O novo hospital do Oeste vai ser construído na Quinta do Falcão, no Bombarral, num prazo estimado de cinco anos, anunciou na passada terça-feira o ministro da Saúde, Manuel Pizarro. A decisão foi comunicada numa reunião com os doze presidentes das câmaras do Oeste, na sede da Comunidade Intermunicipal do Oeste, nas Caldas da Rainha.
“Há um acordo muito significativo, que não é unânime nem precisa de ser, a favor de uma localização no Bombarral, no centro geográfico da região, com uma belíssima acessibilidade rodoviária”, disse o governante, acrescentando que “o terreno que selecionámos está a dois minutos da autoestrada A8 que atravessa toda a região Oeste e está a menos de 4 minutos de uma estação de caminho de ferro”.
Segundo Manuel Pizarro, o novo hospital vai ter cerca de 480 camas de grande dimensão com praticamente todas as especialidades médicas. “Vai passar a ter, por exemplo, uma urgência de psiquiatria e um laboratório para os exames de intervenção cardíaca urgentes, cuja capacidade de resposta vai aumentar muito”, relatou.
“Não há nenhuma dúvida de que a população do Oeste merece um hospital muito mais diferenciado e de muito maior dimensão”, salientou, referindo que o terreno no Bombarral, que é propriedade da autarquia local, tem “boa acessibilidade rodoviária para todas as circunstâncias de emergência e belíssima acessibilidade ferroviária para todos os outros doentes que venham procurar o hospital”.
“Só é possível transformando o atual centro hospitalar, com várias unidades dispersas em várias cidades, num único edifício que tenha uma certa centralidade e que permita a concentração de serviços”, adiantou.
O ministro da Saúde anunciou ainda que agora vão estudar o “modelo de financiamento, que tem duas alternativas”. “Podemos optar por uma parceria público-privada, que é o sistema no qual vai ser construído o novo hospital de Lisboa Oriental e o novo Hospital Central do Algarve, ou podemos optar por uma solução baseada no orçamento de Estado, e em setembro ou outubro logo que o estudo esteja pronto queremos anunciar o lançamento de concurso e projeto, conforme o método selecionado e mais vantajoso”, adiantou.
Quanto à região estar vazia de respostas na área da saúde, Manuel Pizarro referiu que uma vez que a “construção de um novo hospital é um processo que demorará alguns anos, porque só a construção em si demorará cerca de dois a três anos, e é preciso chegar a esse momento em que a obra arranque, nós vamos não apenas investir já na melhoria das condições das duas unidades hospitalares, Torres Vedras e Caldas da Rainha como vamos constituir um grupo com o envolvimento dos municípios para dar uma utilização futura àqueles equipamentos”.
No caso das unidades das Caldas da Rainha e Torres Vedras, o ministro adiantou que “sem prejuízo desse trabalho que vai ser feito continuará a haver serviços de proximidade, serviços de meios complementares de diagnóstico terapêutico, serviço de medicina física e de reabilitação e se desenvolverão novas respostas como os cuidados continuados que são tão necessários de retaguarda hospitalar”. “Continuará a haver nestas duas cidades serviços do SNS (Serviço Nacional de Saúde) baseados nos atuais edifícios”, garantiu.
Quanto aos instrumentos de planeamento e ordenamento do território que apontavam que o novo hospital tinha que ser construído nos centros urbanos regionais (Caldas ou Torres Vedras) o ministro explicou que “os instrumentos de planeamento são muito úteis, mas de forma a podermos caminhar de frente e não podem servir como uma amarra para comprometer uma solução que é visível”. “Nisto acho que estamos todos de acordo que uma solução que conduzisse à colocação desse novo Hospital no extremo sul ou no extremo norte da região inviabilizaria uma solução única e só esta solução é que nos vai permitir fazer um hospital com uma nova ambição”, salientou.
Questionado sobre o parecer do grupo de trabalho para decidir localização do futuro hospital do Oeste, coordenado pela antiga ministra Ana Jorge, o governante referiu que decidiram “respeitar o parecer desse grupo de trabalho que fez uma avaliação muito exaustiva e também teve o peso o facto de se tratar de um terreno de cerca de 50 hectares que virá para o ministério da Saúde, sem nenhum encargo financeiro, porque é da câmara Municipal do Bombarral”.
Quanto aos serviços primários da região que têm falta de médicos de família, o ministro disse que há um conjunto vasto de medidas que em articulação com o SNS e as câmaras municipais “vão permitir que nos próximos meses que nós caminhemos para melhorar a situação”.
Reação dos autarcas
O presidente da câmara do Bombarral disse à imprensa que “é um grande dia para o Oeste, que ganha com o anúncio do hospital novo”. Afirmou que Bombarral está “preparado para trabalhar com Ministério da Saúde e para que de facto se construa este hospital o mais rapidamente possível”. “Ainda ontem apresentámos o programa estratégico do Bombarral 2030 onde todos os serviços para receber estar unidade estão elencados”, referiu, garantindo que todo o terreno da Quinta do Falcão é da autarquia.
A decisão não é apoiada pelos autarcas das Caldas e de Óbidos, que defendiam uma localização alternativa em terrenos dos dois concelhos.
O presidente da autarquia das Caldas disse que vão continuar a “manifestar aquilo que sentimos neste processo e não nos vamos resignar a esta posição, que irá seguir os seus caminhos em democracia, como eu me revejo”.
Vitor Marques apontou que o ministro da Saúde não falou da população de “Rio Maior e das freguesias de Alcobaça que irão provavelmente para Unidade Local de Saúde de Leiria”.
“Não gostaria de aqui a alguns anos dizer que não foi uma boa solução. Uma posição baseada em régua e esquadro não é a melhor forma para decidir um equipamento que custa mais de 250 milhões de euros ao Estado”, apontou.
No entanto, disse que ficou satisfeito com o anúncio do novo hospital para o Oeste, “com uma maior dimensão do que estava previsto”.
O presidente da câmara de Óbidos, Filipe Daniel, sustentou que “foi uma decisão política que já tinha sido tomada há muito tempo”. Lamentou que houve argumentos que não foram considerados, como a questão da ferrovia, em que “a nossa é contígua e o nosso terreno é plano e tem 65 hectares”.
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