A Mostra Mercado da Cerâmica 2023, que decorreu de 16 a 18 de junho, no Parque D. Carlos I (Parque das Bicicletas), contou com a participação de mais de trinta e cinco ceramistas e artesãos que mostraram e venderam os seus trabalhos, partilhando a sua arte e criatividade com as centenas de pessoas que visitaram o evento. Iniciativa criada no âmbito das Caldas da Rainha Cidade Criativa da UNESCO, do Artesanato e das Artes Populares, foi organizada pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha.
A 2.ª edição mais alargada teve como cidades convidadas Barcelos, Cidade Criativa do Artesanato e das Artes Populares, e Covilhã, Cidade Criativa do Design.
Barcelos esteve representado por dois ceramistas e Covilhã contou com a participação especial do New Hand Lab, que trouxe a arte dos novelos e tecidos.
A iniciativa este ano contou ainda com a presença do Laboratório de Experiências, dinamizado pelo Cencal, onde os mais pequenos puderam brincar com o barro e experimentar a roda de oleiro.
A Associação de Bordados das Caldas também esteve representada nesta mostra.
Para além do mercado, ao longo de três dias houve concertos (Raia, Amor Vivo e Adufeiras de Idanha-a-Nova) e animação de rua (Companhia Seistopeia).
O evento teve abertura oficial na passada sexta-feira, precedida pela inauguração da exposição “Ceramistas da Mostra Mercado”, na Casa dos Barcos, no Parque D. Carlos I.
A caldense responsável pela loja do Sr. Jacinto Cláudia Henriques fez a curadoria da exposição. Referiu que foi um trabalho gratificante e que a ideia principal foi “não dar destaque a um ceramista, mas colocar todos em pé de igualdade, trazendo um pouco do parque para a Casa dos Barcos”. A exposição coletiva está patente até 9 de julho.
A abertura da exposição contou com a presença do presidente da Câmara, Vitor Marques, do vice-presidente, Joaquim Beato, da vereadora da cultura, Conceição Henriques, a quem se juntaram a vereadora da cultura da autarquia de Barcelos, Elisa Braga, a vereadora da cultura da Câmara da Covilhã, Regina Gouveia, bem com diversas entidades locais.
Vitor Marques recordou a crise da indústria cerâmica com a falência das grandes fábricas no início dos anos 2000. “A indústria tinha uma pujança alta em que havia mais de três mil trabalhadores de cerâmica e hoje temos 400”, contou, acrescentando que “perdemos a quantidade do passado, mas ganhámos na criatividade e design com uma aposta na cerâmica de autor”.
O autarca destacou as ligações entre os municípios, que trazem uma “união e força ao evento”.
O presidente salientou que em outubro de 2024 a cidade das Caldas vai receber o congresso da Academia Internacional de Cerâmica. Garantiu que vão continuar a fazer esta mostra, contando com parceiros para “dinamizar e dar a conhecer a cerâmica que temos”. Falou ainda da importância de capacitar a parte comercial porque a “maioria dos ceramistas vive desta arte”.
“Atividades económicas vão beneficiar”
A vereadora da cultura disse que no futuro gostavam de alargar mais a Mostra Mercado da Cerâmica e que é um processo que passa por uma “preparação e boa maturação e sobretudo por estarmos muito alerta às coisas que correm melhor e pior nesta edição”.
Para Conceição Henriques, as “atividades económicas de uma cidade, sejam elas de que natureza, for vão sempre beneficiar se estiverem ancoradas no saber da ciência e da criatividade”. “E daí que Caldas da Rainha conta com dois pilares fundamentais que são o Cencal e a ESAD.CR que conferem a esta cidade um ambiente extraordinariamente rico de respeito à formação, seja profissional seja superior”, adiantou.
“Um território assente na produção sem que esteja acompanhado do esforço da modernização, valorização pela ciência, pela criatividade e design não estará num bom caminho”, salientou.
Segundo a autarca, Portugal tem “nove cidades criativas e acredito que Portugal tem as duas cidades criativas mais próximas do mundo, que é Caldas da Rainha e Óbidos”.
A vereadora trouxe para representar a Covilhã, “a cidade do design, o New Hand Lab, que está num edifício que foi uma fábrica têxtil e hoje é uma fábrica de criatividade que tem vários artistas residentes e que constituem um ecossistema dentro deste edifício de criação, sobretudo ligada ao fio e ao tecido”. Segundo Elisa Braga, “quando pensamos uma cidade criativa é fazermos pontes e ligarmos o fio e lã às tradições, história e também à criatividade e inovação”.
A vereadora da cultura da autarquia de Barcelos destacou este tipo de colaborações fazendo um trabalho comum que é a “afirmação do artesanato”.
O orçamento da Mostra Mercado da Cerâmica foi de 35.500 euros. Segundo Conceição Henriques, o valor contempla “várias aquisições por parte do município, como as tendas e a sua iluminação, cujo equipamento servirá para outras iniciativas e terá outras utilizações, otimizando assim os recursos municipais”.
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