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Médicos de Leiria não querem aceitar utentes transferidos das Caldas

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A equipa médica do Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria (CHL) não aceita a transferência de utentes do Serviço de Obstetrícia (internamento, bloco de partos e urgência obstétrica) do Hospital das Caldas da Rainha.
Médicos do hospital de Leiria alegam falta de capacidade de assistência

A equipa médica do Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria (CHL) não aceita a transferência de utentes do Serviço de Obstetrícia (internamento, bloco de partos e urgência obstétrica) do Hospital das Caldas da Rainha.

Num abaixo-assinado, os trinta médicos apontam que não é possível assegurar a assistência perante o aumento da procura, na sequência do encerramento temporário, entre 1 de junho e final de outubro deste ano, do Serviço de Ginecologia/Obstetrícia da unidade das Caldas da Rainha do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) devido a obras de requalificação, o que obriga a que o internamento, bloco de partos e urgência obstétrica tenham de ser assegurados pelo CHL.

Segundo a agência Lusa, os médicos da Pediatria do CHL exigem o fecho da Urgência Pediátrica no período noturno e do bloco de partos, dado “não ser possível assegurar a assistência aos partos distócicos ou a qualquer emergência de reanimação neonatal”, e que não seja aceite a atividade obstétrica do Hospital das Caldas da Rainha.

Querem também que quando nos turnos haja indisponibilidade de elementos para escala e fique apenas um pediatra, seja encerrada a Urgência Pediátrica “a todas as admissões externas”, a partir das 20h00, “de forma a garantir os cuidados adequados e em condições de segurança para os doentes internados”.

Defendem igualmente que “todas as grávidas com condições de transferência” devem ir para outras unidades hospitalares.

O secretário regional do centro do Sindicato Independente dos Médicos, José Carlos Almeida, revelou que “os médicos pediatras já cumpriram quase todos as 150 horas extras [anuais] a que estão obrigados por lei”.

“Em junho de 2022 foram 122 partos e em junho de 2023 estamos a falar em mais de 220 partos”, adiantou, frisando que os partos não precisam apenas de obstetras e de enfermeiros. “Também necessitam de pediatras para assegurar não só a neonatologia, o berçário e qualquer situação de emergência que possa surgir”, vincou.

“Com o número de pediatras de que dispõe e a sobrecarga de trabalho, [os pediatras] já estão a trabalhar atualmente no limite”, realçou José Carlos Almeida, fazendo notar que para agosto, “neste momento, há cerca de 30 buracos na escala para especialistas [considerando turnos de 12 horas] e 14 buracos na escala referente aos internos”.

O conselho de administração do CHL garantiu que “não há motivo de alarme” e que “a resposta às necessidades dos utentes do serviço de ginecologia/obstetrícia e da urgência pediátrica tem sido assegurada como habitualmente”.

Esclareceu que “a escala deste mês da urgência pediátrica está completa e estão a ser finalizadas as escalas dos meses seguintes” e indicou ainda que “o acordo com o CHO, com o reforço e integração de profissionais de saúde da área de ginecologia/obstetrícia nas escalas do CHL, tem decorrido dentro da normalidade”.

Para suprir o encerramento temporário da maternidade em Caldas da Rainha, no âmbito da planificação de verão da operação ‘Nascer em Segurança no Serviço Nacional de Saúde (SNS)’, de acordo com o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, o Hospital de Leiria “funcionará de forma ininterrupta sete dias por semana, sem períodos de contingência, e será reforçado com recursos humanos (médicos e enfermeiros) e equipamentos”, nomeadamente oriundos do CHO.

Nas Caldas da Rainha a atividade assistencial do Serviço de Obstetrícia está suspensa, não recebendo novas utentes. Contudo, as consultas externas de ginecologia e de obstetrícia continuam a funcionar com normalidade nas instalações do CHO.

A administração do CHO sublinhou que este Serviço “nunca foi intervencionado em termos de obras de fundo”, apontando que a requalificação e aquisição de novos equipamentos traduzem-se num investimento global de 1,2 milhão de euros. As obras visam “melhorar as condições de qualidade, conforto e segurança para utentes e profissionais de saúde”.

A requalificação do bloco de partos vai dotar a unidade com quartos individuais, onde a parturiente permaneça durante o trabalho de parto, parto e recuperação pós-parto.

Entre os investimentos mais relevantes, destaca-se a aquisição de ecógrafo para obstetrícia, ventiladores neonatais de transporte, CTG, doppler fetal, cama de parto, berços e monitores multiparamétricos para grávidas e neonatais, reforçando a vigilância do bem-estar materno-fetal.

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