Visita à Frutas FN e Globalcister
O JORNAL DAS CALDAS foi acompanhar um dia da campanha nos pomares em Alvorninha do produtor das Caldas da Rainha, Octávio Filipe responsável pelas empresas Frutas FN e Globalcister.
Faz ainda parte das empresas, a sua filha, Tânia da Costa Curado, Gestora de Empresas que faz, entre várias coisas, a gestão dos recursos humanos, faturação, comunicação, auditorias, certificações e contabilidade.
Também responsável pelas Frutas FN e Globalcister é Nelson Costa (filho de Octávio Filipe), Técnico de Gestão agrícola que entre várias coisas, dedica-se ao acompanhamento dos pomares, tratamentos, conservação, qualidade, vendas e embalamento.
Na sede das empresas em Alvorninha ficámos a conhecer o processo de tratamento da fruta desde que esta é recolhida dos pomares até à expedição para os clientes.
A visita contemplou também a nova zona de câmaras de refrigeração que são o último grito da tecnologia de armazenagem refrigerada, com câmaras em atmosfera controlada dinâmica. Estas permitem uma maior durabilidade da fruta.
Frutas FN e Globalcister vieram dar continuidade à empresa familiar que tinha em nome individual. A empresa Globalcister dedica-se à produção de maçãs e a Frutas FN destina-se à produção de Pera Rocha DOP e Maçãs. “A maçã que nós produzimos em ambas as empresas é a marca certificada Maçã de Alcobaça IGP que vai para os hipermercados a nível nacional e que exportamos nomeadamente para o Brasil”, contou, o empresário.
A Pera Rocha “embalamos e trabalhamos com uma empresa exportadora onde entregamos o produto preparado para a exportação que vai para França, Marrocos, Irlanda e Inglaterra”, adiantou.
Toda a fruta é certificada. A aposta num produto de qualidade foi um dos meios para atingir a excelência. “Mais sabor e cor” é o principal foco, realça o produtor começou a trabalhar na agricultura quando tinha 17 anos de idade. Diz que “a maçã de Alcobaça cresce com a brisa do mar, é uma das poucas, no mundo, que é produzida com tanta influência marítima, o que faz desta “maçã atlântica”, única e especial. Por norma, as maçãs crescem mais nos climas montanhosos, onde há frio no inverno, temperaturas amenas na primavera e calor no verão”, explicou.
O empresário destacou a importância que dão às certificações. As empresas estão certificadas com GRASP (recursos humanos), Golbal G.A.P., Produção Integrada, Pera Rocha DOP e Maça de Alcobaça IGP( 100% Grasp tanto a GlobalCister como a Frutas FN que é a pontuação máxima).
Octávio Filipe referiu-se às empresas como um dos grandes empregadores do concelho. O número de postos de trabalho tem alguma sazonalidade, mas durante o ano inteiro trabalham cerca de 20 pessoas. “Na campanha, presentemente, temos 80 pessoas a trabalhar e este ano foi menos difícil arranjar pessoas para trabalhar na apanha da fruta”, revelou.
A maioria são contratados através de empresas de trabalho temporário certificadas. Neste momento têm trabalhadores indianos, nepaleses, brasileiros e portugueses.
“Temos estudantes que andam na apanha da fruta durante semanas para ganhar algum dinheiro para os estudos ou para poupanças que acabam por fazer connosco o contrato de período de férias escolares”, contou o responsável.
Mas há também desempregados e outras pessoas que aproveitam esta oferta sazonal para “ganhar algum e fazem contratos de curta duração connosco”, adiantou.
Segundo este responsável, com a certificação Grasp relativamente aos recursos humanos garantimos a segurança dos trabalhadores e as boas práticas sociais. “Todos os colaboradores têm contratos e são certificados com Grasp que garante o cumprimento de diversas regras legais como serem pagos até o final do mês, entre outras normas”, explicou.
Octávio Filipe fica satisfeito quando as pessoas que estão a trabalhar na apanha da fruta “ficam tristes quando o trabalho termina”. “A maioria quer continuar a trabalhar connosco e isso significa que são bem tratadas e que estão agradados com as condições de trabalho”, relatou o empresário.
Segundo Nelson Costa, utilizam para a apanha da fruta uma plataforma de colheita profissional que tem passadeiras para as pessoas colocarem a fruta e faz o auto enchimento do palote proporcionado maior conforto na recolha e maior rapidez. “Com esta máquina conseguimos reduzir os danos de colheita numa percentagem muito razoável”, contou.
Quanto à certificação de produção integrada é um sistema agrícola de produção de produtos agrícolas e géneros alimentícios de qualidade que permite vender para as grandes superfícies.
Atualmente o produtor tem 80 hectares de pomar. Pretende aumentar a área para elevar a capacidade de produção.
Apesar da produção de pera rocha a nível geral estar a ser fortemente afetada, Octávio Filipe revela que “a sua produção está boa”. “Até me custa dizer isto porque conheço colegas que estão com muitas dificuldades com a colheita deste ano a cair cerca de 50%”, apontou, acrescentando que “face à situação dramática, a pera rocha pode chegar mais cara ao consumidor nacional e internacional”.
Quanto à Maçã de Alcobaça, revela que tem uma quebra de cerca de 10%.
“Tivemos uma primavera muito mais quente do que o normal, na fase da floração tivemos temperaturas acima de 30 graus em abril, quando as plantas querem estar numa temperatura amena para transformar a flor em fruto”, explicou o responsável.
Apesar de tudo, Octávio Filipe refere que este ano pensam produzir cerca de 1200 toneladas de fruta. (720 toneladas de Maçã de Alcobaça IGP e 480 toneladas de Pera Rocha DOP), semelhante à produção de 2022.
Quanto às dificuldades, o produtor disse que “quer os combustíveis, quer a mão-de-obra tiveram aumentos significativos e ainda não recuperámos”.
Octávio Filipe recordou que durante a pandemia o “Sr. Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa disse que a agricultura não podia parar. É evidente que não pode parar porque alimenta a população do país, mas o Governo esqueceu a agricultura. Os pesticidas subiram brutalmente, o gasóleo está novamente num preço absurdo e o imposto do gasóleo subiu há oito dias. Os preços ao consumidor deveriam aumentar mais, mas as pessoas também estão com dificuldades financeiras”.
Para este empresário o sucesso das suas empresas é da “equipa que trabalha todos os dias”, destacando “todos os funcionários que têm feito um trabalho de excelência”.
Octávio Filipe tirou o 3º ano geral de mecânica na Escola Secundária Bordalo Pinheiro e começou a tratar dos pomares com 17 anos. Concluiu o primeiro curso de Jovens Agricultores ao nível nacional que decorreu nas Caldas da Rainha, na Zona Agrária no Coto. “Orgulho-me de continuar a produzir, inovar e a trabalhar cada vez melhor na produção de fruta de qualidade”, concluiu.
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