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Entrevista a Mário Branquinho

 “Há quanto tempo não vou a um bom espetáculo?”

EXCLUSIVO

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O diretor do CCC, Mário Branquinho, fechou a programação de 2023 e vai iniciar em 2024 uma nova etapa mais ligada à criação, no fomento de residências artísticas e no serviço educativo. Está à frente do CCC há cerca de oito meses e fez ao JORNAL DAS CALDAS um balanço positivo dos seus primeiros meses. O responsável, considera que as Caldas da Rainha tem grande potencial com uma grande “pulverização de iniciativas culturais que são enriquecedoras para o concelho”. À par do dinamismo que se respira na cidade, desafia a população da cidade das Caldas a reforçar o hábito rotineiro de consultar a agenda do CCC, sempre disponível em papel, no site ou nas redes sociais. “Viver o tempo, ocupar a mente, desenvolver o conhecimento, estreitar relações, socializar e compreender práticas lógicas atuais”. É para Mário Branquinho o caminho, com a noção que há tempo para tudo, para o trabalho, lazer, cultura e família. Diz que o CCC é um “lugar de fruição que importa frequentar com tempo e sem pressa”.
O diretor que esteve à frente da Casa da Cultura de Seia, diz que Caldas da Rainha excedeu as suas

Entrevista a Mário Branquinho

JORNAL DAS CALDAS – Mário Branquinho, é desde 1 de dezembro o novo diretor geral e de programação do Centro Cultural e de Congressos (CCC) das Caldas da Rainha. Faz cerca de 8 meses que assumiu esta função. Qual o balanço?

Mário Branquinho – O balanço para já é francamente positivo. Na medida em que conseguimos empreender aqui um trabalho de equipa que, de certo modo, conseguiu construir uma programação para este ano de 2023. Está a ir ao encontro dos vários públicos nas diversas áreas artísticas, uma aposta na diversificação em várias atividades culturais, e que se tem revelado bastante positiva, por um lado, pela qualidade dos espetáculos, por outro lado, pela adesão também dos públicos. Isso para nós é muito importante.  Introduzimos também algumas roupagens, digamos assim, em alguns domínios e também entendemos que foi positivo. Por exemplo,  o “CCC Fora de Portas” que tem sido bem-sucedido e que vai ao encontro da comunidade em vários espaços. Para o ano, vamos alargar ainda mais a mais locais, fora do CCC.  Também resultou muito bem o diálogo que estabelecemos com os agentes culturais e as instituições da cidade, porque entendemos que uma estrutura cultural como CCC, deve dialogar permanentemente. Obviamente que o tem feito ao longo dos anos, mas incrementámos essa posição de conversa e de interação com as instituições e agentes culturais, para encontrar caminhos e para também estabelece empatia com os públicos e com as pessoas. Defendemos uma aproximação cada vez maior, até para que as pessoas da cidade, e não só, entendam este espaço como seu, para a fruição das artes.

J.C. – Mário Branquinho desenvolveu funções na Câmara de Seia, onde foi programador da Casa Municipal da Cultura.  Qual a razão desta mudança e deste desafio? Como foi a deslocação para as Caldas da Rainha?

M.B. – Ao fim de uns anos, as pessoas têm às vezes o desejo de partir para outra experiência, para outra atividade. No meu caso, não parti para outra atividade, segui a mesma função para uma dimensão maior. Na altura, concorri sem saber que ia ficar como é óbvio. Satisfez-me bastante ter sido selecionado num conjunto de cerca de 30 pessoas do país, que concorreram. Entendo que o júri deve ter atribuído isso à minha experiência e ao meu percurso de vida nesta área de programação cultural. Aceitei como é óbvio, porque numa circunstância destas, não podia ser de outra maneira.

Depois, quem parte para uma aventura destas, a partir de uma certa idade, é uma aventura ainda maior e tem sido muito positivo. Apesar de eu antes ter vindo à cidade das Caldas uma ou duas vezes em toda a minha vida, acabei por absorver bem o ritmo da cidade, a dinâmica, graças também à colaboração de um conjunto de pessoas.

 Hoje posso dizer que tem sido muito confortável. Identifico-me muito com a cidade e com a região. Tenho razões para estar satisfeito e destaco a colaboração de todos, como os próprios jornais das instituições, que também têm dado essa colaboração na integração e na absorção da dinâmica da cidade, que tem um enorme potencial, como eu disse no início e que se revela cada vez mais.

J.C. – Tinha uma ideia das Caldas da Rainha antes de mudar para esta cidade. Excedeu a expetativa ou ficou aquém do que estava à espera?

M.B. – Excedeu a expectativa, porque a cidade das Caldas da Rainha tem muito mais do que parece. Tem imenso potencial. Todos nós constatamos isso mesmo, os que vivem cá desde sempre, e há obviamente um caminho para andar.

Considero que existe um trabalho para fazer, sendo que há muita pulverização de iniciativas culturais que são enriquecedoras para a cidade. Importa embrulhar todo este conjunto de atividades, manifestações artísticas e culturais e dar-lhe dimensão nacional, para o tal fator de atratividade, que também importa, associando sempre uma componente turística para a afirmação da cidade num contexto nacional.

É sabido que as Caldas da Ranha se identifica com a parte cultural e artística, com a área da saúde, e no caso concreto, com o termal e a com água, e também com as questões do ambiente, porque tem um parque verde no centro da cidade. É neste triângulo que ela tem que se afirmar cada vez mais, e considero que está a dar sinais bastante positivos disso mesmo. É essa ideia que eu tenho, que é muito mais do que aquilo que eu pensava.

J.C. – Quais as maiores dificuldades e desafios que enfrentou quando assumiu esta nova função?

M.B. – As dificuldades são sempre próprias de quem tem a noção da responsabilidade.

Eu acredito, e sempre fiz a minha vida profissional um pouco naquele lema, que devemos pensar em grande. E como dizia um amigo meu, e à americana, mas, com os pés assentes na terra. Portanto eu estou a procurar fazer isso, tentando dar dimensão no conjunto de uma equipa, que está cada vez mais empenhada. Ou seja, a equipa do CCC, dos vários setores, está empenhada em dar fortes contributos. Como tudo na vida há várias etapas, e esta é uma etapa nova e diferente, não que seja melhor ou pior, mas com um caminho diferente.

J.C. – No dia 15 de dezembro decorreu uma cerimónia de apresentação de Mário Branquinho à cidade. Disse na altura, que queria potenciar através da cultura o equipamento, contribuindo para o desenvolvimento e para a valorização do território. Considera que está a conseguir, ou ainda há um longo caminho?

M.B. – Estamos a dar pequenos contributos, mas ainda há um longo caminho a percorrer, que é o que acontece com a generalidade das instituições e das estruturas da cidade. Depois, no tal conjunto de contributos, que se retira a tal mais valia para a cidade, para a sua afirmação no contexto regional e nacional. Só com o contributo de todos isso é possível.

O CCC está a dar o seu contributo de uma forma coletiva. Não é um diretor, mas uma equipa, que está a procurar dar o seu melhor sempre em articulação com o município. Essa parte é muito importante, porque seja em que domínio for das artes, da indústria, do mundo empresarial, social, cultural, turístico, é preciso sempre alinhar todas as estratégias. O município, que é a entidade máxima a quem compete uma orientação estratégica de desenvolvimento, neste caso de uma cidade e de um concelho. Portanto, nós também procuramos fazer isso. Um alinhamento com autonomia, que o CCC tem de programar, de fazer, de estimular, mas sempre nessa linha de articulação com a autarquia, mas também com escolas e instituições em geral.

J.C. –  O CCC tem desde maio deste ano uma nova imagem. O que mudou e qual o objetivo dessa mudança?

M.B. – De tempos a tempos, as instituições devem refrescar. Não é dizer que o que está para trás está mal, mas afirmar que chega uma altura que é preciso mudar. Há quem faça isso ao fim de 15 anos, 5 ou 30 anos. Nós entendemos que era uma altura razoável, e refrescámos, na contemporaneidade, aquilo que achamos que é uma linha diferente de cor de imagem e apelativo. Já que iniciámos uma etapa diferente e nova, achamos que a imagem também iria contribuir para este novo balanço que estamos a dar ao CCC. Considero que está a dar resultado. Ainda há alguns suportes que não saíram na cidade. A própria designação do Festival de Jazz, alterámos não porque estava mal, mas porque é diferente.  Agora temos “Dias do Jazz”, que é uma forma de criar impacto e ao mesmo tempo, também de ir ao encontro das pessoas. Por vezes despertamos os sentidos quando apresentamos coisas novas, e então é bom abrir a caixinha e ver o que é o projeto “Dias do Jazz”.

J.C. – Como está a decorrer a candidatura à Direção Geral das Artes (DGArtes) no âmbito do concurso de apoio à programação da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, que vai permitir a melhoria da qualidade com o financiamento de 50% da programação. Já há novidades em relação a essa candidatura?

M.B. – O CCC ainda não submeteu a candidatura porque ainda não abriu o concurso. Nós estamos a trabalhar nisso. Estava previsto que abrisse em junho, mas não aconteceu.

Estamos a apostar numa candidatura que vai dar apoio à criação.

A programação deste ano, foi muito caracterizada pelo acolhimento, e no próximo ano, vamos continuar com os espetáculos de várias áreas artísticas, mas vamos apostar muito mais no apoio à criação na área do teatro, da dança e da música. O valor da candidatura vai depender, mas nós pensamos candidatarmo-nos ao valor máximo que é 400 mil euros por ano (200 mil do CCC e 200 mil da DGArtes).

J.C. – Quer fazer do CCC uma referência cultural na região, país, mas também a nível internacional, com uma programação de qualidade, sempre numa lógica da sustentabilidade ambiental.

M.B. – Do ponto de vista Internacional, há várias formas de fazer essa afirmação. Por um lado, no acolhimento de projetos de produção artística de caráter Internacional, como sempre aconteceu no passado. Mas também, no acolhimento de congressos internacionais e nacionais, e é isso que estamos a procurar fazer em articulação com o município.

Este ano, vamos acolher o ART&TUR – Festival Internacional de Cinema de Turismo, que é uma iniciativa que conta com a presença de centenas de produtores e realizadores de cinema de turismo, de todo o mundo. A edição deste ano, realiza-se nas Caldas da Rainha, entre 24 e 27 de outubro, e é uma oportunidade para a promoção internacional da cidade.

Para além do Congresso do Termalismo, que vamos organizar este ano com a município, em setembro, há depois um Congresso Internacional da Cerâmica que terá lugar em 2024.

Tivemos o encontro nacional da DGArtes, e também tivemos aqui reunidos os agentes nacionais da Segurança Social.

Os congressos são muito importantes, porque dinamizam a restauração e hotelaria da cidade, e contribuem para a dinamização do tecido económico. Mas também tem que haver aqui resposta, porque a cidade está num ascendente de atratividade turística e entendo que faz falta às Caldas mais uma ou duas unidades hoteleiras de grande dimensão.

J.C. – O Jazz continua a ser celebrado na programação do Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha?

M.B. – Este ano, temos “Os Dias do Jazz”, com concertos em outubro e novembro, para prolongar a festa, e os encontros dos amantes deste género musical. A programação, contempla um concerto warm up, a 30 de setembro, desta vez com o Blues a anunciar o Jazz, já que estes dois estilos musicais norte-americanos, funcionam como veículos de demonstração intimista e se entrelaçam em manifestações singulares, e emocionalmente carregadas, especialmente durante a improvisação musical. Assim teremos, diretamente dos Estados Unidos da América, Pat “Mother Blues” Cohen, que durante anos cantou em Nova Orleans, incluindo o mítico House of Blues, e na Carolina do Norte.

Depois sim, vem o Jazz, a 12 de outubro (quinta-feira), subindo ao Grande Auditório do CCC, o Quarteto do Mar – de Mário Barreiros, com Ricardo Toscano, Carlos Barretto e Abe Rábade; a 13 (sexta-feira) será a vez de “Elas e o Jazz” (Joana Machado, Mariana Norton e Marta Hugon), e a 14 (sábado), a fechar este fim-de-semana, a Big Band da Nazaré com Cristina Maria, apresentará “Há Fado no Jazz”.

Depois em novembro, voltam os “Dias do Jazz” ao CCC, dia 10 (sexta-feira), com Manuel Oliveira Sexteto, com músicos que fundaram o projeto “Paco de Lucia Sextet”, e dia 11 (sábado) o programa fecha com chave de ouro, com Carmen Souza, cantora Caboverdiana, que tem seguido uma carreira internacional, que faz dela uma artista multipremiada e reputada em diversos circuitos.

Pelo meio, o programa contempla jam sessions, e outras atividades paralelas.

Este ano, estamos a desafiar os bares das Caldas, a proporcionar momentos, para que se viva este projeto não só no CCC, mas na cidade. O intuito, é haver o “after jazz” nos bares, e também aqui no café concerto, com opções pela noite dentro.

J.C. – Este ano o CCC vai receber a 25 de novembro o Caldas Fashion, com a atuação do Gospel. Uma passagem de modelos, evento do Jornal das Caldas, em parceria com o Município, ACCCRO e CCC, com as grandes propostas do nosso comercio tradicional, para o Natal e Reveillon,  ao som do maior espetáculo, a não perder?

M.B. – É sim um espetáculo maravilhoso a não perder, porque junta no mesmo espírito várias dimensões, como a moda, a vertente musical com o Gospel, mas também a lógica de solidariedade, porque tem um fim social. A própria articulação com uma associação de apoio ao comércio local também é muito positiva.

J.C. – Quem é o público do CCC? Gostava que os caldenses tivessem mais envolvimento com o Centro Cultural e de Congressos?

M.B. – Nós trabalhamos para vários públicos, e por isso,  também há uma dimensão eclética na programação que elaboramos.

Vai de uma dimensão, digamos assim, restrita, para uma dimensão quase muitas vezes, também comercial. Não seguimos uma perspetiva snobe, de que isto é só para intelectuais, mas também não enveredamos pelo facilitismo do grande espetáculo comercial. Há aqui lugar para tudo, e para todos as manifestações, apenas com uma condicionante, a qualidade. Não baixamos a fasquia da qualidade, porque entendemos que esse é um fator essencial do qual não abdicamos.

O objetivo é provocar inquietação positiva nos públicos, para que, as pessoas quando saiam de um espetáculo, não vão indiferentes. É essa a nossa marca, e o que queremos transmitir à cidade, freguesias, mas também para a região e o país.

Por vezes é importante perguntarmos a nós próprios, há quanto tempo é que não vamos a um espetáculo? A programação que proporcionamos, vai ao encontro da importância de viver o tempo, ocupar a mente, desenvolver o conhecimento, estreitar relações, socializar, compreender práticas e lógicas atuais. Este é o caminho com a noção de que há tempo para tudo, para o trabalho, lazer, cultura e família.

A par do dinamismo que se respira na cidade, importa reforçar o hábito rotineiro de consultar a agenda do CCC, sempre disponível, em papel, no site e nas redes sociais. Está lá tudo, não há desculpa, nem pelo desconhecimento, nem pela falta de tempo, já que um espectador emancipado é aquele que se informa e frequenta, sem perder essa rotina criativa espontaneamente.

Um cidadão informado, desperto e motivado é aquele que ganha hábitos culturais e frequenta lugares mágicos e inspirados como este. Ou não tivesse a programação cultural o poder de nos despertar e inebriar além de transformar a realidade social e promover reflexão crítica sobre temas diversos.

J.C. – Qual a sua estratégia para o CCC?

M.B. – Vamos fechar um capítulo no final deste ano, em termos de programação, e vamos iniciar outro no próximo ano, independentemente da candidatura ser ou não ser aprovada.

No próximo ano, vamos apostar mais no apoio à criação, no fomento de residências artísticas.

Vamos incrementar ainda mais o serviço educativo, e estamos já com parcerias, umas negociadas, outras ainda em fase de negociação, com estruturas do país. O próprio Centro Cultural de Belém (CCB),  vai trabalhar connosco nalguns programas e projetos de caráter educativo. Vamos também apostar em coproduções e com estruturas também do país em geral, com o teatro nacional de São João e outras estruturas de teatro e dança.

Uma aposta forte nos artistas emergentes e festivais de dimensão maior.

Quanto ao cinema dito alternativo, queremos incrementar sessões quinzenais à quarta-feira. Pretendemos ainda desenvolver uma mostra de cinema português.

diretor ccc 2

Os bilhetes para o Caldas Fashion com St. Dominic’s Gospel Choir já estão à venda no site do CCC

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