A luta pelo novo hospital, apesar de anunciada a localização no Bombarral, ainda vai durar, perante as ações de contestação em curso em Caldas da Rainha, o que tem merecido críticas das populações da região Oeste, que consideram ser “egoísta” a postura caldense.
As palavras são duras e revelam uma divisão profunda que se está a criar na região face às iniciativas que mostram que a cidade está “de luto” pela opção escolhida. É nas redes sociais que o sentimento de discórdia é visível, com imensos comentários em que uns aplaudem o protesto encabeçado pela Câmara das Caldas e outros lamentam a postura da autarquia caldense.
É notório que o assunto é o tema do momento na região e está a causar divergência. Susana Silva afirma que “um hospital central”, que no seu entender foi a escolha decidida, “favorece todos e ninguém sai a perder”, acusando quem continua a defender a localização em Caldas da Rainha/Óbidos de “só pensarem no próprio umbigo”.
Estela Oliveira sublinha que “o povo do Bombarral também teve de se deslocar a Caldas quando precisou de ir ao hospital. Qual é agora a diferença?”.
Frederica Sousa diz que “basta olhar para o mapa da região Oeste e percebe-se o racional de uma instalação na zona do Bombarral. Tudo o que tenho assistido por parte dos municípios vizinhos parece-me falta de sentido comunitário”. “O hospital é para o Oeste e não só para Caldas”, comenta António Santos.
“Como utente quero é que o hospital seja construído o mais rapidamente possível porque as infraestruturas atualmente existentes na zona Oeste já não têm capacidade de resposta. Pessoalmente tenho de percorrer 20 a 30 minutos até ao hospital e vou ter que continuar a percorrer. Pensemos mais no coletivo. Não é possível termos todos um hospital à porta de casa”, declara Filipa Pedro.
Ana Cristina ironiza: “Se calhar temos que repensar a escolha quando precisarmos de fazer compras em Caldas da Rainha. Podemos sempre ir a outros concelhos”.
Célia Fialho recorda que em Torres Vedras “antes de se saber que o hospital iria para o Bombarral, um determinado partido político criou outdoors a dizer “Torres Vedras não é o Bombarral´”.
Vanda Henriques sustenta que “a construção de um centro hospitalar é um bem comum para os oestinos, independentemente da sua localização. Lutemos é para que realmente seja construído”. ”Com estas atitudes, Caldas da Rainha está cada vez mais isolada no Oeste, é isso que querem?”, interroga.
Amílcar Silva acha que “o que vai acontecer com tanta guerrilha é o hospital levar o mesmo caminho do aeroporto. Enrola e enrola. E não vai para lado nenhum”. “Não podem fazer um hospital em todo o lado. Claro que alguém tem de ficar mais prejudicado. Mas se calcularem a distância entre o Hospital de Santa Maria em Lisboa e o Santo André em Leiria, dividam a distância a meio e vejam onde fica. Bombarral”, aponta.
“Nós, caldenses, é que decidimos se vale a pena lutar ou não”, contesta Fátima Isaque. “Era o que faltava, os caldenses aceitarem de ânimo leve esta decisão. De resto, a única coisa incompreensível é não aceitar a revolta”, declara David Garcez.
Francisco Ferreira lembra que “Caldas tinha o Hospital Distrital”. Luís Romão alerta que “este movimento é sobre não fechar o atual hospital”. “Caldas vai lutar para que o nosso hospital não feche as portas”, indica Fernanda Hilário.
Celeste Rodrigues, que vive em Caldas da Rainha, até não se importa de “dividir o mal, em vez de virem todos aqui sobrecarregar o nosso hospital”, mas defende: “Abram outro mas deixem o nosso a funcionar”.
No meio do rol de comentários, há quem pergunte: “E como fica Peniche?”. A resposta não é de fonte oficial e por isso não se consegue clarificar, mas fica a dúvida popular: “Se calhar [o hospital ou a urgência básica] também fecha”.
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