Trata-se do projeto “Medicina Vai”, desenvolvido pela Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, com o objetivo de promover a saúde através de várias ações de formação e educação nesta área (prevenção de doenças crónicas, saúde mental, hábitos saudáveis de vida, entre outras).
Até 9 de setembro, os futuros médicos vão percorrer as freguesias do concelho e sensibilizar a população para estilos de vida saudáveis, abrangendo diversas faixas etárias, desde as crianças aos seniores. Vão realizar rastreios (tensão arterial e glicémia), ações de sensibilização para a saúde, hospital dos pequeninos, formação de Primeiros Socorros de Suporte Básico de Vida, entre outras.
Depois de edições passadas por vários concelhos este ano a escolha recaiu nas Caldas da Rainha onde a iniciativa tem a colaboração da Câmara das Caldas que ajudou a organizar as diferentes atividades para os estudantes de medicina.
Sessão de boas-vindas
A sessão de boas-vindas aos estudantes de medicina realizou-se na passada segunda-feira, no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
Sara Oliveira, adjunta do presidente, disse que “acreditam no potencial deste projeto” e que o “município das Caldas “aceitou com muito agrado este desafio e que está a colaborar no projeto que vai dar a possibilidade aos jovens estudantes de explorarem o nosso território”. “As atividades vão abranger todo o concelho incluindo as freguesias mais rurais e que vai alertar os estudantes de medicina para as carências de algumas zonas periféricas do país, em relação aos cuidados de saúde”, adiantou.
Sara Oliveira destacou o profundo “envolvimento das Juntas de Freguesia do concelho, bem como das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) das freguesias, na participação ativa e colaboração em recursos, tornando esta iniciativa de valor acrescentado à nossa região”.
A adjunta do presidente espera que os futuros médicos que estão alojados nas instalações da Escola de Sargentos do Exército (ESE) “sejam bem recebidos e possam conhecer o que este concelho tem para oferecer e suas atratividades para que um dia possam voltar e trabalhar nas unidades de saúde nas Caldas da Rainha”.
O presidente da câmara Vitor Marques destacou a iniciativa “Medicina Vai” nas Caldas da Rainha “uma oportunidade de um projeto comunitário que quisemos agarrar”. O município tem uma grande responsabilidade relativamente à promoção de “hábitos saudáveis, nutrição, área da psicologia, área social e de educação”, explicou. O autarca referiu que a câmara faz um pouco mais do que está nas “suas competências para dar resposta às necessidades do próprio território” dando como exemplos o apoio às estruturas do ACES Oeste Norte e ao Hospital das Caldas. Revelou que vão iniciar as obras no Centro de Saúde das Caldas. Recordou ainda que a câmara das Caldas financiou em 725 mil euros as obras que estão a decorrer no Serviço de Ginecologia – Obstetrícia do Centro Hospitalar do Oeste (unidade das Caldas).
Vitor Marques destacou as IPSS onde “temos no território uma oferta bastante significativa que também são muito importantes na área da saúde em que nós também damos o acompanhamento necessário”.
O presidente falou da falta de médicos de família no concelho que tem 51 mil habitantes e tem quase “20 mil utentes sem médico de família que é uma preocupação muito grande que muitas vezes subcarrega a resposta da urgência do hospital”.
Vitor Marques falou da “necessidade do novo hospital do Oeste e que seja um equipamento que dê resposta aos utentes com melhores condições”, referindo que “contam com os médicos jovens”.
António Curado presidente do Conselho Sub-Regional do Oeste da Ordem dos Médicos realçou o facto de estudantes de medicina “escolherem uma semana do vosso tempo para conhecerem as realidades profundas locais e as necessidades das populações”. O médico elogiou ainda os futuros profissionais de saúde por terem uma preocupação com a “medicina humanizada dando importância à proximidade aos utentes”. “A relação médico doente é o cérebro da nossa profissão”, concluiu.
“É das poucas regiões que vai ter um hospital novo”
Hélder Almeida do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) tentou atrair os jovens para o novo Hospital que será construído na região como uma grande “oportunidade de emprego para os futuros médicos”. “É das últimas oportunidades do futuro no país porque é das poucas regiões que vai ter um hospital novo ou pelo menos um investimento grande nessa área” revelou aos jovens, acrescentando que um hospital “novo hoje é uma unidade muito mais moderno do que era feito há dez anos atrás”. “Portanto, haverá uma expetativa grande para uma região que está a crescer e precisa de ter uma nova vida na área da saúde em termos de instalações”, referiu.
Segundo este responsável o problema das “instalações de uma unidade quando elas não são boas dificultam mais o trabalho do dia a dia”. “Devemos olhar para o futuro da medicina e a oportunidade que aqui haverá com novas instalações mais adaptada ao futuro da medicina”, salientou o responsável.
O elemento do Concelho de Administração do CHO disse aos estudantes de medicina que espero que o CHO constituído por três unidades hospitalares localizadas em Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras e que prestam cuidados de saúde a quase 300 mil pessoas, seja “o posto de trabalho de muitos vós”, revelando que fazem todos os anos “candidaturas para concursos”. Referiu ainda que, no verão, a região recebe milhares de visitantes e que o Oeste é uma zona muito procurada pelos estrangeiros aposentados que querem uma vida mais tranquila. Garantiu aos alunos que um hospital novo construído daqui a cerca de dois anos “será mais desenvolvido e diferenciado”. Apelou aos jovens a candidatarem-se às vagas existentes.
Hélder Almeida explicou ainda que para manter em funcionamento três urgências, uma básica e duas médico-cirúrgica, precisamos por ano “372 mil horas das quais temos que comprar ao exterior porque não temos médicos que assegurem”. “Se fossemos contratar médicos para assegurar as horas em falta nós precisamos de mais de duas centenas”, referiu, acrescentando que se fossem um hospital único e só tivessem uma urgência as necessidades não seriam estas.
Segundo este responsável, um dia útil no CHO são “647 consultas médicas, 318 não médicas, 472 atendimentos nas urgências e 27 cirurgias programadas, 6 cirurgias urgentes, 311 doentes internados, 9 internados em hospitalização domiciliária, 3 partos, 503 refeições, 1625 kilos de roupa lavada, 3558 euros em eletricidade e 656 em água. “Por aqui, consegue-se perceber os encargos e como é gerir uma instituição desta dimensão”, relatou.
Alexandra Cosme, em representação do Agrupamento de Centros de Saúde Oeste Norte (ACES Oeste Norte) disse aos futuros médicos que consegue ver nos seus olhos “o interesse e que aqui está o futuro”. “Quando se fala na proximidade ao utente nada mais próximo que os cuidados de saúde primários. Todos os níveis são fundamentais e nós temos uma boa relação com os cuidados hospitalares” referiu, revelando que a ACES Oeste Norte, tem cerca de 20 unidade onde dez delas são USF. “Nem todas são modelo B mas acho que encaminhamos para isso uma vez que a organização é melhor e permite prestar melhores cuidados à população”, revelou.
0 Comentários