A Quinta das Janelas foi o espaço escolhido para acolher as atividades do Festival de Ópera de Óbidos, de 8 a 17 de setembro, celebrando a grandiosidade da ópera no feminino.
O Festival de Ópera de Óbidos, que marcou toda uma geração de profissionais e melómanos, esteve inativo nos últimos anos. A ABA – Banda de Alcobaça, associação de artes, na sua candidatura ao Apoio Sustentado da Direção Geral das Artes para o período 2023–2026, afirmou como um dos seus objetivos o ressurgimento deste evento, estabelecendo para o efeito uma parceria estratégica com o Município de Óbidos. Pretende-se dar uma nova vida ao Festival de Ópera de Óbidos, dotando-o de condições para que possa ambicionar um futuro sustentável e com capacidade de crescimento, contribuindo para colocar Portugal no circuito global de ópera, com a participação de artistas de renome.
“Temos a ambição de transformar Óbidos num laboratório de ideias criativas nos campos da encenação, interpretação musical e ligação aos públicos, bem como um espaço para a descoberta e afirmação de talentos, dotando este festival de uma ambição internacional, fazendo de Portugal um centro de produção e circulação de ópera com alcance global, impulsionando o turismo cultural”, manifesta a organização.
As atividades do festival estendem-se desde agosto, ainda em Lisboa e no Porto, onde decorrem ensaios e os trabalhos de preparação das óperas, até meados de setembro, altura em que serão apresentados os espetáculos.
O espaço da Quinta das Janelas, em Vale das Flores e a poucos metros do Convento de São Miguel, é um “local mágico e cheio de história que inclui um palacete do século XVI, um conjunto de lagares, adegas, um picadeiro e um chafariz”. Nesta quinta é ainda possível ver a Capela da Nossa Senhora do Desterro e uma nascente de águas sulfurosas (antigamente denominadas Caldas das Gaeyras). Incorpora a antiga Quinta das Flores, onde a Rainha D. Leonor ficava quando se deslocava às Caldas.
Vários espetáculos
No Festival de Ópera de Óbidos será celebrada “a força, a expressão e a resiliência das mulheres através da ópera”. As personagens icónicas e desafiadoras de Donna Anna, Donna Elvira e Zerlina (Don Giovanni), Serpina (La Serva Padrona), Elle (A Voz Humana), Carmen (Carmen) e Violetta (La Traviata) “permitem-nos explorar a perspetiva feminina através de performances impactantes e atividades inspiradoras, com um conjunto de artistas de topo”. Procura-se assim “inspirar um futuro mais igualitário através da arte”.
No dia 8 de setembro, às 21h, têm lugar duas récitas de La Serva Padrona, ópera em dois atos (intermezzi) de Giovanni Battista Pergolesi, e libreto de Antonio Federico Gennaro, a partir de uma obra de teatro homónima de Jacopo Angelo Nelli.
Do elenco constam Carla Caramujo, soprano, Luís Rodrigues, barítono, João Merino, barítono, José Carlos Araújo, no cravo, com a Orquestra La Nave Va.
No dia 9, pelas 21h, tem lugar A Voz Humana, de Francis Poulenc, e libreto de Jean Cocteau. Do elenco constam Marília Zangrandi, soprano, e Rodrigo Teixeira, no piano.
No dia 10, pelas 17h, regressam A Voz Humana e La Serva Padrona, num “double-bill” de ópera, com segundo espetáculo às 19h.
Don Giovanni, ópera em dois atos de Wolfgang Amadeus Mozart e libreto de Lorenzo da Ponte, dá azo a duas récitas, no dia 15, às 21h, e no dia 17, às 17h. Do elenco fazem parte Christian Lujan, barítono, José Corvelo, barítono, a caldense Rita Marques, soprano, Sílvia Sequeira, soprano, João Pedro Cabral, tenor, Bárbara Barradas, soprano, Luís Rendas Pereira, barítono, Jeroboám Tejera, baixo, Pedro Lopes, no cravo, o Coro do Festival de Ópera de Óbidos e a Orquestra Filarmónica Portuguesa.
O programa do dia 16, pelas 21h, apresenta uma gala com uma perspetiva sobre as personagens femininas de três grandes óperas — Carmen de Bizet, La Traviata de Verdi e Rigoletto, também de Verdi. A gala inclui ainda a referência a outra ópera que conta com mais uma grande personagem do panteão feminino da ópera. É Eugen Onegin, de Tchaikovsky, de que ouvirá a exuberante Polonaise.
Por fim haverá ainda espaço para a idílica canção com coro do Sonho de Uma Noite de Verão, de Felix Mendelssohn, o intermezzo da Cavalleria Rusticana de Mascagni e o brinde de La Traviata.
Do elenco constam Carla Caramujo, soprano, Cátia Moreso, meio-soprano, Luís Gomes, tenor, Luís Rodrigues, barítono, o Coro Infantil do Festival de Ópera de Óbidos e a Orquestra Filarmónica Portuguesa.
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