerca de 10 toneladas, metade das quais vendeu em Rio Maior.
Filomena Tomé, de Almofala, há mais de 50 anos que participa na feira de Rio Maior e elogia muito as condições que têm. “Aqui vende-se sempre tudo o que trazemos. Trouxe uma primeira carga de camioneta e vou ter de ir buscar mais”, revelou.
Autarcas agradeceram aos ceboleiros pelo seu empenho
Na cerimónia de inauguração estiveram presentes, entre outras individualidades, o presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Vitor Marques, e o tesoureiro da Junta de Freguesia de Alvorninha, Felisberto Rogério.
No seu discurso, Vitor Marques salientou a importância das autarquias em realizarem estes eventos, apesar das dificuldades sentidas pelos agricultores. “Os ceboleiros são menos do que no passado, mas continuam a vir e partilhar aquilo que tão bem produzem”, salientou o autarca.
O presidente da Câmara de Rio Maior, Filipe Santana Dias, lembrou que a Feira de Setembro está profundamente enraizado na memória coletiva da comunidade. “Os mais velhos recordam, com nostalgia, os dias em que carroças e carros de bois vinham repletos de pessoas e bens para Rio Maior, preenchendo as ruas desta localidade, numa azáfama de compra e venda de produtos essencialmente agrícola”, referiu.
Por isso, foi preciso inovar e o município acrescentou ao evento uma componente cultural e recreativa. Até porque, considera o autarca, “nos concelhos de pequena e média dimensão é essencial o papel das autarquias para a garantir de uma oferta, às suas populações, de uma atividade cultural digna e enriquecedora”.
Filipe Santana Dias agradeço aos ceboleiros presentes por continuarem “ano após ano, a tratar com todo o carinho as suas produções agrícolas”, sublinhando que são eles o motor responsável pelo facto de esta ser a Feira Nacional da Cebola.
300 anos de Feira da Cebola
Este certame foi instituído como Feira Franca pelo rei D. José I em 1170 e era essa data que habitualmente se assinalava. No entanto, o livro “300 anos da Feira de Setembro”, editado o ano passado, apresentou uma “Provisão Real” assinada por D. João V, datada de 9 de junho de 1722, na qual este autoriza os moradores do então lugar de Rio Maior a mudar a sua feira para o dia 15 de setembro de cada ano.
A obra é da autoria de dois técnicos da Câmara de Rio Maior, Sónia Rebocho e Ricardo Rosário, tendo dado também origem a um monumento evocativo à Feira de Setembro, colocado em frente ao pavilhão multiusos, onde foram assinalados, em 2022, os 300 anos da feira.
Para além dos expositores no exterior, no interior do pavilhão multiusos houve uma área de exposição empresarial e artesanato, bem como as populares tasquinhas, área de doçaria e licores.
Durante três noites houve concertos com Quim Barreiros, Hybrid Theory (banda de tributo aos Linkin Park) e, no sábado à noite foram os D.A.M.A. que brilharam no palco “Golden Eagle”. Houve ainda a participação de bandas locais e DJs.
O Festival de Bandas Filarmónicas, que estava previsto realizar-se no domingo, foi cancelado devido ao mau tempo.
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