O atleta de trail Guilherme Lourenço, natural das Relvas (Santa Catarina), no concelho das Caldas da Rainha, envergando a camisola do Centro Recreativo Popular da Ribafria, da Benedita, alcançou o maior feito da sua carreira, ao vencer o exigente percurso do Ultra Tour 160 (164 quilómetros a um desnível máximo positivo de 9943 metros) da 16ª edição do Grand Raid des Pyrénées, de 24 a 27 de agosto.

Guilherme Lourenço, de 34 anos, completou a prova em 23 horas, 54 minutos e 16 segundos. O atleta atacou a liderança desde o início, suplantando Matthieu Durand, segundo, com 24 horas, 17 minutos e 52 segundos, e Hugo Huberdeau, terceiro, com 26 horas, 5 minutos e 23 segundos.

Na competição feminina, Céline Finas foi a vencedora, com 31 horas, 33 minutos e 25 segundos.

Perante condições climáticas severas, com oscilação entre altas temperaturas, vento forte, chuva e até trovoada, a prova foi mais uma aventura a desafiar centenas de participantes, com grandes momentos de solidão e outros de companheirismo perante um percurso selvagem e técnico.

A chegada de Guilherme Lourenço ao final foi bastante aplaudida. “Depois de 24 horas a vaguear nas montanhas e ser recebido assim é algo fica na memória”, comentou o atleta.

Além de Guilherme Lourenço houve mais um atleta português a ocupar o lugar mais alto do pódio neste evento. Tiago Vieira, do distrito de Santarém, a representar a equipa francesa Team Trail des Cîmes, venceu a Tour du Néouvielle (43,2 quilómetros a 2409 metros de ganho de elevação máximo).

Em julho, Guilherme Lourenço venceu o ultra-trail Montagn’hard, em Saint-Gervais-les-Bains, também em França, entre 247 classificados. A prova desenrolou-se ao longo de 110 quilómetros, com um ganho de elevação máximo de 8200 metros. Gastou 15 horas e 54 minutos.

Este ano tinha também sido primeiro no Trans Peneda-Gerês, em Portugal (108 quilómetros / 5870 metros de ganho de elevação máximo) e no Ultra Trail do Marão, em Portugal (41 quilómetros / 2330 metros de ganho de elevação máximo), terceiro no Ultra Trail Serra da Freita, em Portugal (31 quilómetros / 1860 metros de ganho de elevação máximo), e quinto no Picos de Europa Travesera Integral, em Espanha (76 quilómetros / 6740 metros de ganho de elevação máximo), no qual em 2022 tinha ficado em quarto lugar.

No ano passado, numa das provas mais duras de trail de montanha do mundo (169 quilómetros / 9890 metros de ganho de elevação máximo), o Le Grand Raid de La Réunion – Diagonale des Fous, na Ilha da Reunião, um departamento ultramarino francês insular no oceano Índico, localizado a leste de Madagáscar, ficou em 16º lugar, entre 2756 classificados. Em 2021 tinha desistido.

Segundo a International Trail Running Association (ITRA), desde 2015 até antes do trail que venceu, o atleta tinha participado em 54 provas, entre 7 e 170 quilómetros (o desnível máximo foi 13500 metros), em Portugal, Espanha, Andorra e França, não concluindo apenas duas vezes. Percorreu 3300 quilómetros, alcançando 16 vitórias, estando 28 vezes no top 3 e 38 vezes no top 10.

Era o 822º do índice de performance do ITRA, para o qual contam os cinco melhores resultados nos últimos 36 meses na categoria 23-34 anos.